foto - Christophe Simon/AFP/Getty Images
Dilma: “Ou se paga passagem ou se paga imposto” e “O meu governo vai disputar as ruas”
Por Vera Rosa, no Estadão:
Em reunião com dirigentes de cinco centrais sindicais, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que “não existe tarifa zero” no transporte coletivo, detalhou os planos para conter a onda de protestos no País e afirmou estar disposta a entrar em campo para pôr os pingos nos ‘is’ nessa luta política. “O meu governo vai disputar a voz das ruas”, afirmou Dilma aos sindicalistas.
Em reunião com dirigentes de cinco centrais sindicais, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que “não existe tarifa zero” no transporte coletivo, detalhou os planos para conter a onda de protestos no País e afirmou estar disposta a entrar em campo para pôr os pingos nos ‘is’ nessa luta política. “O meu governo vai disputar a voz das ruas”, afirmou Dilma aos sindicalistas.
Sem ser
interrompida durante 35 minutos, ela disse respeitar as manifestações,
mas admitiu temer a ação de grupos com outros interesses que não os de
movimentos pacíficos. Ao citar a redução do preço das passagens de
ônibus, metrô e trens metropolitanos nas principais capitais, Dilma
disse que o transporte gratuito é inviável. “Não existe tarifa zero: ou
se paga passagem ou se paga imposto”, insistiu.
A
presidente pediu apoio aos sindicalistas para a proposta de convocação
de um plebiscito, com o objetivo de ouvir o que a população quer mudar
no sistema político. A ideia rachou o movimento sindical. A presidente
também não conseguiu convencer os dirigentes a suspender a greve geral
marcada para 11 de julho e muitos deles deixaram o Palácio do Planalto
sem esconder a irritação com o que chamaram de “reunião para inglês
ver”.
“O
controle da inflação é primordial. Mas a consulta popular para fazermos
avançar a reforma política também é”, argumentou Dilma, de acordo com
relatos dos participantes do encontro. Para a presidente, é preciso
bater nessa tecla agora para que as mudanças entrem em vigor na eleição
de 2014, quando ela disputará o segundo mandato.
Dilma e a
cúpula do PT defendem o financiamento público de campanha, sob o
argumento de que essa é a melhor forma de coibir o abuso do poder
econômico. O problema é que não há consenso em torno da proposta nem
mesmo na base aliada do governo no Congresso. “A corrupção é um crime
hediondo e nós precisamos enfrentar isso”, afirmou Dilma, ao lembrar um
dos pontos do pacto lançado pelo Planalto em resposta à onda de
protestos.
Acuado
pelas manifestações, o Senado aprovou na noite desta quarta-feira o
projeto que transforma a corrupção em crime hediondo. O texto, agora,
seguirá para a Câmara.
Ao
levantar essa bandeira, o PT também quer construir uma agenda positiva
num momento em que os réus petistas do mensalão aguardam julgamento de
seus recursos, por parte do Supremo Tribunal Federal, na tentativa de
diminuir suas penas. Embora dirigentes e parlamentares do PT estejam
insatisfeitos com a “centralização” do governo Dilma, a intenção do
partido é virar a página da crise e definir uma estratégia para se
reaproximar dos movimentos sociais.
O encontro
de Dilma com os sindicalistas acabou tenso porque ela levantou e foi
embora depois que todos os inscritos externaram sua opinião sobre os
problemas do País. “Foi mais uma reunião para ouvir os planos
mirabolantes da presidente. Saímos daqui como sempre saímos: sem
encaminhamento de nenhuma das nossas reivindicações”, criticou o
deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
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