Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vem pra rua, D. Dilma

Conversando com ela: “Vem pra rua, D. Dilma”

Em diálogo franco fictício, colunista aconselha presidenta a descer a rampa do Planalto para entender e dar as respostas corretas às vozes que vêm das ruas
por Eduardo Fernandez
– Pois é, Dona Dilma, por que a senhora não vem pra rua, também?
– Ora, Eduardo, no meio dessa confusão toda você vem com brincadeira?
– Não é brincadeira; estou falando sério, mas em sentido figurado. Claro que não acho que a senhora deveria pintar o rosto de verde e amarelo e ir para a rua, segurando uma faixa “Fora, Dilma”. Aliás, ninguém está pedindo isso! Mas que a senhora deveria vir pra rua, ou levar a rua para o Planalto, isso eu acho, sim!
– Não estou entendendo; afinal, você acha que eu deveria ou não ir pra a rua?
– No sentido figurado, sem dúvida! Seria a melhor maneira de entender a voz das ruas e poder dar respostas corretas.
– Mas como eu poderia fazer isso? A segurança não permitiria, pois haveria riscos sérios, e afinal o Planalto faz pesquisas frequentes…
– Engraçado, né? Com toda a ciência e sapiência das pesquisas nenhum assessor a alertou sobre a explosão?
– Bem, as pesquisas não podem tudo… e ninguém previu!
– Ninguém previu o momento, como também não se pode prever a hora exata em que uma bolha econômica, ou mesmo uma de sabão, vai explodir; o que se sabe é que todas acabam por explodir!
– Mas o Brasil ia tão bem! Desemprego baixo, a economia crescendo, a inflação sob controle…
– Como é, Dona Dilma?
– Bem, o desemprego continua baixo e estamos lutando para reduzir a inflação…
– É; investindo em projetos malucos e adiando aumentos de preços?!?! Fazendo estádios e trem bala e deixando a educação e a saúde pra lá? E se o IBGE passar a medir o desemprego no Brasil inteiro, e não apenas em meia dúzia de regiões metropolitanas, o quadro pode ser bem diferente, não é?
– Mas sempre foi assim!
– Esse é o problema, Dona Dilma! Sempre foi assim e é preciso mudar MUITO!!!
– Mas estamos mudando este país!
– Não é com o apoio governamental à PEC 37 que se vai atender a uma das principais solicitações, o combate à corrupção, a senhora não acha?
– Mas se todo mundo investigar vira uma bagunça…
– Pelo contrário; a bagunça se instalou porque pouca gente investiga e, de mais a mais, poucos condenados vão para a prisão! Por que a senhora não conversa com o STF e vê se acelera botar os mensaleiros na cadeia? Isso agradaria muito às ruas!
– Temos que respeitar as leis, não é assim.
– E quem disse para desrespeitá-las? É só ver como se pode fazer para acelerar o processo.
– Eduardo, você quer me complicar?
– Pelo contrário, Dona Dilma, estou tentando ajudar.
– Nós já anunciamos medidas como a importação de milhares de médicos para melhorar a saúde…
– Pois é, Dona Dilma, soluções fáceis para problemas complexos normalmente são equivocadas… A senhora acha, sinceramente, que bastam três ou quatro mil médicos a mais para a saúde melhorar?
– Bem, pelo menos será um primeiro passo… e no momento atual eu precisava dizer algo!
– Pois é, Dona Dilma: o problema é que de passo em passo chegamos à explosão atual; há que mudar a direção, tomar outro caminho e experimentar várias soluções… O dinheiro do trem bala, por exemplo, poderia ser mais bem empregado em transporte público, não acha? Ao invés de o BNDES dar dinheiro para “ajudar” o Eike ou o Friboi, o banco poderia investir, por exemplo, no desenvolvimento da tecnologia, da produção e venda de bicicletas elétricas. Assim, estaríamos mudando de rumo…
– Eduardo, estão me chamando… parece que há problemas noutra cidade…
– Noutra cidade não, Dona Dilma: em todas… Boa sorte, pense no que eu disse…
 

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