Novos hábitos refletem no aumento de casos de câncer de mama
Tipo é o segundo de maior incidência no mundo, perdendo apenas para o de pele; Brasil pode ter 52 mil novos casos neste ano
Segundo
tipo com maior incidência em todo o mundo, o câncer de mama tem
invadido cada vez mais lares e famílias brasileiras. Somente para este
ano são esperados 52.680 novos casos em todo o País — 3,4 mil a mais do
que dois anos atrás. A neoplasia (tipo de câncer) fica atrás somente do
câncer de pele em número de incidências e é o que mais acomete mulheres
em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Dentre as razões para o aumento da incidência, o mastologista Dr. José
Roberto Filassi, coordenador de mastologia do Instituto do Câncer do
Estado de São Paulo (Icesp), aponta a adoção de novos hábitos e estilo
de vida.
— A incidência vem aumentando nos últimos anos e algumas razões tentam
explicar isso: hoje as mulheres engravidam mais tarde e amamentam menos.
Além disso, tendem a ter maior índice de obesidade, ingerem mais
bebida alcoólica e consomem mais alimentos industrializados.
Além disso, existem os fatores de risco para o câncer de mama, que estão
ligados a aspectos hormonais, genéticos e idade. Assim, correm mais
risco de desenvolver a doença mulheres que tiveram a primeira
menstruação antes dos 12 anos, aquelas que entraram na menopausa após os
50 anos, quem teve a primeira gravidez após os 30 anos, aquelas que
passaram por terapia de reposição hormonal pós-menopausa por mais de
cinco anos, ou mesmo quem passou por radioterapia antes dos 40 anos.
Vale lembrar que histórico familiar, principalmente em parentes de
primeiro grau antes dos 50 anos, podem indicar predisposição genética.
No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam
elevadas, em parte porque a doença ainda é diagnosticada em estádios
avançados. Em 2010, a doença foi responsável por 12.852 mortes, sendo
12.705 mulheres e 147 homens, que também podem ser surpreendidos pela
doença. Especialistas alertam que quando mais cedo o diagnóstico for
feito, maiores são as chances de cura.
A prevenção, ferramenta que pode ajudar a reverter esses índices, é
dividida em dois tipos. “Na prevenção primária, com a qual reduzimos o
risco de a mulher desenvolver a doença, aconselhamos uma alimentação
balanceada, evitando excessos e sobrepeso, assim como a bebida
alcoólica. Além disso, a atividade física regular quatro vezes por
semana é essencial. Já a prevenção secundária, ou seja, quando o câncer
já existe e é detectado na fase inicial, é feito através do exame
mamografia”, explicou o mastologista Dr. Ruffo de Freitas Jr., diretor
da Escola de Mastologia da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), ao
lembrar que o recomendado é todas as mulheres acima de 40 anos fazerem o
exame anualmente.
Alteração das células
Ainda um mistério para a medicina, o câncer de mama ocorre por uma
alteração das células que têm uma mudança em seu núcleo, mais
especificamente em seu DNA. Essa alteração faz com que elas se tornem
atípicas e não “obedeçam mais às ordens” para tarefas que costumavam
exercer na região. Assim, elas destroem as células vizinhas e tiram as
forças da paciente. Recentemente, uma nova classificação dividiu o
câncer de mama em quatro subtipos — HER2 amplificado, Luminal A, Luminal
B e basal —, além de ter encontrado semelhanças com a neoplasia que
atinge o ovário.
As chances de cura, alertou o Dr. Freitas Jr., são altas, mas dependem
de três fatores: o estágio em que foi diagnosticado, agressividade do
tumor e tipo do tratamento feito:
— Deve-se sempre pensar se aquele tipo de tratamento é adequado ou não
para o caso. Lembrando que tratar o câncer de mama é uma missão
multidisciplinar e envolve mastologista, oncologista, radioterapeuta ou
quimioterapeuta, além de psicólogo e fisioterapeuta. É a somatória e
combinação desses elementos que fará o sucesso do tratamento.
Se detectado na fase inicial, as chances de cura são de 90% a 94%. Nos
estágios mais avançados da doença, as chances caem para 40% a 50%. A
cura, entretanto, está intimamente ligada à autoestima da paciente,
afirmou o Dr. Filassi:
— Uma mulher deprimida tem mais chances de desenvolver câncer. E aquela
que é diagnosticada com a doença e depois cai em depressão diminui em
muito as chances de cura do que a mulher que se mostra otimista.
A alta para quem é diagnosticado com câncer de mama varia. Em média, são
necessários de cinco a dez anos para a paciente receber alta.
R7
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