por Nelson Motta
Foi o fracasso administrativo, econômico e ético dos governos Dilma e
Temer que abriu espaço para um Jair Bolsonaro. Ou algum aventureiro que
ainda apareça.
Os culpados pela desilusão popular que se transformou em ódio aos
políticos são eles mesmos. Enquanto o governo corta dinheiro do SUS e da
educação, não se tem noticia de um mínimo gesto de qualquer um dos Três
Poderes, para diminuir suas despesas que afrontam a penúria popular.
Parlamentares, magistrados, altos funcionários não têm vergonha de
aumentar os gastos públicos para seu próprio beneficio, mesmo durante
uma das maiores crises de nossa história, provocada por um desastre
econômico combinado a uma corrupção sistêmica, e protagonizado por
políticos e funcionários, com o beneplácito ou a inação do Judiciário.
Quem decide os salários e vantagens dos parlamentares ? Eles mesmos.
Quem fixa os vencimentos e bônus dos juízes? Eles mesmos.
E do governo central? Eles mesmos.
O que são essas bonificações por “triênios”, “licença-prêmio” e outras
bandalhas que juízes e o funcionalismo abocanham com a ajuda dos
políticos? O cara ganha uma bonificação porque cumpre o seu dever ? Mas
não é sua obrigação ? Não é seu contrato, que justifica o salário que
recebe ? Aqui qualquer funcionário mequetrefe tem carro e motorista. Já
os ministros da Suprema Corte americana andam de táxi ou de metrô. Aqui,
castigo de juiz ladrão é aposentadoria com salário integral. E o CNJ
não se envergonha?
O dinheiro que cada cidadão paga ao Estado parece uma abstração,
números, mas é fruto de trabalho, de horas e dias e meses de esforço, de
chateação, de repetição, de calor e de frio, de dor e suor. De tempo de
vida! Para sustentar a boa vida dessa gente?
Vou votar em quem não só prometa, mas mostre como fará, assuma o
compromisso público de acabar com todas essas vantagens bilionárias e
indecentes que beneficiam os Três Poderes. Antes de qualquer coisa, de
planos de governo, de projetos grandiosos, de grandes ações sociais.
Seria a prova constitucional de que todos os cidadãos são iguais perante a lei na hora de pagar a conta.
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