Vinícius Sassine
O Globo
Tiago é investigado na Operação Lava-Jato, juntamente com o pai, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz, e com o presidente do tribunal, ministro Raimundo Carreiro. O inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) investiga suposto pagamento de propina para que a empreiteira UTC obtivesse ganhos em processo em curso no TCU, que trata de obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). A PF concluiu o relatório das investigações em junho de 2017. Apontou indícios de corrupção passiva envolvendo os três — pai, filho e presidente do TCU. Eles negam as acusações.
DOZE REUNIÕES – Representantes das sete centrais, do Ministério do Trabalho e da Caixa já fizeram 12 reuniões na pasta. Fontes do governo ouvidas pela reportagem relatam uma posição de protagonismo de Tiago e do sócio nas discussões.
Em outubro do ano passado, as sete centrais sindicais, o Ministério do Trabalho e a Caixa assinaram um acordo, mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), para permitir que as entidades recebessem os resíduos de contribuições sindicais. A advogada-geral da União, Grace Mendonça, no entanto, se recusou a assinar o termo, por entender que existia uma “incerteza” sobre a “correta distribuição” de recursos com destinação ainda não identificada.
No último dia 6, o site do Globo publicou reportagem sobre riscos e fragilidades identificadas pela CGU no acordo mediado pelo MPT. Entre esses riscos estão a falta de critérios para definir os valores a serem repassados, a ausência de análise do impacto no Tesouro e no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e a possibilidade de pagamentos duplicados a entidades. Após a reportagem procurar o MPT, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, decidiu no mesmo dia acabar com o acordo.
ADVOGADOS DEFENDEM – Em nota, os advogados Tiago Cedraz e Bruno Galiano afirmaram que uma denúncia das centrais sindicais ao MPT apontou a “apropriação indevida” de recursos da contribuição sindical pela União. Os dois foram os autores da denúncia, segundo eles. As audiências de mediação foram “devidamente gravadas e registradas em ata”, conforme a nota.
Tiago e Bruno dizem não enxergar qualquer impedimento para atuar em processos de restituição de contribuições sindicais. “O grupo de trabalho não é órgão público tampouco integra a estrutura do Ministério do Trabalho. A atuação dos advogados jamais teve cunho partidário”, finaliza a nota.
“COMPETENTE” – A Força Sindical defendeu a indicação de Tiago Cedraz para o grupo que discutiu os rumos da restituição da contribuição sindical. “Ele defende os interesses de todas as centrais no Judiciário há dez anos. É advogado da Força Sindical para todo o Judiciário em Brasília. Extremamente competente e conhecedor do assunto, Tiago é o advogado que desenvolveu a tese acerca do desvio pela União dos recursos oriundos da contribuição sindical que deveriam ser destinados às centrais e às demais entidades sindicais”.
Em entrevista ao GLOBO, o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas, o Bira, afirmou que não partiu da direção da central a escolha do sócio de Tiago para representá-la nas discussões sobre o futuro do dinheiro:
— Alguém falou: “Tem um advogado aqui para te indicar.” Não foi uma escolha da gente. Ele (o sócio de Tiago) não participa em nada na central. Alguém que estava na reunião disse: “Podemos colocar um advogado nosso?” A indicação ocorreu no meio desse bolo geral.
extraídadetribunadainternet
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