Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

"Insegurança jurídica ameaça combate à corrupção",

 editorial de O Globo
Atitude do ministro Lewandowski de devolver ao MP acordo de delação de marqueteiro vai contra decisão da própria Corte e desestimula delatores em potencial

Já é extensa a sucessão de investidas contra instrumentos como a “colaboração premiada”, vitais para a devassa histórica que organismos de Estado têm feito contra esquemas de corrupção entranhados entre políticos e empresas com atuação no setor público, assessorados por operadores financeiros especializados em lavar dinheiro.

Quando o mensalão do PT, revelado em 2005, parecia o suprassumo do golpe contra o Tesouro, por meio de um desfalque no Banco do Brasil dado pelo militante Henrique Pizzolato, em conluio com Marcos Valério e companheiros petistas, veio a Lava-Jato para demonstrar que a corrupção lulopetista e de aliados (PMDB, PP etc.) era bem mais ampla.

E para começar-se a desmantelar a supermáquina de desvio de dinheiro público por meio de superfaturamentos na Petrobras e outras empresas públicas, a lei das Organizações Criminosas, de nº 12.850, de 2013, sancionada, por ironia, por Dilma Rousseff, foi crucial. 

Dela consta a delação premiada, sem a qual nenhum depoimento esclarecedor sobre o esquema teria sido feito.

Por óbvio, esta lei, bem como os instrumentos que permitem condução coercitiva para depor, e prisões preventivas e temporárias, passaram a ser atacados por lobbies no Congresso e fora dele. Arguida no Supremo devido aos desdobramentos das delações da JBS, em especial de Joesley Batista, cujo alvo foi o presidente Temer, a delação terminou discutida pela Corte, e ficou estabelecido, pela maioria dos ministros, que o Ministério Público pode negociar os termos da colaboração, a serem garantidos pelo Judiciário, o que é estabelecido pela lei 12.850. Mas tudo dependerá do cumprimento dos termos do acordo.

O pedido de anulação da delação de Josley, a que implicou Temer, foi rejeitado.

Pelo voto vencedor, do ministro Edson Fachin, com a contribuição do colega Alexandre de Moraes, que incluiu no veredicto parâmetros do Código de Processo Civil para se determinar a anulação de acordos, o MP negocia os termos da delação, remete-os ao juiz, para que ele cheque sua “regularidade, legalidade e voluntariedade", aspectos formais. Regra da lei 12.850. Como foi dito naquele julgamento, o Estado tem de dar segurança ao delator nesta fase inicial da negociação do acordo. Se assim não for, ele não delatará, e criminosos continuarão impunes. O que não significa cassar o poder do juiz, porque, no final, ele poderá considerar as denúncias ineficazes.

Foi neste contexto que o ministro Ricardo Lewandowski, voto vencido naquela ocasião, devolveu, na semana passada, ao MP, o acordo de delação do marqueteiro do PMDB fluminense, Renato Pereira, logo na primeira fase, a de homologação, indo contra ao que fora decidido no STF. Relator do processo, alegou que os procuradores, ao negociarem penas com o delator, invadiram espaço do Judiciário, quando, na verdade, sem este acerto, não há qualquer conversa com delator, sequer inicial.


Assim, abalou todo o princípio da contribuição premiada. É um golpe duro na Lava-Jato, em qualquer investigação anticorrupção, e mais forte que todas as manobras em curso no Congresso na defesa de criminosos de colarinho branco. O Supremo tem de voltar ao tema, a partir de arguição da Procuradoria-Geral da República, para não ajudar a enterrar de vez o instrumento da colaboração premiada.






















extraídaderota2014blogspot

"Impasses ao centro - O núcleo da política democrática está nas saídas para a crise que o PT nos deixou",

 por Alberto Aggio O Estado de São Paulo
Qual o ponto central da conjuntura política neste difícil percurso até as eleições presidenciais de 2018? Essa pergunta, mais do que necessária, vai impulsionar o batimento cardíaco da política pelo menos até a definição das candidaturas, desenlace que se prevê para o primeiro semestre do próximo ano.
Em julho alertamos para o risco de que os temas centrais para superar a crise poderiam ficar de lado se a nova polarização entre Lula e Bolsonaro acabasse por predominar. A expectativa de chegarmos a bom porto em 2018 parecia esvair-se por entre os dedos. Caminharíamos, então, para uma eleição falsa, uma espécie de reiteração da eleição presidencial de 1989 (apesar das suas diferenças pontuais), o que poderia redundar num retorno tão inconsequente quanto infeliz (Caminhamos para uma eleição falsa?, Estado, 18/7).
Dois meses depois, observávamos que havia um grande ausente naquela trama: o centro político. A forte fragmentação do centro fazia prever grande dificuldade eleitoral para esse campo. Tratava-se, então, de reconstruir o centro político, uma vez que uma postulação ao centro, como expressão de um campo democrático, representaria a reintrodução na cena política de um ator indispensável à estabilidade, com vista a projetarmos avanços civilizatórios dos quais o País se havia afastado injustificadamente. Afirmávamos que “uma recomposição do centro teria, pelo menos, a virtude de gerar a expectativa de superação da política de facções que se instalou nos últimos anos, comprometendo nossa convivência política” (Entre dois polos, como reconstruir o centro?, Estado, 26/8).
Lamentavelmente, a conjuntura não se moveu integralmente nessa direção, a despeito da emergência de alguns ensaios, em meio a muita desorientação e significativas fraturas entre os mais expressivos atores do centro político. Uma parte desse campo assumiu uma posição rigidamente defensiva em torno do governo Temer, o que, em função de sua alargada impopularidade, vem dificultando a construção de um movimento rumo a uma candidatura de caráter propositivo e que não represente apenas o governo.
A repercussão dessa posição em relação a outros importantes atores é notória. O dilema tucano em relação ao governo Temer não é o centro da conjuntura, mas é um problema para a definição de uma candidatura forte que possa chegar ao segundo turno expressando um programa que articule setores democráticos posicionados desde a direita liberal até a esquerda democrática. Não é desprovido de razão o argumento de que o tempo político de “ruptura” com o governo Temer já passou e mesmo que o PSDB assim decida serão duvidosos os dividendos eleitorais a serem obtidos. O núcleo central da política democrática está nas saídas para um país que se encontra afogado pela crise que nos deixou o PT e tem pouco que ver com o fato de apoiar ou ter apoiado o governo Temer.
Ao que tudo indica, a futura eleição presidencial não será um confronto entre situação e oposição, mesmo que essa disjuntiva seja colocada pelos candidatos. Lula imaginava que esse seria um trunfo seu e que lhe daria uma colheita segura. Certamente fincará suas trincheiras nesse ponto e fará muita retórica. Mas seu foco já passou a ser outro: “Agora não é hora de tirar Temer, é hora de saber quem será o próximo presidente do Brasil”. Lula vem atualizando seu discurso na linha do “perdão aos golpistas”, o que significa principalmente abrir o PT a negociações com o PMDB para tentar recuperar o eleitorado perdido com o processo de impeachment, que produziu efeitos danosos para a legenda nas últimas eleições municipais. Está claro, portanto, que erros de avaliação nesta hora certamente abrirão passagem para Lula conquistar uma parte do centro político, que estava perdido para ele.
A população reprova o governo, mas não vai às ruas protestar, sinalizando que não quer mais instabilidade. Assim, o discurso que apostar apenas na confrontação com o governo estará fadado ao fracasso. Ainda mais agora que seus parcos êxitos econômicos começam a ter alguma repercussão pública, animando o núcleo palaciano a projetar uma candidatura à feição de Temer ou a própria reeleição do presidente. Se isso ganhar força, é bem provável que o centro político se fragmente ainda mais.
A polarização de mais de duas décadas entre PT e PSDB vai ficando para trás, o que, por sua vez, leva à diluição da chamada “terceira via”. Com um possível segundo turno entre Lula e Bolsonaro, a construção de uma alternativa a partir do “centro democrático” ganha a máxima relevância. Lula sabe disso e já flerta com o centro, buscando romper seu isolamento à esquerda. Por outro lado, o discurso de uma candidatura de centro ainda não decolou, seja pela dificuldade de unificação, seja pela indefinição em torno de quantos e quais aspirantes postularão esse protagonismo.
Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin bate na tecla de que “o Brasil precisa de construtores, e não de gladiadores”, enquanto o prefeito João Doria enfatiza a necessidade de uma “frente do centro democrático” conta o lulismo. Os outsiders ainda estão fora da verdadeira luta política. No apelo a figuras como Luciano Huck ou Joaquim Barbosa há um sentimento difuso de renovação política, mas há também muito de personalismo, ilusionismo e até aventureirismo, envolto, em alguns casos, num “corporativismo de partido” instrumental e anacrônico. Nada diferente, portanto, da “velha política” que se quer combater.
Até meados de 2018, os brasileiros estarão condenados a uma “espera ativa”. Nesse ínterim, o jogo ficará cada vez mais pesado, exigindo dos atores políticos, sejam partidos, personalidades ou os chamados “movimentos cívicos”, capacidade de convencimento e realismo diante do que teremos pela frente.
* Alberto Aggio é historiador e professor titular da Unesp 





















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O PAÍS QUE FAZEMOS

por Alexandre Garcia.
Leio, aqui em Portugal, que estão presos todos os governadores do Rio de Janeiro, assim como todos os presidentes da Assembléia fluminense, eleitos desde 1995. Nesses 22 anos que se passaram, a maioria do eleitorado do Rio de Janeiro optou por eles, assim como a maioria dos deputados estaduais escolhidos pelo eleitor fluminense. Vamos culpar Garotinho e Rosinha, Cabral e Picciani ou responsabilizar o eleitor? Meus amigos cariocas afirmam que o último governador do Rio bem escolhido foi Carlos Lacerda. E faz 57 anos que Lacerda foi eleito - pelo diminuto Estado da Guanabara. Desde então, lamentam meus amigos cariocas, “coitado do Rio de Janeiro”.
Ora, não é preciso demonstrar que se alguém é mal escolhido, a responsabilidade é de quem o escolheu. Se temos maus políticos, corruptos, incompetentes, mentirosos, ignorantes - a responsabilidade é dos mandantes que os fizeram seus mandatários, seus representantes. Tampouco é necessário demonstrar que os escolhidos não são diferentes dos que escolhem. Há uma certa projeção do eleitor no seu eleito. E também existe a ingenuidade e a desinformação que fazem o eleitor ser amestrado pelo candidato que mais e melhor mentir.
Aliás, a ignorância abundante neste país também é causa de termos tantos políticos deploráveis. Tem gente que acha que o bolsa-família vem da bondade do governante, o mesmo acontecendo com a aposentadoria. Não sabem que governos não geram riqueza. Governos arrecadam riqueza e a distribuem, na forma de serviços públicos. No Brasil a distribuição é feita a pretexto de fazer justiça social. E a maioria aplaude governo doador. Não sabe que está sendo enganada pela demagogia do espertalhão populista, que deixa de prestar os serviços públicos que deve - segurança, saúde, educação, justiça - para dar esmola com o trabalho alheio. Só quem gera riqueza é a atividade econômica das pessoas e empresas - que separam quase 40% de tudo o que produzem e ganham para pagar a governo se sustentar mordomias dos três poderes e fingir-se de caridoso.
Aqui em Portugal vejo claramente como a atividade econômica gera bem-estar, depois de anos da quebradeira causada pelo governo socialista, tal como aconteceu com a Grécia e acontece com a Venezuela. E os espertalhões no Brasil continuam a se aproveitar da ignorância do povo que sai despreparado da escola. São aproveitadores fisiológicos associados nessa dilapidação material e moral com fanáticos ideológicos que fizeram da política uma seita. O país está pagando por isso. É hora de examinar bem o que aconteceu com o Rio de Janeiro. Foram décadas de permissividade por parte dos cidadãos fluminenses. Ou de cumplicidade, escolhendo representantes que mereceram cadeia. Já está na hora de pensar, porque vêm aí as urnas de 2018.











extraídadepuggina.org

Lava Jato enfim chega a Lulinha, o filho fenômeno que fazia grandes negócios

Mario Cesar Carvalho Folha
Sem Gamecorp, Lulinha e teles, não tem acordo. Foi esse recado, dito sem rodeios, que negociadores da Andrade Gutierrez receberam de procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba neste mês. O grupo Andrade Gutierrez é um dos controladores da Oi, operadora de telefonia que investiu R$ 82 milhões na Gamecorp, empresa que tem entre os seus sócios Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, o filho mais velho do ex-presidente Lula.
O que os investigadores querem saber é por que a Oi colocou os R$ 82 milhões na Gamecorp, depois rebatizada de PlayTV, numa época em que a operadora acumulava prejuízo atrás de prejuízo e a empresa de Lulinha não dava retorno. A Oi está em recuperação judicial desde junho do ano passado, com dívidas de R$ 63,9 bilhões.
DELAÇÃO INCOMPLETA – A Andrade Gutierrez foi uma das primeiras empresas a fechar acordos de delação e de leniência com procuradores da Lava Jato, em 2015, após aceitar pagar uma multa de R$ 1 bilhão.
Investigações de procuradores e da Polícia Federal descobriram depois que a empresa omitira uma série de crimes em seu acordo. Entre eles estavam o suposto pagamento de suborno ao senador Aécio Neves (PSDB), por conta da obra da Cidade Administrativa quando ele era governador de Minas, e ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – o que ambos negam enfaticamente.
A delação de executivos da Odebrecht também apontou lacunas no acordo da Andrade Gutierrez.
RECALL – Sérgio Andrade, que preside o conselho do grupo e não participou do primeiro acordo sob alegação de que estava fora da administração desde 2007, foi citado como negociador de acertos em obras do setor elétrico e suposto pagador de propina a Aécio, o que o senador refuta.
São essas suspeitas que a empresa sanaria na complementação do acordo fechado em 2005, chamado pelos procuradores de “recall”. A principal dúvida é se Sergio Andrade acertou pagamentos à Gamecorp para facilitar o acesso à cúpula do PT e a Lula.
A suspeita é que Andrade Gutierrez teria feito isso justamente por causa de sua ligação histórica com Aécio Neves e com sua família, pelo fato de ser a principal empreiteira de Minas Gerais, onde foi fundada em 1947.
CRITÉRIOS DE MERCADO – O substituto de Sergio Andrade na presidência do grupo, Otávio Azevedo, que foi preso e participou do acordo de delação de 2015, contou que o investimento feito na Gamecorp seguiu critérios de mercado, e não políticos.
A Telemar, antigo nome da Oi, investiu R$ 5,2 milhões na Gamecorp em 2005, um ano após a empresa ter sido criada com um capital de R$ 10. Posteriormente foram feitos pagamentos à Gamecorp por outras empresas ligadas à Oi, como a Oi Móvel e a Telemar Internet.
A Gamecorp é responsável por um canal de TV que era inicialmente sobre videogame e depois passou a tratar de cultura pop, o PlayTV.
BRASIL TELECOM – Há suspeitas também de que a fusão e compra da Brasil Telecom pela Telemar em 2008 teve irregularidades e que o investimento público teve suborno como contrapartida. Para que o negócio desse certo, o Banco do Brasil e o BNDES tiveram de investir R$ 6,8 bilhões na nova empresa de telefonia, a Oi, criada na segunda gestão de Lula à frente da Presidência.
O argumento de Lula para justificar o investimento é de que o país precisava de uma empresa de telecomunicações de porte, uma “supertele”, para fazer frente aos grupos estrangeiros.
A dívida da Oi, de R$ 63,9 bilhões, revela o tamanho do desastre que foi a fusão dessas duas empresas.
TODOS CALAM – Andrade Gutierrez, Oi, Lulinha e a assessoria dos advogados de Lula não quiseram se pronunciar sobre as hipóteses dos investigadores da Lava Jato. Em outras ocasiões, a defesa de Lula afirmou que a Oi é sócia da Gamecorp e participa da administração da empresa de seu filho.

Dois especialistas em teles ouvidos pela Folha, sob condição de anonimato, dizem que, se a Oi for arrastada para a Lava Jato, a empresa pode quebrar por causa da reação dos bancos, que cortariam o crédito.





















extraídadetribunadaintenret

"Do Estado magnânimo ao nosso desânimo",

 por Ana Maria Machado
Talvez o capital alocado em empresas, bancos públicos e estatais possa ser melhor empregado após algumas privatizações  O Globo
Ainda é prematura a definição de candidatos. Mas os eleitores que não se conformam com escolher apenas dentro do reduzido quadro da polarização entre Bolsonaro ou equivalente e Lula, Ciro ou equivalente, começam a trocar ideias, tentando clarear seu campo de opções. Tenho notado que, em alguns grupos, o mero debate de nomes vai dando espaço a reflexões em torno a temas, o que parece muito positivo. A partir da contribuição dada por artigos e manifestações que circulam pelas redes sociais, percebo uma tendência alvissareira: a de examinar com mais seriedade alguns aspectos gerais de um projeto amplo. Por exemplo, o de maior racionalidade em economia, no sentido de estimular condições favoráveis à geração de riqueza, aumento de produtividade, eficiência de gestão. Capazes de garantir menos desigualdade, meta a alcançar.

Um olhar mais isento, fundamentado na matemática, sem xingamentos nem rótulos depreciativos, convida a pensar. O nacional-desenvolvimentismo pode ter sido bom logo depois da Segunda Guerra Mundial, propiciando a industrialização, a construção de rodovias, a modernização. Tudo muito bem. Só que nos deu um país estranho, capaz de construir Brasília em cinco anos, com as belezas de Niemeyer e tudo, mas incapaz de botar as crianças na escola ou dar habitação, saneamento, segurança, cobertura decente de saúde a nossa gente. Poucos símbolos vergonhosos teriam a força do que se noticia agora: 

um menino desmaiou no meio da aula, no Distrito Federal, maior renda per capita do país, e se constatou que a causa era fome. Dormimos em paz com isso? Achamos que não tem nada a ver com nossas escolhas insensatas?

Também a centralização estatal e o dirigismo econômico do regime militar podem ter tido méritos no desenvolvimento aqui e ali, apesar das reservas de mercado que nos atrasaram, e da consolidação de um regime de benesses a escolhidos — modelo parcialmente retomado e exacerbado no segundo mandato de Lula, em visão sempre disposta a chamar de neoliberal o que não dissesse amém para sua cartilha de opções ideológicas limitadas. 

Mas serviu para inchar a máquina pública de maneira irresponsável, jogando riqueza fora, em multiplicação exponencial. Desembocou na nova matriz econômica de Dilma, com a teimosia autoritária de escolher, subsidiar e proteger os tais campeões nacionais, garantindo-lhes a falta de concorrência. Essa magnanimidade seletiva do Estado, às custas de todos nós, cheia de isenções e penduricalhos para os amigos, injusta com os não escolhidos, sem compromisso com a transparência, acabou dando no desânimo diante do que estamos vendo: desperdício de recursos, vista grossa para compadres, corrupção em relações promíscuas e criminosas entre políticos, empreiteiros, empresários protegidos. E retrocesso econômico.

É obvio que, para sair do pântano, vai ser necessário mudar. Redefinir o papel e a função do Estado. Não se trata de uma discussão sobre seu tamanho, nem de defender o Estado mínimo ao combater o Estado máximo, em busca do Estado ótimo, menos prepotente e mais eficiente. Mas as propostas para um novo governo que faça bem ao país devem tratar da função do Estado na economia. Ele não deve se meter a querer produzir ou fazer o que não lhe compete. Nem mesmo se avocar o dever de financiar a produção. Há que reduzir o endividamento público. Gastar menos e melhor. Talvez o capital atualmente alocado em empresas e bancos públicos e nas estatais possa ser melhor empregado após algumas privatizações — isso não precisa ser tabu. Da mesma forma, não há motivo para se apavorar com mais abertura da economia para atrair novos investimentos. E tudo isso passa por reformas estruturais que vêm sendo adiadas há décadas. Pela simplificação da floresta de leis, instruções normativas, portarias, que impedem o desenvolvimento. Pelo fim de tantas exigências ridículas que ocupam tantos funcionários que não produzem riqueza alguma, limitando-se a administrar dificuldades (quando o fazem) e perder tempo com coisas inúteis. Em meio a privilégios pagos por nós.

O que o Estado tem obrigação de fazer, isso sim, é regular e fiscalizar a economia, livrando as agências reguladoras do aparelhamento partidário para que, ocupadas por técnicos, possam funcionar bem. E planejar essa economia: ter um objetivo, mostrar o mapa e dar o rumo. Desempenhar o papel que lhe cabe, tanto no planejamento econômico e social quanto na garantia de proteção real ao meio ambiente e aos direitos dos cidadãos.


Há muito a ser discutido. Cada eleitor de boa vontade pode partir dessa lista, aumentá-la, debater pontos específicos com amigos que não receiem pensar e trocar ideias. A regeneração da nossa democracia terá de passar por muitos desses itens, certamente. É bom irmos construindo opiniões bem assentadas para fundamentar nossas escolhas. E para pressionar candidatos, exigindo compromissos nítidos com a definição do papel do Estado em uma agenda econômica clara e planejada.

























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"Corra, Alckmin, corra",

O Estado de São Paulo por João Domingos
(A situação do PSDB hoje é tão confusa, e a divisão é tão grande, que não é possível afirmar que o governador Geraldo Alckmin se tornará um candidato competitivo na eleição presidencial. Também não dá para anunciar um desastre semelhante ao de Ulysses Guimarães, que em 1989 amargou o sétimo lugar e apenas 4,73% dos votos, mesmo sendo o político mais conhecido do País, tanto pela presidência da Assembleia Constituinte, encerrada um ano antes da eleição, quanto pela luta contra a ditadura.
Alckmin tem muitos votos em São Paulo e isso conta. Mas seu partido não ajuda. Hoje, por todas as aferições já feitas, a situação do PSDB é ruim em Minas Gerais, o segundo colégio eleitoral do País. E pode piorar por causa do escândalo da conversa entre o senador Aécio Neves e o empresário Joesley Batista. Em boa parte dos Estados de grande densidade eleitoral a situação dos tucanos também não é boa, a exemplo de Bahia, Ceará, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pernambuco. 
Um sinal de que a confiança numa vitória de Alckmin está abalada pode ser extraído de um levantamento feito pela XP Investimentos com 211 investidores institucionais que representam mais de 50% dos recursos sobre gestão no Brasil. Na consulta feita entre os dias 21 e 23, divulgada ontem, 46% dos investidores disseram acreditar que Alckmin será o próximo presidente. Se a confiança do investidor fosse grande, no mínimo o índice de aposta em Alckmin teria de ultrapassar os 50%, porque aqui se trata de uma torcida a favor de alguém que o mercado considera benéfico para o setor. O ex-presidente Lula, por exemplo, apareceu com 2% das indicações, embora todo mundo saiba que ele está na frente em todas as pesquisas sobre a sucessão presidencial. O mercado, é sabido de todos, não quer Lula de jeito nenhum na Presidência de novo. Nesse caso, a torcida foi contra. 
Falta pouco menos de um ano para a eleição. Ainda dá tempo de Alckmin trabalhar para reverter o quadro hoje complicado para ele. Principalmente depois que o nome do apresentador Luciano Huck apareceu com o maior índice de aprovação entre as personalidades do País, com 60%, em pesquisa do Barômetro Político Estadão-Ipsos. Na consulta da XP com os investidores, Huck ficou em segundo lugar, com 19%.
Na situação em que se encontra, a primeira atitude de Alckmin deveria ser a costura de um acordo com o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, para que abram mão da disputa pela presidência do PSDB em seu favor. Alckmin é o único que tem condição de unificar o partido, pois as duas alas já deixaram claro que vão apoiá-lo. Caso o quadro não mude, nem Jereissati nem Perillo vão conseguir acabar com a divisão. E ela, por certo, terá reflexos na candidatura presidencial. Portanto, mesmo que não queira, como tem dito, Alckmin não terá outra alternativa a não ser se tornar presidente da legenda. Até porque, no cargo de presidente, pode circular pelo Brasil sem ser acusado de estar fazendo campanha antecipada. E caberá a ele mesmo negociar apoios à sua candidatura. Deixar essa função para outros, com o PSDB desgastado, com seus ministros praticamente escorraçados do governo pelo PMDB e pelos partidos do Centrão, é um risco sem fim. 
As brigas internas do PSDB na proximidade das eleições e o rompimento de parte do partido com o governo de Temer serviram de deixa para que o PMDB e o PT se reaproximassem, principalmente no Nordeste e no Norte. O DEM e alguns partidos do Centrão caminham na direção do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Até mesmo o PSB, com o qual Alckmin contava, não é mais uma parceria certa. 
O governador Geraldo Alckmin está meio que como aquele filme alemão cujo título é Corra, Lola, corra.




























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