MARINA DIAS VALDO CRUZ GUSTAVO URIBE
Folha de São Paulo
O governo do presidente Michel Temer estuda a possibilidade de socorrer
Estados em dificuldades financeiras antecipando de R$ 3 bilhões a R$ 4
bilhões da receita a ser obtida com o recolhimento de multas na segunda
fase do programa de regularização de dinheiro mantido no exterior.
A ideia é usar para isso os recursos arrecadados na primeira fase do
programa, encerrada em outubro. O governo não aceita dividir com os
Estados as multas arrecadadas nesta etapa, mas concorda em fazê-lo na
próxima rodada, que ainda está precisa ser aprovada pelo Congresso.
Dos R$ 46 bilhões arrecadados na primeira fase, Estados e municípios
ficaram com cerca de R$ 12 bilhões pela repartição da parcela paga de
Imposto de Renda, mas não receberam nada das multas.
Governadores e prefeitos recorreram ao Supremo Tribunal Federal para
cobrar a partilha das multas, o que renderia mais R$ 5 bilhões para os
Estados e mais R$ 7 bilhões para os municípios.
Ao acenar com a possibilidade de antecipar recursos da próxima etapa do
programa, o governo diz que só o fará se os governadores desistirem da disputa no Supremo.
Em decisão de caráter provisório, a ministra Rosa Weber bloqueou o
dinheiro das multas na semana passada, até o julgamento da questão.
Temer tem conversado quase diariamente com a presidente do STF, ministra
Cármen Lúcia, e escalou a advogada-geral da União, Grace Mendonça, para
medir a temperatura dos ministros da corte a respeito do assunto.
As pressões dos Estados sobre Temer aumentaram na semana passada, quando
os governadores fizeram chegar ao Ministério da Fazenda que pelo menos
20 Estados não têm como pagar o 13º salário do funcionalismo neste ano.
Temer pediu então estudos envolvendo o dinheiro novo do programa de
repatriação. A ideia é que o projeto de lei que definirá regras para a
próxima etapa deixe claro que a multa será dividida entre União, Estados
e municípios.
Um dos Estados mais atingidos pela crise fiscal, o Rio tem sido tratado
como um caso à parte por ter receita com royalties do petróleo. Nesse
caso, pode receber autorização para captar empréstimos no exterior com
essa garantia.
Integrantes da equipe econômica dizem que a medida não deve resolver
todos os problemas e outras providências serão necessárias. O ministro
da Fazenda, Henrique Meirelles, deve apresentá-las ainda neste mês, e
Temer deve reunir os governadores até o fim do mês para anunciá-las.
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