Carlos Newton
É claro que uma coisa nada tem a ver com a outra, porque no caso de Temer quem inventou essa estória foi o então senador Antonio Carlos Magalhães, do antigo PFL, quando presidia o Senado. Em 1999, ACM comprou uma briga com Temer, que presidia a Câmara, e o apelidou de “Mordomo de Filme de Terror”. De lá para cá, a piada vem sendo repetida.
DRÁCULA DA DEMOCRACIA – Em dezembro de 2015, Renan Calheiros era presidente do Senado e também se desentendeu com Temer. Disse no plenário que iria sugerir ao vice-presidente que, se perdesse o cargo no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, poderia pensar em outros empregos, como “mordomo de filme de terror ou carteiro”, referindo-se à carta que Temer acabara de mandar a Dilma Rousseff, dizendo-se desprestigiado no governo do PT.
No final de março de 2016, em pleno processo do
impeachment, o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) fez um discurso na
tribuna da Câmara, para acusar Temer de conspirador, e seguiu na mesma
balada: “Se ACM o taxava de ‘Mordomo de Filme de Terror’, eu acrescento
que hoje ele é o Drácula da Democracia”.
PRESIDENTE-ZUMBI – Pouco mais de um ano depois, agora Michel Temer parece ter incorporado o personagem vislumbrado por ACM e ameaça se transformar num presidente-zumbi, para assombrar o Planalto na convivência com os fantasmas que declarou vislumbrar no Palácio Alvorada quando se mudou para lá, cujas aparições fizeram com que voltasse a residir no Jaburu.
Mas não há como segurar Temer, porque o deputado que recebeu a mala dos R$ 500 mil vai fazer delação, para destruir o que ainda resta do presidente. Mesmo assim, ele não renuncia. Pelo contrário, conta com a amizade e cumplicidade de ministros do TSE para retardar o julgamento e manter mais algum tempo esse governo morto-vivo.
NÃO HÁ GOVERNO – A inexistência de governo traz consequências, é claro. Ao invés de estarem preocupados em reduzir direitos sociais, os três Poderes deveriam se dedicar a outras missões mais necessárias, como desativar a boma-relógio da dívida pública ou reduzir a criminalidade, adotando leis mais duras e tolerância zero. Mas como fazê-lo, se o crime se instalou lá na Praça dos Três Poderes, subvencionado com recursos públicos e protegido pelo foro privilegiado.
Se a Justiça funcionasse, a impunidade diminuiria, haveria um maior respeito às leis. Mas os ministros do Supremo são os primeiros a dar o exemplo, ao libertar perigosos meliantes devido a meras tecnicalidades processuais, e ainda chamam isso de Justiça.
extra´[idadetribunadainternet
0 comments:
Postar um comentário