Carlos Newton
Aproxima-se a hora da verdade e logo saberemos quem é o grande vencedor da Piada do Ano 2016. Para manter o altíssimo padrão do concurso, espera-se algo semelhante a 2015, vencido por Dilma Rousseff com a fantástica anedota do “vento armazenado”, apresentada em seu “stand up” na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Na segunda colocação chegou dona Marisa Letícia, por ter devolvido o tríplex à construtora OAS e pedido indenização, sem cantar “toma que o filho é teu”. E no terceiro lugar, o filho Luís Cláudio, aquele que copiou da Wikipédia um estudo para revender a um experiente lobista por R$ 2,6 milhões.
TEMER SUBSTITUI DILMA – Agora, em 2016, tudo vai ser diferente e o presidente Michel Temer fez questão de substituir Dilma concorrendo com várias inscrições. Uma grande piada presidencial foi dizer que não tinha preocupação com as denúncias da Odebrecht e até pedir ao procurador-geral Rodrigo Janot rapidez na investigação das delações premiadas. Com isso, Temer ganhou aplausos entusiásticos.
Em seguida, contou a anedota de que não se preocupa com protestos populares, porque são frutos da democracia. E depois Temer levantou a plateia ao dizer que não influirá nas eleições das presidências do Congresso, acrescentando que fará um “governo reformista” e o desemprego vai cair em 2017. Com essa performance, fezendo alguns puxa-sacos começarem a gritar: “Já ganhou! Já ganhou!”.
MUITOS CANDIDATOS – Apesar do conjunto da obra, os admiradores de Temer não deve bancar vitória antes do tempo, porque há muitos outros candidatos fortíssimos. O ministro Teori Zavascki, por exemplo, é um piadista nato. Enquanto o juiz Moro já fez 182 prisões e 120 condenações, Teori ainda não fez nenhuma. Mesmo assim, no balanço do fim de ano, exibiu à imprensa uma planilha (que não era a da Odebrecht…) para alegar que “está em dia com a Lava Jato”. Os jornalistas quase morreram de rir.
E o ex-deputado Eduardo Cunha também concorre. Depois de garantir que não tinha conta no exterior, ele declarou à Receita que empobreceu nos últimos cinco anos, levando os auditores às gargalhadas. Não satisfeito, Cunha recorreu ao Supremo contra sua cassação e também disse que o juiz Moro não tinha competência para prendê-lo. Era tudo piada. E agora, com seu vasto repertório de anedotas, Cunha está divertindo os guardas penitenciários de Curitiba.
PIADAS SENSACIONAIS – Outro grande concorrente é Lula da Silva, com uma série interminável de anedotas de alto nível, como o recurso ao Comitê de Direitos Humanos da ONU e as indenizações de danos morais que pede na Justiça ao ex-senador Delcídio Amaral (R$ 1,5 mil) e ao procurador Deltan Dallagnol (R$ 1 milhão), que até se sentiu desvalorizado e diminuído em relação ao ex-parlamentar petista.
Muitas candidaturas isoladas surpreendem pela grande criatividade. O deputado Jorge Picciani, por exemplo, ganhou espaço e foi ovacionado na Assembleia estadual, ao anunciar que o ex-governador Sérgio Cabral logo provaria sua inocência. E o próprio Cabral também resolver entrar na disputa da Piada do Ano, ao dizer que sua condenação era uma “aberração jurídica”, ganhando aplausos e conquistando a simpatia dos detentos do Presídio Bangu 8. Depois, se animou e admitiu que a nova obra superfaturada do metrô do Rio usou contratos firmados no século passado, vejam que forte concorrente à Piada do Ano.
Também o então líder do governo José Guimarães (PT-CE) causou sensação, ao prever que Dilma não sofreria impeachment. Conhecido nacionalmente como o “deputado dos dólares na cueca’, Guimarães depois fez outra grande piada e negou ter recebido propina da Odebrecht, sendo aplaudido de pé pelo Diretório do PT.
OUTRAS INSCRIÇÕES – São centenas de candidatos e a comissão da Piada do Ano está tendo uma trabalheira para selecionar os finalistas. Há pressões de todos os lados e os nomes dos jurados são mantidos em sigilo absoluto, para evitar que sejam corrompam por políticos, autoridades e empresários concorrentes.
O ex-ministros Geddel Vieira Lima . por exemplo, tem várias inscrições. Primeiro, alegou que não pedira “nenhuma imoralidade” ao exigir a liberação do edifício ilegal. Depois, negou ter pressionado o então ministro Marcelo Calero e ameaçou até processá-lo, ganhando aplausos frenéticos no Planalto. Em seguida, disse que Temer não o demitiria, e aí o Planalto quase veio abaixo de tanto rir.
A nova chefe da Advocacia-Geral da União, ministra Grace Mendonça, também se animou a concorrer. Primeiro, disse que não conseguia achar um HD externo para processar os políticos corruptos, entre os quais Renan Calheiros. A piada fez enorme sucesso e Grace repetiu a dose, ao afirmar que não se lembrava de que há 19 anos estava filiada ao PSDB. Passou então a ser conhecida como a “esquecidinha da AGU”. Depois, Grace prontamente se ofereceu para fazer um parecer inocentando Geddel. O presidente Temer acreditou nela e entrou numa fria. Só depois de pagar mico é que soube que se tratava de uma piada, porque já existia o parecer definitivo da AGU contra a construção do imóvel e Grace não podia alterá-lo.
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extraídadetribunadainternet
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