RICARDO NOBLAT O GLOBO -
PROCURADOR DALLAGNOL
Para Hiroo Onoda, a 2ª Guerra Mundial só terminou no dia 9 de março de 1974, quando ele emergiu da selva da ilha Lubang, nas Filipinas, e se rendeu ao seu superior, o major Yoshimi Taniguch, que lhe ordenara 30 anos antes resistir até a morte. Depôs a espada e o rifle ferrolho Arisaka, em perfeito estado de revista. Vestia um gasto uniforme de soldado. De volta ao Japão, foi recebido como herói.
Para Hiroo Onoda, a 2ª Guerra Mundial só terminou no dia 9 de março de 1974, quando ele emergiu da selva da ilha Lubang, nas Filipinas, e se rendeu ao seu superior, o major Yoshimi Taniguch, que lhe ordenara 30 anos antes resistir até a morte. Depôs a espada e o rifle ferrolho Arisaka, em perfeito estado de revista. Vestia um gasto uniforme de soldado. De volta ao Japão, foi recebido como herói.
ONODA
ALISTOU-SE com 20 anos para servir ao Exército imperial japonês, em
guerra contra os Estados Unidos, a União Soviética, a Inglaterra e
demais países aliados. Foi enviado a Lubang para evitar que a ilha
caísse em mãos inimigas. Como ela caiu, ele e mais três soldados se
refugiaram nas montanhas para resistir. Dois morreram. Onoda não
acreditava que o Japão fora derrotado.
TALVEZ
FOSSE o caso de Lula procurar Dilma para informá-la de que a guerra
contra o impeachment acabou, e que ela, ele e o PT foram derrotados. Ao
contrário de Onoda, Dilma não recebeu ordem do seu superior para
resistir até a morte. Resiste por teimosia. Lula está em outra,
negociando a salvação da própria pele. O PT estima suas perdas, que
podem ser maiores do que supõe.
O QUE
MENOS interessa ao PT é o que Dilma promete, caso sobreviva ao
julgamento do Senado e retorne ao cargo: um plebiscito para que o
brasileiro decida se quer antecipar a eleição presidencial de 2018.
Plebiscito ou referendo nem sempre é a melhor solução. Milhões de
britânicos arrependeram-se do referendo que decidiu pela saída do Reino
Unido da União Europeia.
EM SEU PIOR momento
desde que foi fundado, o PT está condenado a perder as eleições
municipais de outubro próximo. Como poderia ganhar uma eleição
presidencial? De resto, por que o Senado devolverá o poder a Dilma se
ela acena com a possibilidade de não governar até o fim do mandato? Não
devolverá. O melhor seria que Dilma se rendesse, sem provocar mais danos
ao país.
BASTAM OS DANOS que
provocou legando ao presidente interino a herança maldita de mais de 11
milhões de desempregados. Bastam os que o PT também provocou — entre
eles, a corrupção que contaminou todo o aparelho do Estado e suas
relações com sócios e fornecedores privados. O que a Lava-Jato já
descobriu empurrou o Brasil para o cume dos países mais corruptos.
O QUE COMEÇA A ser
descoberto poderá catapultar o PT para a galeria dos partidos mais
cruéis com o povo. Que tal um partido capaz de roubar parte do salário
de funcionários públicos, pensionistas e aposentados endividados que,
para manter suas famílias, recorriam a empréstimos consignados cujas
prestações são descontadas automaticamente em folha de pagamento?
NA SEMANA PASSADA, Paulo
Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministro do
Planejamento do governo Lula e das Comunicações do governo Dilma, foi
preso sob a suspeita de ter sido um dos chefes da organização criminosa
que arrecadou entre 2009 e 2015 algo como R$ 100 milhões em propina para
financiar o PT e enriquecer seus caciques.
DE CADA R$ 1 pago
mensalmente por um servidor público como taxa de gerenciamento do seu
empréstimo, R$ 0,70 iam parar nos cofres do PT. Roubar dinheiro de quem
trabalha para ganhá-lo? Um partido, aqui, nunca ousou tanto. “Chorei por
mim e por meus amigos. Há várias maneiras de ser assaltada”, comentou a
servidora pública Ana Gori, de Brasília, endividada há 16 anos.
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