PAULO GUEDES O GLOBO
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do DEM, anuncia finalmente uma agenda construtiva para exame do Congresso. A reforma política é uma exigência da opinião pública informada. Já o teto de gastos públicos e os ajustes na Previdência Social são imprescindíveis ao combate à inflação e à retomada do crescimento. É importante que a classe política saia da paralisia em que se encontra desde que as investigações da Lava-Jato confirmaram a existência de degeneradas suas mais importantes práticas envolvendo lideranças. boa parte de
É urgente dever dos congressistas uma reforma da legislação eleitoral e a aprovação da cláusula de barreira, bem como de uma cláusula de votação em bloco, para valorizar a fidelidade partidária e viabilizar apoio parlamentar, orgânico e no atacado, sem a necessidade de se recorrer à compra disfuncional e no varejo desse apoio "mercenário", como hoje ocorre. Essas matérias precisam avançar não só por seu fundamental interesse para a população brasileira mas também pelo próprio interesse dos atuais deputados e senadores. Pela simples razão de que, sem uma condenação explícita das práticas atuais por meio dessas reformas, a opinião pública seguirá insaciável ante a sequência de execuções pela guilhotina pelo midiática e a sucessão de encarceramentos pelo efeito e dominó das delações premiadas.
A volta da
confiança na economia depende, da mesma forma, da admissão explícita de
que tem faltado o apoio da política fiscal aos esforços
anti-inflacionários da política monetária. Mesmo
quando o governo acena com a aprovação de um teto para os gastos
públicos, usa como referência a inflação passada (mais alta), quando
deveria usar as expectativas de inflação futura (mais baixa) para romper
com a inércia da realimentação inflacionária. Se o setor privado
mergulha no desemprego em massa, por que o funcionalismo público, que
usufrui a estabilidade no emprego e privilegiados benefícios
previdenciários, deve ter reajustes automáticos indexados à inflação
passada? Principalmente se considerarmos que isso traria um aumento do
salário real médio no setor público caso a taxa de inflação efetivamente
mergulhasse dos quase dois dígitos atuais para os 4,5% do centro da
meta do Banco Central. Mãos à obra, senhores.
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