RENATO ALVES CORREIO BRAZILIENSE -
Além do estádio, que, mesmo sendo o mais caro do país, sofre com a falta de manutenção no gramado e em parte das instalações, pouco está pronto para o início das 10 partidas, entre 4 e 13 de agosto. Não há obra alguma nos decadentes setores hoteleiros Sul e Norte, que sequer oferecem calçadas e jardins aos hóspedes. Nem as tão propagadas obras de mobilidade no Plano Piloto, com calçadas e ciclovias, anunciadas para a Copa de 2012, estarão concluídas para a Olimpíada. Assim como BRT (com estações fechadas) e o projeto paisagístico pensado por Burle Marx, entre a Torre de TV e a Rodoviária do Plano Piloto. Monumentos como o Itamaraty e a Torre de TV Digital devem permanecer fechados. Para terminar, dos 10 Centros de Atendimento ao Turista (CAT), só três funcionam. E não há programação cultural pública alguma prevista para entreter os visitantes.
Em meio a esse cenário, os jogos do torneio olímpico de futebol vão atrair delegações, jornalistas e turistas de países visados por terroristas, como o Iraque, a Alemanha e os Estados Unidos. O Senado Federal começa a votar a cassação de Dilma Rousseff em 9 de agosto, mas o resultado deve sair só duas semanas depois, ou seja, durante as partidas no Mané Garrincha.
Mesmo com os dois eventos, policiais civis e militares de Brasília se mobilizam por aumento de salário e melhores condições de trabalho. As delegacias estão, há três semanas, em Operação Legalidade, com agentes deixando de colher depoimentos. Agentes e escrivães ameaçam uma greve geral. Na PM, praças organizam uma Operação Tartaruga, para atender só casos de extrema gravidade.
Portanto, cá para nós, estimado e atento leitor, sabendo de tudo isso, você compraria um pacote turístico para visitar Brasília em agosto, para assistir a jogos de futebol das equipes C de países com quase ou nenhuma expressão no cenário mundial? Eu, certamente, não. Nem convidaria parente ou amigo algum. Não quero que tenham uma imagem negativa da cidade onde escolhi morar.
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