por Mary Zaidan Com Blog do Noblat - O Globo
Governo novo, ideias novas. Há exatamente um ano, o último programa
eleitoral com esse bordão invadiu os lares, cantado e declamado entre o
colorido de um Brasil inebriante que os brasileiros não têm a menor
noção de como é. Um amontoado de mentiras bem produzidas que garantiram
41,59% dos votos a Dilma Rousseff no primeiro turno, contra 33,5% de
Aécio Neves e 21,3% de Marina Silva. E a reeleição no segundo.
Exatos 365 dias separam a Dilma que garantia ter a “força e o apoio
político para fazer as reformas que o Brasil exige” da Dilma que se
rendeu ao baixo clero do PMDB para tentar evitar o impeachment e manter o
status de presidente, posto que, de fato, passou a ser exercido pelo
tutor Lula.
Assistir hoje ao programa do PT que encerrou o primeiro turno é
didático. Entende-se sem esforço algum como e por que Dilma conseguiu
rolar morro abaixo tão rapidamente.
São 10 minutos de puro engodo. Do clima paz e amor que substituiu a
beligerância vista nos dias anteriores, quando a meta era destruir
Marina, às promessas infactíveis, sabidamente truques de marqueteiros
que, como tal, só saíram do papel para a telinha da propaganda.
Apresentadas por jovens alegres e sorridentes, as promessas são
explicadas, uma a uma, pela própria candidata. O Mais Médicos
Especialidades vai reduzir o tempo de espera para exames; o Segurança
Integrado unirá as polícias federal e estadual, com apoio das Forças
Armadas, para combater a violência. A reforma do ensino básico garantirá
escola em tempo integral, a internet será acessível e rápida no
programa Banda Larga para Todos. Vamos ter ainda o Brasil sem
Burocracia, com empresas sendo abertas em apenas cinco dias, o Pronatec
Jovem Aprendiz e o Brasil sem Impunidade, com penalização do Caixa 2,
julgamento rápido de servidores que roubarem, e devolução do dinheiro.
“Doa a quem doer.”
Embora a mudança fosse o gancho de seus opositores, nenhum deles apresentara projetos inovadores, acusava Dilma. Só ela.
No meio de um jardim, Dilma e Lula travam um diálogo ameno sobre as
maravilhas do pré-sal. A presidente-candidata não entende, e diz isso a
Lula, por que a oposição não gosta do pré-sal que tanto dinheiro trará
para a educação e também para a saúde.
Na sua aparição solo, Lula afirma que seu segundo mandato foi melhor do
que o primeiro e assegura que o mesmo acontecerá com Dilma, que estaria
com “muita garra, muita energia, muita ideia de futuro para tocar o
Brasil para frente”.
Em outro trecho, depois de enaltecer a sua própria competência e
experiência, Dilma diz com todas as letras que a crise internacional, a
mesma que ela afirma ser responsável por seus revezes atuais, já tinha
sido superada. E com êxito. “Quem enfrentou a pior crise internacional
dos últimos anos e conseguiu detê-la aumentando empregos e salários?”,
pergunta. “Quem preparou o Brasil para um novo ciclo de desenvolvimento e
pode fazer esse ciclo consolidar?”
Além de revelar um profundo desprezo pelo público, o programa é prova
documental de fraude e estelionato, mentira verbal para obter vantagem,
delitos fartamente condenados nos tribunais.
A mentira, dizem, não está entre os crimes previstos na Constituição
para motivar a abreviação de um mandato. Mas deveria. Assim como a
punição para quem não governa.
Independentemente do desfecho dos requerimentos de impeachment da
presidente, o caso Dilma deveria servir de baliza futura para que esses
dois desvios – mentira e incapacidade de governar – pudessem ser
evitados, impedidos e punidos. É assim na maioria das democracias
maduras.
extraídaderota2014blogspot





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