APÓIO AÉCIO NEVES PRESIDENTE 45
Carlos Alberto Pereira da Costa
O advogado Carlos Alberto Pereira da
Costa, de 44 anos, ex-braço direito do doleiro Alberto Youssef, deu um
depoimento à Justiça Federal de Curitiba. ÉPOCA publicou com
exclusividade um vídeo com trechos do depoimento, prestado em 29 de
agosto. No vídeo, Carlos Alberto narra a atuação de Youssef em dois
momentos: durante o mensalão, em 2005, e durante o pagamento de propina
em troca de negócios da Petrobras, em 2013 – o escândalo de R$ 10
bilhões investigado pela operação Lava Jato. Assim, o depoimento de
Carlos Alberto confirma qual é o elo perdido entre os dois escândalos — e
ele se chama Alberto Youssef...
O Ministério Público Federal já havia denunciado Youssef, em julho
passado, por lavar dinheiro do mensalão do PT. De acordo com a acusação,
o doleiro deu aparência legal a R$ 1,1 milhão dos R$ 4,1 milhões que o
então deputado José Janene, do PP do Paraná, morto tem 2010, recebeu do
esquema petista. Diante do juiz federal Sérgio Moro, Carlos Alberto
confirmou a operação de lavagem: “Quem cuidava do caixa dois do senhor
José Janene era seu Alberto Youssef”. Na época do mensalão, em 2005,
Carlos Alberto aparecia como sócio de uma empresa de consultoria, a CSA
Project Finance Consultoria, sediada em São Paulo. A CSA foi usada pelo
doleiro para lavar o dinheiro recebido por Janene.
Em 22 de agosto, alguns dias antes de falar à Justiça, Carlos Alberto
havia prestado depoimento à Polícia Federal no qual afirmou que
funcionários da Petros, o fundo de pensão da Petrobras, receberam
propina em troca de um investimento de R$ 13 milhões do fundo na empresa
Indústrias Metais do Vale, no final de 2005. Essa mesma empresa recebeu
dinheiro do deputado Janene. Procurada, a Petros disse que não teve
acesso à investigação da Justiça Federal e, portanto, não iria se
pronunciar sobre o assunto.
O depoimento também fala das relações entre Youssef e Paulo Roberto
Costa, o diretor de abastecimento da Petrobras era um dos comandantes do
esquema. Segundo Carlos Alberto, essa relação começou nos tempos do
mensalão. “O que sei remonta à época da empresa CSA”, disse Carlos
Alberto. “O senhor Janene tinha um contato com Paulo Roberto, que havia
sido indicado pelo PP para ocupar função de diretor da Petrobras.
Havendo a relação próxima de Youssef com Janene, deve ocorrer daí o
conhecimento entre eles e Paulo Roberto”.
Carlos Alberto afirmou que, até 2013, deputados frequentavam o
escritório do doleiro Youssef para receber dinheiro. “Youssef ficava no
fundo (da sala) e lá ocorria movimentação de recursos financeiros.
Chegavam pessoas com dinheiro e saíam pessoas com dinheiro. Existiam
vários deputados”, afirmou. Como parlamentares só podem ser processados
no Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz federal Moro determinou que
Carlos Alberto relatasse os nomes dos parlamentares oportunamente à
Polícia Federal. A PF deve encaminhar a relação de deputados ao STF.
Ainda durante o depoimento, Carlos Alberto afirmou que o deputado Luiz
Argolo, do partido Solidariedade da Bahia, era dono de um helicóptero
apreendido durante a Operação Lava Jato. A aeronave, segundo Carlos
Alberto, foi transferida para o nome de uma empresa de Youssef. O
helicóptero, porém, continuou a ser usado pelo deputado. Anteriormente,
questionado por isso, Argolo negou participação no esquema de Youssef. A
reportagem não conseguiu contato com Argolo nesta terça-feira.
O advogado Luis Gustavo Rodrigues Flores, que defende Youssef, afirmou
que ainda não foi notificado oficialmente sobre o teor da delação
premiada de Paulo Roberto e nem sobre as revelações da Carlos Alberto.
Flores afirmou que será apresentada uma defesa ponto a ponto de cada uma
das acusações contra Youssef no momento oportuno dentro do processo.
Por meio de nota divulgada na segunda-feira (dia 8), a Petrobras se
manifestou sobre as denúncias de pagamento de propina ao ex-diretor
Paulo Roberto. A empresa afirmou que “não cabe comentar investigações em
curso ou sobre declarações de pessoas ou empresas sendo investigadas
pela Polícia Federal ou por qualquer outro organismo de controle”.
Ainda na nota, a Petrobras disse que é de seu “interesse ver a
conclusão de todas as investigações em curso. Com este propósito,
continuará contribuindo para que isto ocorra rápida e eficazmente. Neste
sentido, a Petrobras requereu ao juiz (Sérgio Moro) responsável pela
Operação Lava Jato acesso às informações relativas à Petrobras que Paulo
Roberto já forneceu no âmbito da delação premiada, bem como enviou
cartas às empresas citadas nos veículos de comunicação, solicitando
informações sobre a existência de seus contratos com empresas ligadas a
Alberto Youssef e sobre qualquer envolvimento com as atividades objeto
desta investigação. Tais informações subsidiarão as Comissões Internas
de Apuração já instaladas”.
Fonte: Por HUDSON CORRÊA, revista Época -FONTE BLOGDOSOMBRA





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