Pelo menos 125 jovens foram detidos na Venezuela durante as manifestações de quinta-feira, de acordo com a ONG Foro Penal. Os presos teriam ficado incomunicáveis e contaram na delegacia que foram torturados com descargas eléctricas. Segundo o jornal “El Nacional”, três jornalistas também estavam entre a lista de presos em Caracas, dentre eles um professor universitário.
“Os primeiros estudantes presos denunciaram que foram torturados com eletricidade”, escreveu no Twitter Alfredo Romero, diretor da ONG, que confirmou que alguns jovens estão desaparecidos.
Em Caracas, quatro jovens foram presos e acusados por instigar a violência, danos ao patrimônio público e conspiração. Eles permanecem sob liberdade assistida por 30 dias, enquanto dezenas de familiares continuam em frente ao Palácio da Justiça. A lei venezuelana dá um prazo de até 72 horas para que se cumpra o trâmite de detenção.
- Não sabemos de nada. Disseram que meu irmão estava no Core 5 da Guarda Nacional em Tazón. Mas não nos deixaram vê-lo – disse Alexander Matute, irmão do estudante Ángel Matute.
Tamara Suju, do Foro Penal, denunciou que os pais dos estudantes não puderam ver nem falar com seus filhos.
- Em nenhum estado, com exceção de Barinas, permitiram o acesso aos jovens. Isso é violação do direito de defesa. Não sabemos nem se eles se alimentaram – afirmou ao “El Nacional.
Ordem de prisão contra opositores
Entoando frases como “Chega de violência, chega de repressão” e “Este governo vai cair” cerca de dois mil jovens voltaram às ruas da capital venezuelana para condenar a violência e a “repressão” do governo, depois dos confrontos que deixaram três mortos e 66 feridos na quarta-feira. A concentração de quinta começou na Praça Altamira, em Chacao, e seguiu algumas centenas de metros na direção oeste. Na quarta-feira à noite, nessa região, um jovem foi morto na batalha campal entre manifestantes e os homens do Batalhão de Choque.
“Quem somos? Estudantes. O que queremos? Liberdade”, entoava a multidão, nas ruas do leste de Caracas.
A justiça emitiu ordens de prisão para pelo menos três opositores, entre eles o líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López, sob acusações de assassinato, terrorismo e associação para delinquir, entre outras. Os outros dois são o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e a deputada María Corina Machado, que tem imunidade parlamentar.
- López está em casa, com os advogados. Está na Venezuela, fica na Venezuela e vai aparecer porque não tem nada a temer, porque vai seguir protestando nas ruas – disse Carlos Vecchio, dirigente do mesmo partido.
A tática de protestos nas ruas foi chamada de golpista pelo governo e provoca dúvidas na opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), movimento do ex-candidato presidencial Henrique Capriles. O governo dos EUA expressou preocupação com a violência de quarta-feira e pediu calma a todas as partes.
- Estamos muito preocupados com as notícias de que o governo prende recentemente manifestantes opositores e com o pedido de detenção do líder e fundador da Vontade Popular, Leopoldo López – afirmou uma fonte do Departamento de Estado.
Fonte: O Globo
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