Toda ruptura traumatiza, ainda que seu foco seja
exatamente evitar maiores traumas e sua inevitáveis consequências.
Movimentos de ruptura política, mormente aqueles que
visam obstar o caos e a inimaginável trilha para uma ditadura de classes
– muito pior do que se foi forçado a fazer para evitá-la – traz
reações apaixonadas, mas sem nexo e razão situacional – e de forma dolosa
as vezes – com as necessidades de que o uso de medidas excepcionais são
instrumentos imprescindíveis de pacificação e entronização do reino do
disciplinamento social, onde, TODOS, sem exceção podem almejar à paz social e
os degraus da ascensão social segura e produtiva.
O movimento revolucionários de Março de 1964 não
nasceu especificamente na caserna. Lá foi instilado por importante parte da
sociedade. Empresários, educadores, políticos, ARTISTAS, jornalistas, infletiam
e espelhavam os anseios do cidadão comum já desgastado e amedrontado com a
desordem e o caos a um passo do precipício em que era empurrado nossa nação.
Pensado e urdido por militares, da chamada
“escola de Sorbonne”, cujos ideais democráticos eram notórios e
temperados – em grande parte – do aprendizado na luta contra
o nazi-fascismo - passaram acolher e reverberar as angústias da sociedade
organizada. Tinham como paradigma basilar o reino da ordem sobre a pré barbárie
prestes a ser instalada no Brasil - quem se lembra da falta de tudo, dos gêneros
alimentícios mais essenciais, da quebra da disciplina e hierarquia básica, das
greves pelas greves com escopo e alicerce nitidamente ideológico, da esbórnia
política das instituições?
Daí, levantaram-se os militares, que não são nada
menos que uma parte da sociedade, logo parte do nosso povo, instados a manter a
ordem posto serem os últimos e únicos bastiões onde oportunistas e aventureiros
mal intencionados não passariam. Por ali, não passariam.
Foi com plenas intenções democráticas que o movimento
se fez e se consolidou. De olhos, mentes e corações voltados ao futuro de uma
nação livre e com retorno previsto – seguro – às normalidades
democráticas.
E o que ocorreu para o endurecimento, para criação de
leis de exceção, da censura, em proteção ao núcleo de poder instalado, de meios
policiais e de julgamentos em cortes militares?
Deu-se porque, os derrotados de primeira hora, não se
conformaram em ver esvair da mãos a oportunidade da desordem que almejavam, ou
dos seus projetos pessoais de poder que nada conduziam com eles, e através
deles, interesses em prol da sociedade a qual usavam a palavra democracia em
dúbio sentido só sabido por eles .
Fustigados na ordem que implantavam, interpeladas as
leis vigentes, “peitados” na normalização que tentavam construir
tirar do caos o país, o movimento obrigou-se cercar-se de medidas que o
protegessem – e por conseguinte à sociedade que o trouxe dos quartéis.
Medidas excepcionais por certo, mas eram excepcionais os processos que as obrigavam
criar.
No entanto, não foram só contestações retóricas.
Viu-se eclodir o primeiro atentado terrorista, perpetrado por elementos que não
sabiam – anelados aos seus interesses “importados” -
trabalhar por um Brasil ordeiro. pacífico e que se desenvolvesse sem chancela
tirana das ditaduras externas que os financiavam ou lhes eram fontes de
inspiração ideológica espúria.
Mais uma vez o movimento teve de responder.
Muitos erros por certo foram
cometidos, muitos inconformados, além dos “bem intencionados”, mas
indisciplinados, queriam o confronto e abusavam de suas autoridades.
Mas esta foi consequência da reação de assassinatos,
sequestros, roubos a bancos, vítimas civis, trabalhadores aterrorizados e
impedidos de exercer seu labor, sabotagens e tentativas de retirar dos trilhos
do progresso – duramente conquistado – a extração de nação rural,
atrasada, sem infraestrutura e movida apenas pelos interesses demagógicos
populistas de uma elite transviada que se encastelava no poder através da
manipulação das massas.
Muitos se sacrificaram, muitos
erraram. Mas foi simples reação de quem jurou defender o Brasil acima de tudo.
De um lado estavam terroristas, as vezes apenas travestidos de tal, pois nunca
se sabe onde foi parar todo o dinheiro fruto de assaltos e extorsões. Do outro,
aqueles que com sacrifício de suas famílias e do sua segurança pessoal
fizeram-se barreira àquela tormenta.
Agora, como fazem todas as tiranias,
que nem mesmo a tal ditadura que acusam ousou fazer, querem apagar a história e
reescrevê-la. Querem mudar nomes de monumentos, pontes, praças, escolas, em um
revisionismo reacionário e vingativo sem paralelo na história brasileira.
Querem-na reescrever, e na raspagem dos nomes apor personagens que nada fizeram
ou, em alguns casos, TUDO fizeram contra as liberdades e apropria liberdade
individual de cada um de nós. Nomes de assassinos querem ungir como heróis do
povo.
Hoje, quando falam em riscar da história o nome do
Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco de uma escola, para nela nomear
como dístico um “famoso quem”, igualam-se às tiranias que até hoje
apagam personagens em fotos que caíram em desgraça em seus regimes ditatoriais.
A imprensa, que se intitula guardiã
das liberdades e sopra a brasa desses insensatos, está sendo atacada aos
poucos. A internet, espaço virtual de plena liberdade de expressão e troca de
conhecimento. Tende a seguir o “democrático” sistema norte-coreano
ou chinês. Não esqueçam os jornalistas isentos ou não alinhados, sua vez
chegará.
E assim veremos “heróis” como o traidor do
Exército e, principalmente, do Brasil, Lamarca, como nome de escola. Mariguela
– o terrorista assassino – identificando pontes e praças.
Prestes, o apótema previsível, porta-voz da então “liberal”
URSS, notório por entregar sua mulher à sanha da ditadura Vargas, tecer elegias
ao justiçamento dos “companheiros” que não seguiam ao pé da letra a
cartilha do partido comunista, cópia das instruções stalinistas, encimando nome
de universidades e monumentos.
Meu coração discorda, mas minha mente reluta. Porém,
as vezes, me vejo tentado a pensar que fomos condescendentes demais.
Mas, se a sociedade escolheu e aprova não há como
entrincheirar o caminho. Exceção de lembrar que sempre estaremos atentos, que
nossa soberanos não será entregue jamais.
E, caso a sociedade torne a clamar, esta é uma
certeza: Por aqui não passarão.
"A cultura
histórica tem o objectivo de manter viva a consciência que a
sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu presente, ou melhor,
de si mesma
Benedetto
Croce; Fonte: La Storia come Pensiero e come Azione
JP Andrade
Policial Federal aposentado – Cidadão Brasileiro
ativo.
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