Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OS DERROTADOS NÃO SÃO NEM TAMPOUCO REPRESENTAM O POVO

Toda ruptura traumatiza, ainda que seu foco seja exatamente evitar maiores traumas e sua inevitáveis consequências.
Movimentos de ruptura política, mormente aqueles que visam obstar o caos e a inimaginável trilha para uma ditadura de classes – muito pior do que se foi forçado a fazer para evitá-la – traz reações apaixonadas, mas sem nexo e razão situacional – e de forma dolosa as vezes – com as necessidades de que o uso de medidas excepcionais são instrumentos imprescindíveis de pacificação e entronização do reino do disciplinamento social, onde, TODOS, sem exceção podem almejar à paz social e os degraus da ascensão social segura e produtiva.
O movimento revolucionários de Março de 1964 não nasceu especificamente na caserna. Lá foi instilado por importante parte da sociedade. Empresários, educadores, políticos, ARTISTAS, jornalistas, infletiam e espelhavam os anseios do cidadão comum já desgastado e amedrontado com a desordem e o caos a um passo do precipício em que era empurrado nossa nação.

Pensado e urdido por militares, da chamada “escola de Sorbonne”, cujos ideais democráticos eram notórios e temperados  – em grande parte – do aprendizado na luta contra o nazi-fascismo - passaram  acolher e reverberar as angústias da sociedade organizada. Tinham como paradigma basilar o reino da ordem sobre a pré barbárie prestes a ser instalada no Brasil - quem se lembra da falta de tudo, dos gêneros alimentícios mais essenciais, da quebra da disciplina e hierarquia básica, das greves pelas greves com escopo e alicerce nitidamente ideológico, da esbórnia política das instituições?
Daí, levantaram-se os militares, que não são nada menos que uma parte da sociedade, logo parte do nosso povo, instados a manter a ordem posto serem os últimos e únicos bastiões onde oportunistas e aventureiros mal intencionados não passariam. Por ali, não passariam.
Foi com plenas intenções democráticas que o movimento se fez e se consolidou. De olhos, mentes e corações voltados ao futuro de uma nação livre e com retorno previsto – seguro – às normalidades democráticas.

E o que ocorreu para o endurecimento, para criação de leis de exceção, da censura, em proteção ao núcleo de poder instalado, de meios policiais e de julgamentos em cortes militares?
Deu-se porque, os derrotados de primeira hora, não se conformaram em ver esvair da mãos a oportunidade da desordem que almejavam, ou dos seus projetos pessoais de poder que nada conduziam com eles, e através deles, interesses em prol da sociedade a qual usavam a palavra democracia em dúbio sentido só sabido por eles .

Fustigados na ordem que implantavam, interpeladas as leis vigentes, “peitados” na normalização que tentavam construir tirar do caos o país, o movimento obrigou-se cercar-se de medidas que o protegessem – e por conseguinte à sociedade que o trouxe dos quartéis. Medidas excepcionais por certo, mas eram excepcionais os processos que as obrigavam criar.
No entanto, não foram só contestações retóricas. Viu-se eclodir o primeiro atentado terrorista, perpetrado por elementos que não sabiam – anelados aos seus interesses “importados” - trabalhar por um Brasil ordeiro. pacífico e que se desenvolvesse sem chancela tirana das ditaduras externas que os financiavam ou lhes eram fontes de inspiração ideológica espúria.
Mais uma vez o movimento teve de responder.

Muitos erros por certo foram cometidos, muitos inconformados, além dos “bem intencionados”, mas indisciplinados, queriam o confronto e abusavam de suas autoridades.

Mas esta foi consequência da reação de assassinatos, sequestros, roubos a bancos, vítimas civis, trabalhadores aterrorizados e impedidos de exercer seu labor, sabotagens e tentativas de retirar dos trilhos do progresso – duramente conquistado – a extração de nação rural, atrasada, sem infraestrutura e movida apenas pelos interesses demagógicos populistas de uma elite transviada que se encastelava no poder através da manipulação das massas.

Muitos se sacrificaram, muitos erraram. Mas foi simples reação de quem jurou defender o Brasil acima de tudo. De um lado estavam terroristas, as vezes apenas travestidos de tal, pois nunca se sabe onde foi parar todo o dinheiro fruto de assaltos e extorsões. Do outro, aqueles que com sacrifício de suas famílias e do sua segurança pessoal fizeram-se barreira àquela tormenta.

Agora, como fazem todas as tiranias, que nem mesmo a tal ditadura que acusam ousou fazer, querem apagar a história e reescrevê-la. Querem mudar nomes de monumentos, pontes, praças, escolas, em um revisionismo reacionário e vingativo sem paralelo na história brasileira. Querem-na reescrever, e na raspagem dos nomes apor personagens que nada fizeram ou, em alguns casos, TUDO fizeram contra as liberdades e apropria liberdade individual de cada um de nós. Nomes de assassinos querem ungir como heróis do povo.

Hoje, quando falam em riscar da história o nome do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco de uma escola, para nela nomear como dístico um “famoso quem”, igualam-se às tiranias que até hoje apagam personagens em fotos que caíram em desgraça em seus regimes ditatoriais.

A imprensa, que se intitula guardiã das liberdades e sopra a brasa desses insensatos, está sendo atacada aos poucos. A internet, espaço virtual de plena liberdade de expressão e troca de conhecimento. Tende a seguir o “democrático” sistema norte-coreano ou chinês. Não esqueçam os jornalistas isentos ou não alinhados, sua vez chegará.

E assim veremos “heróis” como o traidor do Exército e, principalmente, do Brasil, Lamarca, como nome de escola. Mariguela – o terrorista assassino – identificando pontes e praças.  Prestes, o apótema previsível, porta-voz da então “liberal” URSS, notório por entregar sua mulher à sanha da ditadura Vargas, tecer elegias ao justiçamento dos “companheiros” que não seguiam ao pé da letra a cartilha do partido comunista, cópia das instruções stalinistas, encimando nome de universidades e monumentos.

Meu coração discorda, mas minha mente reluta. Porém, as vezes, me vejo tentado a pensar que fomos condescendentes demais.
Mas, se a sociedade escolheu e aprova não há como entrincheirar o caminho. Exceção de lembrar que sempre estaremos atentos, que nossa soberanos não será entregue jamais.

E, caso a sociedade torne a clamar, esta é uma certeza: Por aqui não passarão.
"A cultura histórica tem o objectivo de manter viva a consciência que a sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu presente, ou melhor, de si mesma
Benedetto Croce; Fonte: La Storia come Pensiero e come Azione


JP Andrade
Policial Federal aposentado – Cidadão Brasileiro ativo.

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