É
claro e assim o confirmou Iván Márquez em Oslo, que as FARC vão a
Havana para refinar seu Plano Estratégico e tirar todas as vantagens
políticas nacionais e internacionais que lhes confira o “inimigo de
classe”.
Os rumores crescem diariamente, com o complemento de que os atos midiáticos, estratégicos, políticos e procedimentais das FARC, indicam que o grupo terrorista poderia estar preparando a Décima Conferência guerrilheira, ou pelo menos um Pleno Ampliado do “Estado-Maior Central”, escudado na impunidade e cumplicidade das quais as FARC sempre gozaram em Cuba. Não é uma simples suposição senão a realidade, deduzida do modelo como negociaram com Belisario Betancur e Virgilio Barco, período durante o qual realizaram três Plenos Ampliados para re-adequar seus projetos e programas de crescimento quantitativo e qualitativo, ou, com Cesar Gaviria, quando realizaram um Pleno Ampliado e sentaram bases para a Oitava Conferência.
Ou durante a vergonhosa entrega parcial da soberania nacional no Caguán durante a débil administração Pastrana Arango. Enquanto terroristas de nível médio enrolavam centenas de iludidos com a farsa dos comitês temáticos, Tirofijo presidiu a poucos quilômetros dali o Pleno Ampliado do ano 2000. Portanto, abundam os motivos e razões para supor que os terroristas previram realizar a Décima Conferência ou um Pleno Ampliado em Havana ou em algum lugar secreto escolhido por Fidel Castro, com o apoio logístico de Chávez, a cumplicidade de altas instâncias da ditadura cubana e a facilidade de reunir os cabeças livres de toda pressão militar na Colômbia:
1. A Nona Conferência presidida por Tirofijo poucos meses antes de sua morte, teve muitas dificuldades e inclusive alguns dos cabeças não puderam assistir e suas palestras foram enviadas por meios eletrônicos. Portanto, as AFRC têm muitos assuntos por concretizar.
2. As mortes de cinco integrantes do Secretariado, os êxitos das Forças Militares em operações como Xeque, Armagedon, Aromo, assim como as vicissitudes militares, merecem necessárias revisões no modo de operar traçado por Cano no Plano Renascer.
3. No campo político os terroristas necessitam refinar o estratagema de seu recém fundado movimento político, que atualmente promove mobilizações populares pré-fabricadas em todas as áreas onde as milícias bolivarianas delinqüem, o movimento bolivariano clandestino que já tem nome aberto e o Partido Comunista Clandestino (PC3), única organização política que tem acesso direto a cada um dos sete cabeças do bloco.
4. Nesse sentido, as FARC devem pontuar as linhas de ação em torno da “segunda independência”, preparar o caminho para o governo de transição quando o movimento político das FARC posicione senadores, governadores, prefeitos, vereadores, etc., associados com os terroristas, mas para não repetir o fracasso da União Patriótica (UP), desta vez protegidos pelas Forças de Segurança do “inimigo de classe”.
5. Refinar a estratégia internacional em busca de reconhecimento de status político com embaixadas em Caracas, Manágua, Quito, Montevidéu, La Paz, Havana, Buenos Aires e Brasília, e a busca da participação de Simón Trinidad nas conversações.
6. Refinar o componente financeiro do Plano Estratégico com investimentos para lavar ativos dentro e fora da Colômbia.
7. Aproveitar as facilidades que a ditadura cubana lhes oferece para se reunir com Narciso Isa Conde e os demais cúmplices do Foro de São Paulo, o Movimento Continental Bolivariano, os partidos comunistas de vários países do mundo e outras ONG’s, para revisar e avaliar avanços e retrocessos dos acordos de solidariedade internacional traçadas no Pleno Ampliado de 2000 e depois multiplicá-los, primeiro no acampamento de Raúl Reyes no Equador e depois no de Iván Márquez na Venezuela.
8. Analisar os erros cometidos com a queda dos computadores de Reyes, Cano, Jojoy, Ríos e Tirofijo, para concretizar com Hugo Chávez os passos estratégicos para a tomada do poder e a incursão da Colômbia na esfera do socialismo do século XXI.
9. Aproveitar a oportunidade de ouro que têm para coordenar cara-a-cara com funcionários da ditadura cubana os planos futuros para o trabalho conjunto, para adiantar o processo revolucionário marxista-leninista na Colômbia.
10. Avaliar os alcances e novas missões da Frente Internacional incorporando nessas tarefas a terrorista holandesa Tanja Nijmeijer, tal como recomendou o Mono Jojoy aos demais cabeças. A primeira parte deste trabalho foi realizado em Oslo com os camaradas “desmobilizados” e “refugiados políticos” exilados ou residentes na Europa. Enquanto De la Calle e seus garotos foram fazer turismo oficial pela fria capital norueguesa e expressar a fanfarronice de que “o governo não será refém do processo”, os bandidos não perderam tempo, promoveram foros paralelos, deram conferências em Oslo a seus comparsas e sem nenhuma pressão militar, estabeleceram novas e mais contundentes tarefas.
11. Revisar, avaliar e redefinir o trabalho de agitação, propaganda e construção de bases de apoio das FARC por parte das milícias bolivarianas em todos os estamentos sociais e políticos, regionais e locais.
É evidente a possibilidade de que a Décima Conferência ou outro Plano Ampliado do Secretariado das FARC acontecerão em Cuba. O Ministério Público Geral suspendeu de modo oficial a ordem de captura de 29 terroristas acobertados com medida de asseguramento, porém a agudeza de jogador de pôquer e de estrategistas de birô nomeados a dedo para representar os interesses da Colômbia, não alcançou compreender que o novo melhor amigote da Casa de Nariño é o velho pior inimigo da Colômbia, que Iván Márquez e Timochenko têm seus acampamentos de base na Venezuela, que Chávez e Castro aproveitaram a mamata que a “oligarquia bogotana” deu para coordenar o envio desde Caracas para Havana a todos os bandidos que as FARC necessitem lá, para refinar seu plano estratégico e continuar a guerra narcoterrorista contra a Colômbia.
Finalmente, as FARC não cessaram de dar coletivas de imprensa, convocar organizações de todos os matizes, e agora anunciam que Joaquín Gómez, Maurício, Pastor Alape e Pablo Catatumbo logo estariam em Cuba onde permanecerão até outubro de 2013. Em síntese, estaria o Secretariado reunido com os outros cabeças que já estão em Cuba, mais os que Chávez envie desde a Venezuela, para re-estabelecer os cursos de ação políticos e armados contra a Colômbia. E o mais tragicômico, quase todos com gastos pagos pelo fisco nacional!
Durante vários anos temos sido reiterativos nesta coluna que, dentro dos cânones teóricos e práticos da estratégia geral para desvertebrar o plano de ação do inimigo, tanto na guerra como nas negociações de paz os governos devem pensar o que é que querem e para onde aponta a estratégia do inimigo, para opor-se a ela e neutralizá-la com todos os componentes do poder nacional. Não a partir de suposições egocêntricas ou crenças unipessoais.
Neste caso, é claro e assim o confirmou Iván Márquez em Oslo, que as FARC vão a Havana para refinar seu Plano Estratégico e tirar todas as vantagens políticas nacionais e internacionais que lhes confira o “inimigo de classe”. Não buscam a paz porque para as FARC ela equivale à sua localização no Palácio de Nariño. O resto é parte do materialismo dialético, das contradições de classe e da óbvia luta de classes que só terminará quando o proletariado derrotar a burguesia capitalista. É isso o que pensam as FARC, mesmo que os iludidos na Colômbia acreditem em outra coisa. Quanto mais bajulado o inimigo melhor para o Plano Estratégico revolucionário marxista-leninista.
Especular que os terroristas se sentaram para negociar devido à pressão militar padecida na Colômbia, é apenas uma percepção pessoal baseada em um juízo de valor, portanto, é algo parcial e incompleto. As FARC não querem a paz. Querem a existência do processo para dilatá-lo e daí tirar vantagens político-estratégicas.
E para explorar seu arraigado credo da estatização com base em verdades atinentes ao histórico mal manejo da posse da terra por parte dos fazendeiros, nos padecimentos reais dos camponeses expropriados pelas AUC (Autodefensas Unidas de Colombia) e das próprias FARC, na complexa e questionada legislação mineira, nos alcances das reformas agrárias anteriores e outros temas que os terroristas prepararam com antecedência e conhecem a fundo, frente a negociadores sem estratégia profunda, que só vão à mesa para receber diárias, suportar as intermináveis peroratas dos cabeças das FARC, defender com todo rigor a intencionalidade política governamental e esperar que o processo se arrebente, sem se dar conta de que quando isto acontecer é provável que as FARC já tenham realizado sua Décima Conferência, conseguido o reconhecimento internacional dos governos comunistas do hemisfério e legitimado o Movimento Bolivariano Clandestino com outro nome, com todos os seus militantes protegidos pelo mesmo Estado ao qual pelas costas escavam o chão e planejam derrubar.
Sem dúvida, nestas conversações de paz, mais uma vez as FARC assumiram a iniciativa estratégica e até a presente data tiraram importantes vantagens táticas dentro do processo. Então, em contraste com o anúncio de Humberto de la Calle, o governo não só é refém do processo, senão um refém específico do Plano Estratégico das FARC.
Tradução: Graça Salgueiro
0 comments:
Postar um comentário