Jornalista Andrade Junior

domingo, 13 de maio de 2018

"O que será o amanhã",

por Ascânio Seleme O Globo

 Recebi de dois amigos, David Zylberstajn e Werner Capeto, um mesmo zap com previsões para o futuro atribuído à Singularity University (SU), um think tank do Vale do Silício que ministra cursos focados em tecnologia e inovação. É uma leitura deliciosa, concreta, que permite sonhar acordado. Esta antevisão do futuro vai até 2038, com análises de possibilidades para cada dois anos.
Todas as previsões são razoáveis, e, a cada passo que se dá, é possível vislumbrar o que vem depois. Abaixo, listo algumas das previsões para o mundo e acrescento observações minhas de como poderá estar o Brasil naqueles mesmos anos se as coisas por aqui continuarem a se descortinar da maneira que temos visto nos últimos tempos.
Para 2018, a previsão supõe um componente mais humano nas relações do homem com a inteligência artificial. Gritar com a Siri, por exemplo, pode resultar numa resposta que lhe peça paciência e calma. No Brasil, 2018 já foi eleito como o ano da intolerância. Os brasileiros gritam como nunca uns com os outros apenas porque uns não aceitam propostas e ideias distintas das suas.
Em 2020, a internet 5G fará conexões com velocidade de 10 a 100 gigabytes para dispositivos móveis. No Brasil, sem chance de errar, pode-se dizer que em 2020 o 4G estará amplamente implantado. Claro que faltará cobertura em alguns pontos do país, por questões de logística. Mas aí, um bom deputado proporá uma lei que obrigará uma empresa privada a entregar 4G naquelas localidades a qualquer custo.
Dois anos depois, em 2022, os habitantes dos Estados Unidos e de alguns outros países do Hemisfério Norte já terão autorização para possuírem carros autônomos. No Brasil, ainda veremos nas estradas e nas ruas das cidades Kombis e Chevettes sem placas caindo aos pedaços. Mas seus dias estarão contados, não por causa da fiscalização, claro que não, mas porque uma hora eles vão mesmo se desmanchar.
Para 2024, os primeiros contratos de energia solar e eólica de “um centavo por KwH” serão fechados ao redor do mundo. No Brasil, com os impostos comendo mais de 50% da renda nacional, o custo de produção das energias que ainda chamaremos de alternativas também serão bem baixos, mas o preço continuará esquentando a cabeça do consumidor graças ao poderoso braço arrecadador do Estado.
A realidade virtual será onipresente em 2026, e os pais ao redor do mundo dirão que os seus filhos estão em outro universo. No Brasil, os pais vão reclamar que os seus filhos vivem no mundo da Lua.
Em 2028, segundo a Singularity University, os robôs passarão a ter relações reais com as pessoas, cozinhando, cuidando dos mais velhos e dando banho em bebês. Também se vislumbra que surgirão robôs para manter relações íntimas com seus donos solitários. No Brasil, estes robôs do amor serão um sucesso absoluto. Serão importados por cafetões e alugados para jornadas de uma ou duas horas. Um deles vai desfilar no Sambódromo como destaque da Beija-Flor.
Dois anos depois, em 2030, prevê-se que agências de inteligência confirmarão que mensagens armazenadas com segurança máxima entre 1990 e 2029 foram descriptadas com sucesso. O mundo conhecerá antigos segredos que intrigaram a humanidade por anos. No Brasil, documentos reabilitados não deixarão mais qualquer dúvida a uma parte da população que se negava a ver: Lula era mesmo culpado. Assim como Aécio.
Robôs serão comuns em todos os locais de trabalho, eliminando o trabalho manual e interações repetitivas, em 2032. No Brasil, os sindicatos dos servidores públicos vão “conquistar na Justiça” o direito de trabalhadores pagos pelo Erário a continuar fazendo o que sempre fizeram, nada. E sendo remunerados por isso com todas as “vantagens adquiridas”.
Em 2034, problemas globais serão solucionados, como o câncer e a pobreza. No Brasil, o PT vai dizer que o Brasil demorou 20 anos para voltar ao patamar deixado pelo governo revolucionário do partido quando do golpe, no longínquo 2016, que tirou do poder a “presidenta” Dilma.
As cidades serão inteligentes e hipereficientes em 2036, capazes de atender todas as demandas de seus moradores, como segurança e transporte. No Brasil, o problema da mobilidade urbana ainda vai merecer seminários e debates para encontrar as soluções mais adequadas para cada realidade. E a segurança, bem a segurança é uma questão muito mais complexa, todo mundo sabe disso.
Finalmente, em 2038 a inteligência artificial e a realidade virtual vão impulsionar a vida humana em todos os seus aspectos. No Brasil, os robôs do amor continuarão fazendo o maior sucesso.

Ascânio Seleme é jornalista








































extraídaderota2014blogspot

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