editorial de O Globo
A relativa surpresa — relativa, porque se tratava de uma possibilidade
conhecida — foi o voto da ministra Rosa Weber, que garantiu a rejeição
do HC por 6 a 5.
Vencida quando a Corte, em 2016, a partir de proposta de Teori Zavascki,
restabeleceu a norma do início da execução penal depois de confirmação
da sentença em segundo grau, a ministra passou a adotar o “princípio da
colegialidade”, subordinando-se à norma estabelecida pelo colegiado.
Assim, na Primeira Turma, de que faz parte com os colegas Alexandre de
Moraes, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, e mesmo em
decisões individuais, a ministra Rosa Weber tem mantido a coerência.
Mas a defesa de Lula esperava que, em plenário, ela pudesse seguir sua
posição do cumprimento de pena apenas depois do trânsito em julgado —
após a tramitação por quatro instâncias e incontáveis recursos. Mas foi
firme e não concedeu o habeas corpus.
Rosa Weber espera o agendamento, pela presidente do STF, ministra Cármen
Lúcia, de duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs),
relatadas pelo ministro Marco Aurélio Mello, para, aí sim, discutir a
jurisprudência da segunda instância.
Gilmar Mendes, por sua vez, aproveitou a votação para explicar por que
mudou a posição de 2016, quando ficou do lado de Zavascki e da
jurisprudência da prisão em segunda instância. Hoje, ele defende
proposta de Dias Toffoli de se conceder mais uma instância aos
condenados, a do Superior Tribunal de Justiça.
Tese que Luís Roberto Barroso, um dos votos que rejeitaram o HC, vê com
reservas. Por isso, propôs que, se houver algum entendimento
conciliatório em torno dessa espécie de meio-termo, que se limite o
recurso ao STJ à primeira decisão do tribunal. Para impedir a conhecida
tática dos recursos sucessivos.
Frustrada a tentativa do grupo de ministros que têm pressa em rever a
jurisprudência da prisão em segunda instância — Celso de Mello, Ricardo
Lewandowski, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Dias Toffoli —, o voto de
Rosa Weber salvou, por enquanto, a imagem do Supremo, em cujas mãos está
o futuro do enfrentamento daquilo que o ministro Barroso chama de
“pacto oligárquico de saque do Estado brasileiro”.
Como o ministro afirmou em seu voto, a prisão em segunda instância — que
vigorou de 1941 a 2009, sem reclamações — é fator-chave na repressão ao
roubo do dinheiro do contribuinte. Os embates no STF continuarão.
extraídaderota2014blogspot
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