Jornalista Andrade Junior

domingo, 9 de julho de 2017

HERANÇA

MIRANDA SÁ
“Ninguém tachou de má a caixa de Pandora por lhe ter ficado a esperança no fundo. Em algum lugar há de ela ficar” (Machado de Assis)

Desde que instalei o meu Blog libertei-me do jornalismo informativo e investigativo a que me consagrei de corpo e alma profissionalmente, e nessa atividade obtive o generoso reconhecimento dos colegas das redações em que trabalhei e prêmios que me orgulharam.

A nova atividade veio de duas experiências anteriores: o colunismo diário e um programa de debates na televisão. Com eles, adquiri a prática da síntese e o raciocínio instantâneo que contribui para os artigos políticos que escrevo e caíram no gosto da rede social.

Esta introdução explica o meu uso de certos chavões. Um deles foi o batismo de “herança maldita” para referir-me aos males deixados no Brasil pela corrupção e a incompetência dos governos lulopetistas.

O Partido dos Trabalhadores nunca me enganou. Conheci muitos dos seus fundadores e logo soube que entre eles havia a busca utópica, idealista, mas também lhes sobrava a avidez pelo poder, uma visível corrida pela fortuna. Pior, um total despreparo para a condução da coisa pública.

A “militância” buscava a justiça social não encontrada na realidade brasileira, mas seus “dirigentes” iam ao encalço do poder pelo poder; e, como sua maioria era de pelegos sindicais, preocupavam-se somente em armar trampolins para a carreira política ou o enriquecimento fácil.

Sempre comparei a hierarquia lulopetista com a figura mitológica de Pandora – a primeira mulher – que, enviada por Zeus transportando uma caixa para a humanidade, esta garantiria a paz e o amor entre os homens, contanto se conservasse fechada. Embora orientada pelo Criador para que não abrisse o presente, a curiosidade não conteve a mensageira que, abrindo-a, libertou todos os males do mundo, em vez da felicidade prometida.

Assim, Pandora deixou imperar o ódio e a violência. Igual ao PT, que em vez do futuro auguroso prometido, deixou-nos como herança a cultura da fraude, da corrupção, do ódio racial e de gênero, da desunião, e, pela incompetência, a consequente crise econômica.

É esta a “herança maldita”. Como se sabe, a herança é a parcela de bens, direitos e obrigações transferidos por um morto a seus sucessores. Em termos jurídicos é a disciplina dessa transmissão. Trocando em miúdos, a herança – é o patrimônio que se transmite.

Uma ideia comum leva-nos a pensar que se trata da transferência de um patrimônio de uma pessoa para outra pessoa ou um conjunto de pessoas. Mas há um tipo de herança cultural civilizatória que é passada social, política, e economicamente de geração em geração.

Podemos elencar esta herança cultural nas sete maravilhas do mundo antigo, na literatura religiosa, com o Livro dos Mortos, o Kama Sutra e a Bíblia; no Direito, o Código de Hamurabi, o Direito Romano e o Código Napoleônico. Na ciência, a Astronomia e a Matemática dos egípcios e astecas e a tecnologia dos chineses.

Uma das heranças socioculturais, restauradas e guardadas nos conventos da Idade Média, foi a filosofia helênica, com o neoplatonismo adaptado pelos doutores da Igreja ao pensamento cristão.

O inverso desses patrimônios dos povos legados pelos antecessores, é a herança carregada de obrigações, com a imposição do “politicamente correto” totalitário, a negativa do mérito em favor de carreiristas e a política de sujeição coletiva a uma ideologia malograda.


Quando batizei os males trazidos pelo lulopetismo de “herança maldita” cumpri uma tarefa histórica, que deve ser completada: Soltos os males do lulopetismo, resta no fundo, como na caixa de Pandora e nos nossos corações, a Esperança.




































EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSA

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