e outras seis notas de Carlos Brickmann
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
O ex-presidente Lula está com problemas em todas as áreas: é difícil acreditar que não seja dono do sítio de Atibaia e do apartamento triplex no Guarujá, que não haja seu dedo nos valiosos presentes de empreiteiras com o objetivo de valorizar esses imóveis, ou que não haja outro dedo seu nas imensas vigarices cometidas por seus subalternos enquanto era presidente da República. Há investigações sobre filhos, sobre a esposa, sobre velhos amigos da política. É dificílimo que outro de seus dedos aponte dirigentes importantes do PT livres de processos judiciais ou já presos. Murmura-se sobre o que pode surgir da delação premiada do Príncipe dos Empreiteiros, Marcelo Odebrecht, pois o que já foi dito a respeito de seu Governo por empreiteiros menos nobres e homens de negócios em geral é devastador.
Lula, político nato, sabe que, se não dá para discutir os fatos, deve-se mudar o foco da discussão. Criou então um fato político, levando seu caso ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Suíça, acusando o juiz Sergio Moro de “abuso de poder”. Contratou um advogado estrelado, Geoffrey Robertson, e caríssimo — dez mil euros por dia. Ele defendeu o criador dos WikiLeaks, Julian Assange. Mas que ação tomou Moro contra Lula? Nenhuma. Que pode fazer a ONU por Lula? Exceto redigir uma condenação ao Brasil, se achar que Lula tem razão, não tem o que fazer. E esse texto leva um ano para sair.
Tudo, pois, é marolinha. E, noves fora, nada.
Leite contra Lula
Moro não é, no momento, o problema de Lula: o problema é outro juiz, Ricardo Leite, da 10ª Vara do Distrito Federal. Leite transformou Lula em réu, pela primeira vez: tentativa de obstruir a ação da Justiça no caso da compra do silêncio de Nestor Cerveró. Ao lado de Lula, são réus no caso o ex-senador Delcídio do Amaral, o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai, seu filho Maurício Bumlai, o advogado Edson Ribeiro e o ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. Com Lula entre os réus, abre-se campo para que conte sua versão das histórias a seu respeito e até busque desmoralizar os acusadores.
A grande atração
Lula, em busca de novos fatos, volta às conferências, depois de um bom tempo sem convite para palestras — desde as primeiras delações premiadas que as apontaram como maneira de retribuir medidas governamentais. Neste fim de semana, a palestra “Sistema Financeiro e Sociedade” foi especial para dirigentes sindicais bancários, reunidos em evento da CUT em São Paulo. É o clima festivo de que Lula gosta, com aplausos garantidos e entusiásticos.
O custo da adesão
Kátia Abreu, a feroz antipetista que comandava a Confederação Nacional da Agricultura, CNA, conversou com a presidente Dilma Rousseff e gostaram uma da outra. Rapidamente se transformaram em amigas de infância, Dilma levou Kátia para seu Governo, Kátia foi uma das poucas autoridades a manter-se fiel à presidente na hora do impeachment. E agora paga a conta: seus liderados da CNA não a quiseram mais no cargo. E, para não ser deposta, Kátia Abreu renunciou ao cargo. Parabéns pela fidelidade à amiga — seja a amiga quem for.
Problema estranho
Nelson Jobim já ocupou vários cargos: foi ministro de Fernando Henrique e Lula, foi ministro do Supremo Tribunal Federal, foi deputado constituinte em1988, foi parceiro de Ulysses Guimarães na montagem da atual Constituição, é hoje advogado de sucesso. Nunca tinha sido banqueiro. Agora é: a convite do banqueiro André Esteves, grande acionista, transformou em sócio do BTG. A julgar pelas últimas fotos de Nelson Jobim, o BTG encontrou o sócio ideal: um que tem excesso de fundos.
Os gurus do vice
A ida do presidente Michel Temer à escola, para buscar o filho Michelzinho, de sete anos, foi uma iniciativa do trio de marqueteiros que o assessora. O objetivo (atingido) era mostrar que aquele cavalheiro impassível, formal, que se expressa em Português impecável e tem excelentes conhecimentos de Latim, casado com uma mulher bonita e quase 50 anos mais nova que ele, é gente como a gente, gente normal, com preocupações normais, e tem condições de obter índices mais altos de aprovação popular. O trio de marqueteiros é formado por Elsinho Mouco, Gaudêncio Torquato e Antônio Lavareda, este também responsável pela análise dos resultados.
Desculpe, Gleisi
Esta coluna se enganou, em sua última edição, ao informar que a senadora Gleisi Hoffmann é catarinense. Gleisi não é catarinense, mas paranaense. O equivoco, pelo qual este colunista se desculpa, provocou muitas manifestações de leitores de Santa Catarina e do Paraná. Os catarinenses protestaram. Os paranaenses agradeceram.
extraídadecolunadeaugustonunesfeiralivreveja
0 comments:
Postar um comentário