por Gullheme Fiúza Epoca
Dilma Rousseff afirmou que o Brasil está “de braços abertos” para receber refugiados de
outros países. Coração de mãe é uma bênção. Chefiando um governo que
não tem onde cair morto, fazendo a população de seu país comer o pão que
o diabo amassou numa crise hedionda, a presidenta-mulher encontrou
forças para seu aceno solidário ao mundo. A geopolítica das migrações
não será mais a mesma depois do brado retumbante de Dilma. A sorte é que o mundo não sabe distinguir solidariedade de pedalada verbal.
Para os não iniciados, vale o esclarecimento: pedalada verbal é quando
alguém fala alguma coisa para desviar a atenção de outra. A esperança da
presidenta-mulher e de seus mandantes é que a plateia abobada se
distraia mais um pouquinho com aquela conversa de coração valente,
dando-lhes algum oxigênio extra para a sobrevida no palácio. Dilma
discursou sobre os refugiados no 7 de Setembro, escreveu sobre os
refugiados em artigo na imprensa, usou seu posto de chefe de Estado na
Semana da Pátria para tratar dos refugiados no Oriente Médio. Se alguém
na Síria ouviu
esse apelo dramático, é capaz de atravessar o Mediterrâneo e o
Atlântico a nado para alcançar a salvação petista. Chegando à praia,
levará logo uma cravada da CPMF para saber onde está pisando.
Isso é tudo o que restou a Dilma e seu governo moribundo: demagogia
sentimental e chantagem emocional. Mas não custa mandar o aviso aos
refugiados de todo o planeta: o PT não é solidário nem com a mãe gentil. Depenou a economia popular
sugando o patrimônio público e se refugiou no palácio. Quem tentou
tirá-los de lá pelas vias normais (o voto) teve seus botes postos a
pique por uma artilharia pesada – incluindo roubo da maior empresa
nacional para financiar os truques eleitorais, segundo investigação da Operação Lava Jato.
Tesoureiros e financiadores da Miss Solidariedade, prezados refugiados,
já foram investigados e presos por tirar do povo para dar ao partido. O
Brasil está de braços abertos e os brasileiros estão de mãos ao alto.
A crise dos refugiados é terrível, e é terrível a carona que os
humanistas de butique pegam nela. A solução entoada pelos traficantes de
bondade é fácil: Europa,
abra as portas para todo mundo que quiser entrar! Deixe de ser egoísta e
xenófoba, socorra os migrantes que estão morrendo no mar! Aliás, por
que o mundo não pensou nisso antes? Todo ser humano que vive em
dificuldade em seu país pobre e violento deveria se mudar para um país
rico e pacífico. Pronto, tudo resolvido! E como fazer para que os
mercados e as cidades europeias absorvam as populações deslocadas e a
conta continue fechando, com bem-estar social para todos? Ora, se vira,
seu capitalista selvagem!
Um dos primeiros países não europeus a anunciar que estava de portas abertas para os refugiados foi a... Venezuela.
O companheiro Maduro talvez só fique devendo aos hóspedes o luxo de
usar papel higiênico, mas essas necessidades primárias são facilmente
substituíveis por uma boa cantilena chavista.
Tanto na Venezuela quanto no Brasil, na Argentina, na Bolívia e em
todos os países bonzinhos com o chapéu alheio, não existe esse problema
neoliberal de fazer a conta fechar. A conta foi privatizada pelos
companheiros, eles pedalam quanto quiserem para deixar os números lindos
de morrer – e dessa cartola sem fundo fazem aparecer o que quiserem.
Até bolsa refugiado.
Foi assim que o Brasil mandou pelos ares o tal grau de investimento, que
os petistas informam que não tem a menor importância. Afinal, quem está
preocupado com selo de bom pagador? O que importa é o selo de bom
falador – capaz até de falar aos corações dos refugiados d’além-mar. Se
faltar dinheiro, é só pedir para o Vaccari, ou para o Delúbio, ou para
algum ajudante deles que não esteja em situação de xadrez. E, se ainda
assim continuar faltando, não tem problema: é só meter a mão no bolso do
brasileiro, esse ser pacato e compreensivo.
“As pessoas nem sentem”, comentou o petista José Guimarães, líder do
governo na Câmara, sobre a recriação da CPMF. Mão leve é isso aí. E, se o
Brasil não se importa com o bolso, melhor entregar logo as calças aos
companheiros. Se mudar de ideia, a única saída é não aceitar mais mulher
sapiens refugiada em palácio.
extraídaderota2014blogspot
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