RUY CASTRO FOLHA DE SP
Em Moscou, uma jovem se pendurou numa ponte à altura de 12 metros e caiu ao tirar uma das mãos do parapeito a fim de fazer o clique. No Líbano, um homem foi lambido por uma onda gigante ao chegar bem perto da amurada do navio para uma foto. Em Genebra, uma suíça desmaiou ao tirar uma foto de rosto colado com o rapper Snoop Dogg –o hálito do cantor a fez desfalecer. Em Niágara, 12 japoneses (segundo Millôr Fernandes, não existe o japonês individual) foram tragados por uma cratera ao dar, cada qual, um passo atrás, para uma foto com a catarata ao fundo.
Quando se resgatam as câmeras desses infelizes e se visualizam as fotos que eles tiraram no momento fatal, constata-se que não eram infelizes –todos morreram sorrindo. Ou, pelo menos, estavam sorrindo um segundo antes de despencarem no abismo ou serem trespassados pelo chifre do búfalo.
Segundo a Sociedade Protetora dos Tubarões, com sede na Flórida, mais pessoas morrem por ano ao tirar selfies do que por ataque de tubarões. Essa sociedade já concluíra há tempos que as picadas de pernilongos também matam mais que os tubarões. A próxima comparação será entre os selfies e os pernilongos.
Os indígenas americanos não gostavam de ser fotografados. Diziam que as fotos lhes roubavam a alma. No nosso caso, ao darmos as costas a um monumento ou competição para tirarmos uma foto, a alma já foi para o beleléu. Só ficará a foto.
EXTRAÍDADEAVARANDABLOGSPOT
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