Campos quer Beltrame - MERVAL PEREIRA
O secretário de
Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, é o novo sonho de
consumo dos políticos. Cotado para vice na chapa oficial do governo do
Rio do PMDB, encabeçada por Pezão, Beltrame recebeu inesperado convite: o
governador Eduardo Campos (PE), preocupado em montar palanque
competitivo no Rio, sondou-o sobre a possibilidade de tê-lo como
candidato a governador pelo PSB.
Nada indica que Beltrame tenha sido picado pela mosca azul, mas ele não está disposto a aceitar ser vice de Pezão. Diz que está na hora de encerrar sua missão no Rio, e, numa piada politicamente incorreta, responde a quem lhe pergunta sobre o assunto: "Eu não sou vascaíno para querer ser vice." Mais ainda politicamente incorreta quando se sabe que o governador Sérgio Cabral é um vascaíno doente. Somente uma solução milagrosa o faria mudar de ideia, admite: que fiquem subordinadas a ele como vice-governador as áreas da saúde, educação e assistência social do futuro governo. Isso porque ele está preocupado com as medidas sociais que considera indispensáveis para dar consequência às medidas policiais que estão sendo tomadas com sucesso na implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas.
A escolha de Beltrame como vice na chapa oficial do governo do Rio, que chegou a ser anunciada como certa por Picciani, tem o objetivo claro de explicitar a continuidade desse trabalho que vem tendo sucesso na liberação de áreas da cidade onde reinavam os traficantes. Mas Beltrame está angustiado com o que vem depois, que ele considera imprescindível para o sucesso definitivo da operação de segurança, as chamadas UPPs sociais, nome, aliás, de que ele não gosta.
Beltrame já disse em diversas entrevistas que as questões sociais não são resolvidas com as UPPs, pois a polícia apenas cria um ambiente favorável a que os serviços públicos possam chegar às favelas e comunidades carentes. Ele teme que, se a questão social não for resolvida, as UPPs sofram com esse desgaste da ação do governo. E fica preocupado com o acúmulo de responsabilidade que recai sobre os policiais que estão trabalhando nas áreas de risco, pois os moradores se acostumam a identificar a polícia como responsável por questões que não lhe dizem respeito, como os serviços de recolhimento de lixo ou fornecimento de água e luz.
A ideia de trabalhar com os serviços públicos básicos ligados ao esquema de polícia pacificadora daria a eles maior aderência ao que precisa ser feito nas áreas pacificadas, mas o próprio Beltrame admite que não é possível fazer dessa a única prioridade do governo. Ele se angustia com o ritmo da instalação dos serviços públicos nessas regiões e teme o desgaste do trabalho das polícias pacificadoras. Não é o fuzil que fará com que a vida dos cidadãos melhore, repete sempre Beltrame, mas a chegada do estado a esses lugares, que lá não atuava ou tinha uma atuação prejudicada pelo domínio territorial dos traficantes.
O convite feito por Campos não parece ter empolgado o secretário de Segurança, que não pretende assumir uma carreira política e sente-se parte de um projeto do governador Sérgio Cabral. Mas não tão parte a ponto de aceitar ser o vice de Pezão sem as garantias suficientes de que a ação social nas comunidades carentes será a grande prioridade da próxima administração. Sair da esfera desse grupo político do PMDB do Rio para tentar a sorte numa campanha isolada pelo PSB não parece ser do estilo de Beltrame, embora caísse como uma luva no projeto de Campos, que joga na disputa entre o PMDB e o PT, que deve lançar o senador Lindbergh Farias como candidato a governador.
Se antes Campos achava que, em eventual briga política PT x PMDB, poderia sobrar para o PSB a candidatura Lindbergh, hoje já há convicção nos meios políticos de que o PT assumirá a candidatura do senador do Rio mesmo contrariando o desejo de Cabral. A incógnita é saber como Cabral reagirá: se aceitará que Dilma tenha dois palanques no Rio, coisa que ele continua dizendo que não tem cabimento, ou se romperá a aliança com Lula e Dilma para apoiar outro candidato, o que é mais improvável que a primeira hipótese.
Tanto que Campos já busca uma alternativa, e o potencial candidato do PSDB, Aécio Neves, está procurando no PDT aliança que tenha o deputado Miro Teixeira como candidato a governador.
Nada indica que Beltrame tenha sido picado pela mosca azul, mas ele não está disposto a aceitar ser vice de Pezão. Diz que está na hora de encerrar sua missão no Rio, e, numa piada politicamente incorreta, responde a quem lhe pergunta sobre o assunto: "Eu não sou vascaíno para querer ser vice." Mais ainda politicamente incorreta quando se sabe que o governador Sérgio Cabral é um vascaíno doente. Somente uma solução milagrosa o faria mudar de ideia, admite: que fiquem subordinadas a ele como vice-governador as áreas da saúde, educação e assistência social do futuro governo. Isso porque ele está preocupado com as medidas sociais que considera indispensáveis para dar consequência às medidas policiais que estão sendo tomadas com sucesso na implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas.
A escolha de Beltrame como vice na chapa oficial do governo do Rio, que chegou a ser anunciada como certa por Picciani, tem o objetivo claro de explicitar a continuidade desse trabalho que vem tendo sucesso na liberação de áreas da cidade onde reinavam os traficantes. Mas Beltrame está angustiado com o que vem depois, que ele considera imprescindível para o sucesso definitivo da operação de segurança, as chamadas UPPs sociais, nome, aliás, de que ele não gosta.
Beltrame já disse em diversas entrevistas que as questões sociais não são resolvidas com as UPPs, pois a polícia apenas cria um ambiente favorável a que os serviços públicos possam chegar às favelas e comunidades carentes. Ele teme que, se a questão social não for resolvida, as UPPs sofram com esse desgaste da ação do governo. E fica preocupado com o acúmulo de responsabilidade que recai sobre os policiais que estão trabalhando nas áreas de risco, pois os moradores se acostumam a identificar a polícia como responsável por questões que não lhe dizem respeito, como os serviços de recolhimento de lixo ou fornecimento de água e luz.
A ideia de trabalhar com os serviços públicos básicos ligados ao esquema de polícia pacificadora daria a eles maior aderência ao que precisa ser feito nas áreas pacificadas, mas o próprio Beltrame admite que não é possível fazer dessa a única prioridade do governo. Ele se angustia com o ritmo da instalação dos serviços públicos nessas regiões e teme o desgaste do trabalho das polícias pacificadoras. Não é o fuzil que fará com que a vida dos cidadãos melhore, repete sempre Beltrame, mas a chegada do estado a esses lugares, que lá não atuava ou tinha uma atuação prejudicada pelo domínio territorial dos traficantes.
O convite feito por Campos não parece ter empolgado o secretário de Segurança, que não pretende assumir uma carreira política e sente-se parte de um projeto do governador Sérgio Cabral. Mas não tão parte a ponto de aceitar ser o vice de Pezão sem as garantias suficientes de que a ação social nas comunidades carentes será a grande prioridade da próxima administração. Sair da esfera desse grupo político do PMDB do Rio para tentar a sorte numa campanha isolada pelo PSB não parece ser do estilo de Beltrame, embora caísse como uma luva no projeto de Campos, que joga na disputa entre o PMDB e o PT, que deve lançar o senador Lindbergh Farias como candidato a governador.
Se antes Campos achava que, em eventual briga política PT x PMDB, poderia sobrar para o PSB a candidatura Lindbergh, hoje já há convicção nos meios políticos de que o PT assumirá a candidatura do senador do Rio mesmo contrariando o desejo de Cabral. A incógnita é saber como Cabral reagirá: se aceitará que Dilma tenha dois palanques no Rio, coisa que ele continua dizendo que não tem cabimento, ou se romperá a aliança com Lula e Dilma para apoiar outro candidato, o que é mais improvável que a primeira hipótese.
Tanto que Campos já busca uma alternativa, e o potencial candidato do PSDB, Aécio Neves, está procurando no PDT aliança que tenha o deputado Miro Teixeira como candidato a governador.
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