Bolsa Família e a ‘central de mentiras’ do PT - ROBERTO FREIRE
Os boatos sobre o suposto fim do Bolsa Família, que levaram quase 1milhão de beneficiários do programa a realizar 920 mil saques em um único fim de semana, no valor total de R$ 152 milhões, comprovam que jamais se deve subestimar a capacidade do governo petista de mentir e criar factoides. Nos dias 18 e 19 de maio, filas intermináveis se formaram em várias agências da Caixa Econômica Federal espalhadas por 13 estados brasileiros, o que gerou tumulto e depredações
Horas depois do episódio, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário,da estrita confiança da presidente Dilma Rousseff, atribuiu os boatos a uma “central de notícias da oposição”,que naturalmente só existe em sua delirante e irresponsável imaginação. Também açodado,o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sugeriu que teria havido uma “orquestração”. A própria Dilma, por sua vez, falou em ação “criminosa e desumana”. A fraude da versão oficial começou a ser desmontada quando se soube que a Caixa alterou todo o calendário de pagamentos do Bolsa Família, sem aviso prévio aos beneficiários, um dia antes de eclodirem os boatos.
Ainda no dia 17, véspera do fatídico sábado em que uma multidão de brasileiros se aglomerou nas agências para sacar o dinheiro, R$ 2 bilhões foram liberados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões de famílias atendidas. Até que o jornal “Folha de S.Paulo” noticiasse a súbita mudança nas regras de pagamento escalonado, a Caixa sustentava que havia liberado os recursos apenas depois do surgimento dos rumores, justamente para conter o pânico rapidamente disseminado. Nada mais falso.
Tratava-se, de fato, de uma mentira deslavada. Flagrado em escandalosa contradição, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, se viu obrigado a pedir desculpas publicamente pelo suposto “erro operacional”, que covardemente atribuiu a funcionários de terceiro escalão. Talvez inspirado pelo ex-presidente Lula, aquele que jamais sabia de nada, Hereda afirmou que a decisão de liberar o montante não passou pela cúpula do banco, o que simplesmente não é crível. Para agravar a situação, suas estapafúrdias explicações não esclareceram, afinal, porque os beneficiários do programa não foram sequer avisados sobre o pagamento antecipado.
É evidente que ainda há perguntas demais e respostas de menos neste mais novo imbróglio em que se meteu a administração petista. Mas já não há dúvidas de que o governo Dilma, na melhor das hipóteses, foi omisso, irresponsável e leviano do início ao fim deste episódio, e de que o presidente da Caixa mentiu ao país, o que por si só deveria ensejar seu imediato afastamento do cargo.
Diante de mais uma série de lambanças que contam com a assinatura do governo petista e da Caixa Econômica Federal, há de se perguntar o que Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo e Dilma Rousseff teriam a dizer neste momento. Ao que tudo indica, os boatos que assustaram os beneficiários do Bolsa Família, infelizmente cada vez mais dependentes das benesses do Estado e ludibriados pelo assistencialismo barato, partiram não de uma “central de notícias da oposição”,mas da inesgotável central de mentiras do próprio governo do PT.
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