Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ataque à UPP requer resposta à altura



Ataque à UPP requer resposta à altura O Globo - Semana passada, supostamente por ordem de bandidos ligados à facção criminosa asfixiada pela bem-sucedida instalação de Unidades de Polícia Pacificadora na comunidade, parte do comércio do Complexo do Alemão preventivamente fechou as portas. Em algumas outras favelas pacificadas também já se registraram pequenas reações, pontuais, do que nelas restou dos grupos criminosos desmobilizados. São episódios indesejados, por óbvio, mas até certo ponto previsíveis em regiões que passaram longos anos sob o jugo do crime organizado, e a eles o governo do estado deu as respostas corretas.
No entanto, o que ocorreu anteontem no Alemão, quando traficantes promoveram um tiroteio antes do início de uma corrida, difere-se desses outros acontecimentos. Foi algo bem mais grave o que aconteceu, não só por ter provocado pânico entre as pessoas que ali estavam presentes para participar de uma festa. Deu-se um ato de provocação dentro de um evento em que a comunidade e representantes do governo - entre os quais o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame - comemorariam mais um ano do resgate, para a cidadania, de uma região que vivera a violência do domínio dos traficantes.

O Complexo do Alemão é um marco no programa de UPPs. Sua retomada foi uma resposta firme, precisa e oportuna à onda de terrorismo com a qual o tráfico no Rio procurou emparedar o poder público em 2010. O resgate daquela extensa área sob domínio do crime organizado ainda não estava, naquele momento, na agenda do governo. Mas, em face da gravidade da situação, antecipou-se a invasão do bunker da quadrilha lá encastelada. O sucesso das ações fez da operação um modelo para novos resgates de comunidades subjugadas, graças ao apoio efetivo da União, por meio das Forças Armadas e Polícia Federal. Afrontas como a de anteontem, portanto, têm um significado mais preocupante e não podem ser entendidas como simples escaramuças promovidas por bandidos em desespero. Houve, neste caso, o propósito claro de desacatar o Estado, ressuscitar a sensação de insegurança que a comunidade viveu por muito tempo (interrompida com a pacificação da área) e fazer passar a enganadora impressão de que o tráfico tem condições de ali voltar a dar as cartas.
Num primeiro momento, a reação do governo foi correta, reafirmando que o primado da legalidade não será arranhado. Mas é crucial que não se limite a isso, e todos os agressores sejam presos. Episódios dessa gravidade reclamam respostas mais firmes, na forma de ações - sem ameaças à integridade da população, sem tiroteios e balas perdidas - que, de fato, passem a todos a certeza de que o tráfico, se, por impossível, não está aniquilado, ficou reduzido a espasmódicas tentativas de reação, sem qualquer chance de êxito. Até como emblema do sucesso das UPPs, o Alemão não pode dar abrigo a qualquer retrocesso no programa.

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