Pretendo demonstrar hoje que não apenas foi influenciada, como se apossou da linguagem militar, corrompeu-a e a distorceu para emprego em assuntos civis, que nada têm a ver com seu emprego original.
Desde 1985 pelo menos, termos militares foram paulatinamente introduzidos nos assuntos civis a ponto de que hoje nem se percebe como são usadas palavras que antes não faziam parte de nosso linguajar comum. Um exemplo é que antes pessoas e empresas faziam 'planos para o futuro'. Hoje planejam ‘estratégias’ e ‘táticas’. Os cursos para empresários e executivos são baseados na Arte da Guerra, de Sun Tzu, ou do livro homônimo de Maquiavel, e O Príncipe. Estou certo de que pessoas da carreira militar sabem diferenciar com precisão suas atividades militares das pessoais e domésticas e empregar os termos específicos.
Quando se ouve ou se lê sobre alguma medida do governo ou de instituições, ONG's e associações profissionais, as palavras ‘luta’, ‘desafio’, ‘avanços’, ‘retrocesso’, ‘conquistas’ abundam.
Exemplificando: a união estável de pessoas do mesmo sexo – palavra caída em desuso e substituída por gênero, como se fôssemos xícaras e copos e não homens e mulheres com diferenças anatômicas óbvias! – é um "avanço". A criminalização do aborto é um "retrocesso". No primeiro caso logo vem a continuação: "mas precisamos avançar mais na luta pelos direitos dos gays, lésbicas, travestis e transexuais", o que significa romper ‘os bastiões’ da arcaica moralidade judaico-cristã. A eleição do deputado Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos é "um enorme retrocesso" e os protestos contra o mesmo são para defender avanços necessários. Uma turba ensandecida tenta impedir que as reuniões se realizem, muitos ao beijar pessoas do mesmo sexo em público, talvez estivessem encontrando uma bela desculpa para satisfazer impulsos inconfessáveis.
Que importância tem isto? Em primeiro lugar, esta é, desde sempre, a linguagem revolucionária dos terroristas e guerrilheiros que tomaram o governo do país. Eles não sabem falar outra. Segundo, a imposição desta linguagem guerreira a toda a sociedade serve para prepará-la para a próxima fase revolucionária: o total controle sobre ela. Os avanços não levam a "conquistas" da "sociedade civil", mas da Nova Classe sobre uma sociedade civil militarizada. O paroxismo desta situação só será atingido quando houver um total controle da população, como nos regimes comunistas e fascistas, basta ver os numerosos desfiles programados pelos governos totalitários. Os filmes de Leni Riefenstahl sobre o estado nazista ('O Triunfo da Vontade' e 'Olympia') e a verdadeira obsessão pelo uso de fardas e títulos militares, como tinham Trotsky, Lenin, Fidel, Hitler, Himmler, entre nós o ex-ministro Jobim, entre outros. Nenhum deles foi militar de carreira, mas adoravam fardas, o que é um tipo disfarçado de travestismo. O que Hitler fez em seis meses com a truculência das SA e SS, aqui esta sendo feito pela estratégia dos Cadernos do Cárcere: a Gleichshaltung, que é a coordenação, harmonização, sincronização e uniformização de todos os aspectos da sociedade e sua conformação com os desígnios da Nova Ordem. O termo Gleichschaltung é usado para significar o processo pelo qual o nazismo conseguiu estabelecer um efetivo sistema de controle totalitário. O historiador Richard J. Evans traduziu-o como ‘coordenação forçada’.
Artigo para publicação no Jornal Inconfidência, Belo Horizonte, MG.
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