É um fato histórico inegável o perigo
que o governo representa tanto para liberdade quanto para a
prosperidade. Mesmo os freios e contrapesos (checks and balances)
do nossos sistema político nem sempre são suficientes para conter o
avanço da mão estatizante do governo. Até a Constituição dos Estados
Unidos parece, neste momento, um instrumento totalmente desguarnecido
para previnir a negação dos direitos de propriedade ou a aprovação de
leis arbitrárias. E agora que os Estados Unidos estão muito próximos de
uma grande eleição, alguns de nós estremecemos ante a visão do panorama
vindouro. Dado que todas as percepções tradicionais da constituição
estão se corroendo e desaparecendo e a intervenção do governo no setor
financeiro tornou-se difusa, não podemos supor que o sistema tem muito
tempo de sobra.
No livro Liberalismo segundo a tradição clássica,
o economista austríaco Ludwig von Mises escreveu: “Todos aqueles que
detenham posição de poder político, todos os governos, todos os reis e
todas as autoridades republicanas têm sempre encarado, com desconfiança,
a propriedade privada. Há, em todo poder governamental, uma tendência
inerente de não reconhecer limitações ao seu campo de ação, e de
estender, o mais possível, a esfera de seus domínios”. E precisamos
addmitir que o governo dos Estados Unidos, sob os dois grandes partidos,
tem movido continuamente em direção à violação dos direitos de
propriedade. Muitas das crises que ocorrem hoje foram causadas ou
exacerbadas pela intervenção governamental – da bolha no mercado de
imóveis à crise do débito. Mas quanto o governo é responsável? É
verificável que a cada rodada de acontecimentos o governo ganha mais
poder ao fim de uma crise enquanto a liberdade de mercado é cada vez
mais desrespeitada. A justificativa oficial é que a economia ficou
descontrolada e algo deve ser feito para previnir esse colapso total.
Na verdade é o governo que ficou
descontrolado e a mutilação econômica que vemos nos dias de hoje é um
reflexo disso. É um reflexo das muitas regras, taxações e demasiada
intervenção. “Se ao menos a propriedade privada não estivesse no
caminho!” escreveu sarcasticamente Mises sobre a mentalidade
intervencionista.
Quais são os males associados à
propriedade privada? Simples, é o fato da propriedade privada significar
um santuário ao qual o indivíduo é livre do controle dos funcionários
do governo. Aqui a casa de um homem é sacrossanta. Seu negócio é
sacrossanto. Suas relações econômicas são sacrossantas. É nisso que
reside o maior obstáculo para o poder absoluto. Quanto aborrecimento
isso causa àqueles que não possuem nada que seja inviolável, cuja
arrogância pretende controlar tudo e todos; pessoas que ardorosamente
acreditam, sem o mínimo de humildade, que sabem o que é melhor. Com tais
pessoas em volta, a propriedade privada deve, inevitavelmente, ser
demonizada. E assim por diante.
A eleição de 2012 é às vezes apresentada
como uma disputa entre duas ideias divergentes de governo. De um lado,
há o suposto Partido do Capitalismo. Do outro há o Partido do
Socialismo. Talvez a verdade seja melhor dita dessa maneira: ambos os
partidos estão atendendo às demandas mais baixas para uma população que
está cada vez mais cheia de direitos e narcisista. Os dois candidatos
prometem benefícios para os eleitores – benefícios comprados e pagos à
custa de empréstimos e desvalorização da moeda ou pela taxação que nos
levará à uma nova Idade das Trevas.
Não se preocupe, se tudo entrar em colapso, o governo salvará você.
Mas o governo tem causado o colapso, e deste modo, ele não pode
salvar-se de si mesmo. No caso da moeda inflacionar ou nossa intimidação
nuclear falhar, nossos sistema pode colapsar. O que o governo fará
então? E como o governo vai pagar por ter feito isso?Publicado no Financial Sense.





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