Jornalista Andrade Junior

sábado, 28 de dezembro de 2024

Mãos sujas de sangue

 Roberto Rachewsky


Este texto teve uma enorme repercussão quando foi publicado pelo jornal Zero Hora em 14/05/2013. Fizeram ainda um editorial no fim de semana seguinte tratando do assunto com mais profundidade, com entrevistas e opiniões especializadas.


O problema que subjaz aqui, é o ativismo judicial que viola todos os princípios da justiça e dos direitos, em nome de uma visão ideológica, corrupta e perversa, que é a chamada doutrina da justiça social, carregada de vitimismo e assistencialismo, que desgraça qualquer sociedade em que é adotada e aplicada por quem deveria ser justo com base nos fatos e na moral.


O pior é que isso não apenas tomou conta do judiciário com a cumplicidade dos que prezam pela justiça e pelos direitos como penetrou nas mais altas instâncias como no STF que inclusive jogou a Constituição no lixo. Leiam:


Mãos sujas de sangue


Sempre que há um latrocínio, as pessoas ficam se questionando se houve reação da vítima para ter sido morta. Alguns dizem: “Mas ele morreu porque reagiu”. Outros supõem: “Não tivesse reagido, teria sido poupado e estaria vivo ainda”. Quando ocorre um estupro, há os que dizem que pode ter havido provocação. “Ah, também, com aquela roupa indecente” ou “O que fazia uma menina naquele lugar, naquela hora? Estava pedindo”. Se roubaram a carteira de alguém, se escuta: “Tinha que levar no bolso da frente” ou “Deve ter dado sopa”.


Ora, essa discussão é absolutamente irrelevante. Busca transferir a culpa do crime para a vítima. Despreza nosso direito de reagir a um ataque violento, de esboçar um não, de ir e vir por aí, mesmo que isso possa parecer

insensatez. Independentemente do tipo de ação ou reação da vítima, a responsabilidade pelo crime ocorrido é, e sempre será, do agressor que iniciou a ação violenta.


Não somos culpados quando alguém nos rouba porque ostentamos. Não somos culpados quando alguém nos estupra porque ostentamos. Não somos culpados quando alguém nos assassina se ostentamos. Para crápulas que roubam, estupram ou assassinam, ostentamos o que não possuem, uma vida digna.


Não somos culpados quando reagimos. Há apenas dois culpados pela criminalidade, os que cometem o crime e os que não cumprem com sua função de o impedir pela força da polícia ou de o remediar pela força da justiça.


Não se acabará com a criminalidade epidêmica sem que se apliquem os únicos antídotos que se conhece para tal: desimpedir nossa capacidade de reação, por meio

da garantia do direito de legítima defesa; implementar a proteção ostensiva, por meio da polícia bem aparelhada e treinada para enfrentar bandidos, ao invés de ser utilizada para impor regras que servem para nos tutelar; e, finalmente, aplicar a punição exemplar, onde as penas estabelecidas sejam cumpridas sem redução e progridam, com majorações, em caso de mau comportamento ou falta

de cooperação do condenado.


Os que falam em desarmamento e se opõem à pena de morte esquecem que bandidos estão armados até os dentes e que a pena de morte já existe no Brasil. Ela vem sendo aplicada, indistintamente, a cidadãos de bem, crianças, jovens, adultos ou idosos.


Estamos todos sob julgamento sumário, diário e constante, onde a sentença definitiva é dada por bandidos de todas as idades, e a audiência, composta pela massa passiva do Estado que, suja de sangue, levanta, justifica a perversão, vira as costas, e volta para casa para lavar as mãos.









publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/maos-sujas-de-sangue/

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