Revista Oeste
“No primeiro dia, minha mulher teve 37,7 graus de febre e dores no corpo. No segundo, continuou com 37,8 graus de febre, dores no corpo e ela não conseguia levantar-se da cama. À noite tomou a hidroxicloroquina. Na manhã seguinte, acordou como se não tivesse nada. Ao fazermos o PCR, ficou comprovado que ela havia sido infectada pelo coronavírus”. O autor do relato é Marcos Stávale, um dos maiores neurocirurgiões do Brasil.
“Deve-se considerar o uso desse medicamento logo no início dos sintomas”, diz. “Obviamente, cardiopatas devem evitá-lo e, em alguns outros casos, a cloroquina também não é recomendável. Mas os efeitos colaterais são menos frequentes e a grande maioria dos que forem contaminados pode tomar com baixo risco de complicação, desde que o tratamento seja ministrado da forma correta e com acompanhamento médico”. A mulher de Stávale foi medicada com cloroquina associada à azitromicina.
A declaração de Stávale corrobora a reportagem de capa da revista OESTE desta semana, amparada em depoimentos de pacientes que melhoraram do coronavírus depois de medicados com hidroxicloroquina. “Países como França, Itália, Índia e Colômbia reviram protocolos e passaram a admitir o uso da HCQ no surgimento dos primeiros sintomas de covid-19 e não apenas em pacientes em estado grave”, informou a reportagem.
Há uma semana, 30 cientistas assinaram um documento em defesa do uso da substância em pacientes não-graves infectados pelo vírus. Em entrevista à OESTE, a imunologista e oncologista Nise Hitomi Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina, também defendeu o uso da hidroxicloroquina associada à azitromicina já no segundo dia depois do início do aparecimento de sintomas como tosse, coriza e perda de olfato.
A Turquia divulgou recentemente progressos significativos com a hidroxocloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus nos estágios iniciais da doença. “Muitos países estão prescrevendo esse medicamento para pacientes entubados, mas nossos médicos estão comprovando que ela é eficiente no início do tratamento, para evitar que o vírus se espalhe pelo organismo” disse Fahrettin Koca, ministro da Saúde turco.
Marcos Stávale acredita que, no quadro atual da pandemia, é importante que os infectologistas considerem seriamente o uso que, como ele próprio observou, parece ter funcionado com sua mulher. “Existe o argumento de que os estudos ainda não são conclusivos, mas neste caso a observação clínica é muito importante”, enfatiza. “Estamos vivendo um momento em que é difícil esperar a situação ideal para começar a agir. O tempo é curto e as coisas podem piorar. Quando o vírus chegar à população mais carente, essa epidemia pode sair do controle”.
Talvez por lidar com a vida e a morte – e possíveis sequelas – dos pacientes que deitam diariamente na mesa de cirurgia, Stávale resume numa palavra o que recomenda agora: coragem. E repete a pergunta que muitos fazem há semanas: “Se esta é uma arma que tem se mostrado eficiente, por que não podemos usá-la?”
publicadaemhttp://rota2014.blogspot.com/2020/05/depoimento-de-marcos-stavale-um-dos.html
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