Jornalista Andrade Junior

sábado, 22 de dezembro de 2018

Grupo Abril é vendido e dá calote bilionário em bancos e funcionários

IstoE

Vivendo uma crise que forçou a empresa a pedir recuperação judicial, fechar quase todos seus títulos e mudar o local de suas redações, a Editora Abril agora tem novo dono. Pela bagatela de R$ 100 mil, o empresário Fábio Carvalho comprou a empresa, assumindo também os R$ 1,6 bilhão de dívidas que forçaram a editora a entrar com o pedido de recuperação.
O executivo é conhecido por ser especialista em aquisição de empresas em crise e controla a Leader Magazine, rede varejista do Rio de Janeiro que atua em oito estados do sudeste e nordeste. De acordo com o Valor Econômico, ele assume as operações com respaldo do banco BTG Pactual que, através de sua empresa de recuperação Enforce, negocia com bancos credores do grupos, como Itaú, Santander e Bradesco. Esses bancos também precisam aprovar a venda das ações, pois títulos da editora, como Veja e Exame, foram dados como garantia. O BTG Pactual, no entanto, não tem a intenção de assumir parte editorial da Abril em um modelo similar ao da XP Investimentos com a Infomey.
As empresas em que Fabio Carvalho possui participação têm faturamento anual maior que R$ 4 bilhões. Ele assume uma empresa que deve para cerca de 3.000 funcionários e diversos fornecedores. Do total da dívida, estimada em R$ 1,6 bilhão, cerca de 75% do valor é para bancos. O atual ponto da dívida é o ápice de um processo de endividamento que começou no final dos anos 1990. O valor de compra de R$ 100 mil é quase simbólico. Carvalho venceu uma outra oferta concorrente, coordenada pela Guilder Capital, do executivo João Consiglio, e que contava com ajuda da BRZ Investimentos, segundo o Valor Econômico.
O acordo entre Carvalho e a família Civita – que fundou a editora em 1950 com Victor Civita – prevê a aquisição de 100% das ações do grupo, porém a transação deve ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o que deve demorar cerca de 45 dias.
Inicialmente a venda não irá alterar os termos da proposta de quitação, que propõe calote de até 92% da dívida e prazo de 18 anos para pagar seus credores apresentada a Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo. A proposta deve ser submetida à assembleia de credores, esperada para acontecer no mês de março.
Desde julho, o grupo está sendo gerido pela consultoria Alvarez & Marsal. Se o acordo for aprovado, a nova equipe nomeada por Fábio Carvalho se juntará aos executivos da Abril e da Alvarez & Marsal para uma transição.











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