Jornalista Andrade Junior

sábado, 7 de abril de 2018

FANTASMA

MIRANDA SÁ


“É muito mais difícil matar um fantasma do que uma realidade.”

(Virginia Woolf)
As minhas andanças pelo Centro, aqui no Rio, levam-me habitualmente aos sebos de livros, desde os luxentos até aos pés-de-chinelo. Dos livros raros de R$ 1 mil até os de preços atraentes a partir de R$ 1,99…

Um dia desses encontrei numa banca da saída da Estação Carioca do Metrô, um livro cujo título me atraiu “A Síndrome de Rebeca” por causa de um dos primeiros filmes dirigidos por Alfred Hitchcock, que me encantou na adolescência, “Rebecca, a mulher inesquecível”.

O roteiro veio do romance de Daphne Du Maurier, escritora britânica, que nasceu em Londres, em 1907, de uma família de artistas e intelectuais. O filme explorou o fundo psicológico do romance com o suspense característico de Hitchcock e interpretado por excelentes atores, Laurence Olivier, Joan Fontaine, George Sanders e Judith Anderson.

O filme, produzido por David O. Selznick que um ano antes lançara “E o vento levou”, conquistou duas estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor filme.

A autora do livro “A Síndrome de Rebeca”, é Carmen Posadas, jornalista e escritora uruguaia nacionalizada espanhola. Sua obra mergulha em experiências psicológicas aproveitando-se de casos reais, propondo-se a exorcizar fantasmas do passado.

Como os “fantasmas do passado” preocupam muita gente, inclusive a mim, resolvi dar uma de caça-fantasmas como assistimos na série de televisão e vamos jogar ainda este ano jogo desenvolvido para Androide e iOS para capturar fantasmas “no mundo real”.

Na mansão gótica que serve de sede para o STF se realiza um sombrio festival de fantasmas dos governos passados, dançando ao ritmo de versões da lei para todos os gostos, contanto que atenda aos interesses fantasmagóricos.

É lá o ambiente ideal para uma caçada aos espíritos malignos, sob o reinado do egoísmo, filho da soberba e da vaidade, num cenário mórbido como o Purgatório que Dante Alighieri descreveu na sua “Divina Comédia”.

Foi de lá, dos escaninhos que arquivam a covardia e o mercenarismo, que libertaram os diabretes da impunidade, espíritos galhofeiros que querem bagunçar o Brasil, porque não conseguiram implantar aqui o desgraçado socialismo bolivariano que arrasou a Venezuela, outrora o país mais rico da América Latina.

Desfilam Marco Aurélio que com o hálito do mau humor, chamou a presidente Carmen Lúcia de “traidora”; e se segue o decano Celso de Mello, procurando os holofotes da mídia, que adora. Mostram quem são, com críticas rudes ao juiz Sérgio Moro só por que este porque pediu a manutenção da prisão após condenação na 2ª Instância.

Temos ali a imagem espectral de Lewandowski rasgando a Constituição para manter os direitos políticos da impichada Dilma Rousseff, e levando parlamentares do PT ao gabinete de Carmen Lúcia, segundo o bem informado jornalista Gerson Camarotti.

A visagem de Luiz Fux vagueia relatando o processo sobre o pagamento de auxílio-moradia a juízes, que retirou da pauta do Plenário, adiando a decisão para as calendas gregas; e, assombrando a quente, materializa-se o ex-advogado do PT, Dias Toffoli, que foi chefe da AGU no governo Lula, assumindo direta ou indiretamente os malefícios causados pelo Pelegão.

Na cota feminina das assombrações, a volátil Rosa Weber entre o certo e o errado, sempre defendendo o contrário; e nesta sessão, baixa Roberto Barroso ronronando uma frase antológica sobre Gilmar Mendes: “Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”.

E a apavorante figura de Gilmar apelidado pelo povo como “ministro laxante” por soltar corruptos presos pela Lava Jato; ele tem engavetado no STF um abaixo-assinado que pede o seu impeachment com quase 2 milhões de assinaturas.

Outra alma penada, Edson Fachin, um ex-filiado ao PT que procura a salvação, mostrando-se fiel ao texto da lei; muito diferentemente do ex-secretário de Kassab na Prefeitura de São Paulo, Alexandre Moraes que dispensa outra apresentação…  Por fim, a figura vampiresca de Carmen Lúcia, sem saber se vai ou se fica, indefinida entre as fervorosas orações da direita e da esquerda.

Neste quadro, é uma exigência patriótica um exorcismo para esconjurar os fantasmas da ópera bufa que ridiculariza a magna figura da Justiça!








































EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSASINDICAL

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