MIRANDA SÁ
“É muito mais difícil matar um fantasma do que uma realidade.”
(Virginia Woolf)
As
minhas andanças pelo Centro, aqui no Rio, levam-me habitualmente aos
sebos de livros, desde os luxentos até aos pés-de-chinelo. Dos livros
raros de R$ 1 mil até os de preços atraentes a partir de R$ 1,99…
Um
dia desses encontrei numa banca da saída da Estação Carioca do Metrô,
um livro cujo título me atraiu “A Síndrome de Rebeca” por causa de um
dos primeiros filmes dirigidos por Alfred Hitchcock, que me encantou na
adolescência, “Rebecca, a mulher inesquecível”.
O
roteiro veio do romance de Daphne Du Maurier, escritora britânica, que
nasceu em Londres, em 1907, de uma família de artistas e intelectuais. O
filme explorou o fundo psicológico do romance com o suspense
característico de Hitchcock e interpretado por excelentes atores,
Laurence Olivier, Joan Fontaine, George Sanders e Judith Anderson.
O
filme, produzido por David O. Selznick que um ano antes lançara “E o
vento levou”, conquistou duas estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor
filme.
A
autora do livro “A Síndrome de Rebeca”, é Carmen Posadas, jornalista e
escritora uruguaia nacionalizada espanhola. Sua obra mergulha em
experiências psicológicas aproveitando-se de casos reais, propondo-se a
exorcizar fantasmas do passado.
Como
os “fantasmas do passado” preocupam muita gente, inclusive a mim,
resolvi dar uma de caça-fantasmas como assistimos na série de televisão e
vamos jogar ainda este ano jogo desenvolvido para Androide e iOS para
capturar fantasmas “no mundo real”.
Na
mansão gótica que serve de sede para o STF se realiza um sombrio
festival de fantasmas dos governos passados, dançando ao ritmo de
versões da lei para todos os gostos, contanto que atenda aos interesses
fantasmagóricos.
É
lá o ambiente ideal para uma caçada aos espíritos malignos, sob o
reinado do egoísmo, filho da soberba e da vaidade, num cenário mórbido
como o Purgatório que Dante Alighieri descreveu na sua “Divina Comédia”.
Foi
de lá, dos escaninhos que arquivam a covardia e o mercenarismo, que
libertaram os diabretes da impunidade, espíritos galhofeiros que querem
bagunçar o Brasil, porque não conseguiram implantar aqui o desgraçado
socialismo bolivariano que arrasou a Venezuela, outrora o país mais rico
da América Latina.
Desfilam
Marco Aurélio que com o hálito do mau humor, chamou a presidente Carmen
Lúcia de “traidora”; e se segue o decano Celso de Mello, procurando os
holofotes da mídia, que adora. Mostram quem são, com críticas rudes ao
juiz Sérgio Moro só por que este porque pediu a manutenção da prisão
após condenação na 2ª Instância.
Temos
ali a imagem espectral de Lewandowski rasgando a Constituição para
manter os direitos políticos da impichada Dilma Rousseff, e levando
parlamentares do PT ao gabinete de Carmen Lúcia, segundo o bem informado
jornalista Gerson Camarotti.
A
visagem de Luiz Fux vagueia relatando o processo sobre o pagamento de
auxílio-moradia a juízes, que retirou da pauta do Plenário, adiando a
decisão para as calendas gregas; e, assombrando a quente, materializa-se
o ex-advogado do PT, Dias Toffoli, que foi chefe da AGU no governo
Lula, assumindo direta ou indiretamente os malefícios causados pelo
Pelegão.
Na
cota feminina das assombrações, a volátil Rosa Weber entre o certo e o
errado, sempre defendendo o contrário; e nesta sessão, baixa Roberto
Barroso ronronando uma frase antológica sobre Gilmar Mendes: “Você é uma
pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de
psicopatia”.
E
a apavorante figura de Gilmar apelidado pelo povo como “ministro
laxante” por soltar corruptos presos pela Lava Jato; ele tem engavetado
no STF um abaixo-assinado que pede o seu impeachment com quase 2 milhões
de assinaturas.
Outra
alma penada, Edson Fachin, um ex-filiado ao PT que procura a salvação,
mostrando-se fiel ao texto da lei; muito diferentemente do ex-secretário
de Kassab na Prefeitura de São Paulo, Alexandre Moraes que dispensa
outra apresentação… Por fim, a figura vampiresca de Carmen Lúcia, sem
saber se vai ou se fica, indefinida entre as fervorosas orações da
direita e da esquerda.
Neste
quadro, é uma exigência patriótica um exorcismo para esconjurar os
fantasmas da ópera bufa que ridiculariza a magna figura da Justiça!
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSASINDICAL
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