ADRIANO PIRES ESTADÃO
Em junho de 2017, a Petrobrás aprimorou a sua política de preços, aumentando a frequência dos ajustes dos preços da gasolina e do diesel, transformando-os em quase que diários. A explicação é que os reajustes mensais não haviam sido suficientes para acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados no mercado internacional. Com reajustes quase que diários, os preços nas refinarias da Petrobrás passaram a ficar mais próximos dos praticados no mercado internacional. A redução do intervalo de reajustes mostrou maior alinhamento da empresa com as políticas adotadas em países em que o mercado funciona, como é o caso dos Estados Unidos e Europa. Além disso, vai exigir por parte dos importadores um grau de profissionalismo e competência maior que na primeira fase da política de preços. Isso porque com os reajustes diários o risco de importação aumenta em função dos prêmios terem sido reduzidos. As importações vão continuar até porque não vemos no horizonte investimentos grandes em refino no País. Haverá uma certa seleção natural em que só os bons conhecedores de trading de combustíveis permanecerão no mercado.
Toda essa mudança baseada em regras de mercado só trouxe benefícios para a Petrobrás, importadores, distribuidoras, postos de revenda e consumidores. Entretanto, essa nova precificação dos combustíveis nas refinarias da Petrobrás vem causando certo desconforto e insatisfação daqueles que estão com saudades e, portanto, querem de volta a velha Petrobrás, que era obrigada a pagar a conta dos aumentos do petróleo. O fato é que vícios antigos custam a passar. As estratégias do segmento downstream precisam se adaptar aos novos tempos, sendo necessário que todos os membros da cadeia tenham ciência e responsabilidade no gerenciamento dos seus negócios, seus preços e competitividade, sem culpar os demais por eventualidades. A revenda, por exemplo, que lida com o consumidor final, pode e deve adaptar seus negócios para garantir ganhos, pela adição de serviços nos postos e investimento em tecnologia destinada a ganho de produtividade. Afinal de contas, a busca de competitividade no mercado livre exige soluções próprias.
O fato é que a política de preços adotada pela Petrobrás vem cumprindo o seu papel. As práticas e regras de mercado contribuirão para reduzir os riscos de variações extemporâneas nos preços futuros de combustíveis e trazer estabilidade ao setor. Não podemos permitir que o Brasil volte a viver um conto baseado numa ficção econômica. Precisamos sim avançar, por exemplo, discutindo uma nova política tributária para o setor de combustíveis, talvez instituindo um imposto único, ao invés dos atuais PIS/Cofins e os ICMS estaduais, que nos parece não estarem em sintonia com os novos tempos.
EXTRAÍDADEAVARANDBLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário