MIRANDA SÁ
“Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas” (Mark Twain)
Escrevi
o artigo “PESQUISA”, comentando o uso do empirismo – pesquisa sujeita a
erros estatísticos e realizada em qualquer ambiente -, dizendo que
teria sido Satanás quem induziu um vigarista qualquer para aplicá-la
como “pesquisa eleitoral”.
Recebi
algumas críticas, de pessoas que ainda acreditam na honestidade de quem
mexe com política… Tudo bem, que cada um acate as amostragens dos
institutos que exploram esta modalidade como ferramenta; só não aceito é
dizer-se que a Estatística é uma ciência…
A
Estatística é, na realidade, um conjunto de técnicas e métodos de
pesquisa, responsável pela coleta, organização e interpretação de dados e
a demonstração dos resultados obtidos, na maioria aleatórios.
Na
minha opinião, a estatística não é uma ciência, apenas um método
matemático aplicado em estudos observacionais e análise dos resultados, o
que é positivo; mas quando usada para fins eleitorais não passa de uma
arte de enganar desavisados.
Aproveitam-na,
por exemplo, com a capciosa a aplicação de teorias probabilísticas para
explicar ocorrências políticas. Lembro uma anedota sobre tal obtenção
de dados em situação indefinível ao se concluir que, sentados à mesa, um
dos convivas come um galeto e outro não, resulta estatisticamente que
cada qual comeu meio galeto…
A
respeito dessa possibilidade pouco se pode acrescentar, exceto
reconhecer que a estatística é, sem dúvida, um ramo da matemática que,
se aplicada com seriedade, auxilia a interpretação de um levantamento de
dados.
Os
fenômenos naturais, econômicos e sociais exigem sua compreensão
principalmente para os governos e também para o mundo empresarial. Este
seria o objetivo da Estatística; extrair informações para possibilitar o
planejamento administrativo.
Nunca,
porém, para acompanhar o aleatório universo da participação individual
ou coletiva na política, pela sua volatilidade. Um político mineiro,
acho que foi Milton Campos, disse que a política é como uma nuvem que
você vê uma vez e se olha de novo foi modificada pelo vento.
Assim,
tanto a pesquisa eleitoral como a estatística nela aplicada, são
ilusórias. São aproveitáveis somente como propaganda, pela facilidade de
convencimento. As previsões – mesmo fraudulentas – persuadem parte do
eleitorado.
A
pesquisa falsa vem avalizada por números que as ornamentam com as cores
da verdade, por que o número afasta a dúvida, afugenta a incerteza.
Shakespeare
botou na boca de Hamlet uma célebre indagação: – “palavras, palavras, e
falem nada além disso? ”. O gênio do Teatro respondeu por outro
personagem em cena, o Frade: – “Certamente não lhe passou pela cabeça a
tirada zombeteira de Mefistófeles sobre como é fácil manejar as
palavras…”
Poderíamos
parodiar o Mestre, trocando as palavras pelos números, e dizer: –
“Números, números, precisa-se acrescentar algo mais nisto? “. Aí alguém
acrescentaria que não passa pela cabeça de ninguém descrer ou desconfiar
de números, nem por instigação de Satanás…
O
presidente Itamar Franco, inesquecível por ter adotado o Plano Real,
referindo-se a estatística aplicada a pesquisa eleitoral, disse – “Os
números não mentem, mas os mentirosos fabricam números”.
É
chato a gente acreditar que existem dois tipos de estatísticas: as que
os jornais publicam e os canais de televisão alardeiam, e as que você
próprio faz…
EXTRAÍDADEATRIBUNADAIMPRENSA
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