por Kim Kataguiri Folha de São Paulo
"Não era contra a corrupção? Onde estão as panelas? Era só para tirar a Dilma?".
Esse é o novo coro da esquerda moralista, que nunca criticou figuras
como Eduardo Cunha e Renan Calheiros enquanto ainda eram aliadas do PT.
Qual é o verdadeiro incômodo? O debate sobre as reformas previdenciária,
tributária e trabalhista proposto pelo governo. Se o problema realmente
fosse corrupção, os esquerdistas não teriam saído de vermelho às ruas
em 2015 e 2016 para chamar Lula —que, além de ser réu em cinco ações
diferentes, foi, segundo a Procuradoria-Geral da República, peça-chave
do maior escândalo de corrupção da história do país— de "guerreiro do
povo brasileiro".
O grande problema é o "fim dos direitos". Qual direito? A isso, eles não
sabem responder. Talvez seja o direito de ficar desempregado. Ou o de
pagar os impostos mais altos da América Latina. Ou ainda o de ser
obrigado a financiar um esquema de pirâmide estatal que rouba dos mais
pobres para financiar a elite do funcionalismo público.
"Mas, no governo Temer, também há gente citada na Lava Jato!". Fato. E
nós pressionamos e continuamos a pressionar para que todos eles caiam.
Onde estava a esquerda quando o MBL cobrou do governo a queda dos
ex-ministros Henrique Alves, Geddel Vieira Lima e Romero Jucá? Onde
estava a esquerda quando o MBL saiu às ruas em defesa da Operação Lava
Jato?
O mais engraçado é ver toda essa gente que dizia que o juiz Sérgio Moro
era "tucano", "golpista", "financiado pela CIA" e "treinando pelo FBI"
posando de vanguardista da moral e égide da probidade e da decência. Não
era ele o juiz que só perseguia o PT e que, na verdade, só queria
acabar com o governo Dilma porque estava a mando das elites? Não era ele
o "assassino", responsável pela morte de Dona Marisa? O que mudou em
tão pouco tempo?
"Ah, mas o Alexandre de Moraes, que é tucano, quer acabar com a Lava Jato, vai ser indicado para o STF, e
vocês não fizeram manifestação!". O MBL defendeu o nome de Ives Gandra
Martins Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), para o
STF. Infelizmente, o nome não prosperou. Vamos fazer manifestação
porque fomos contrariados? Não! Assim como não o fizemos quando Edson
Fachin, jurista que atuou na campanha de Dilma Rousseff, foi nomeado.
Gostem ou não, cabe ao presidente da República nomear pessoas para o
Supremo. É a lei.
Alexandre de Moraes pode acabar com a Lava Jato? Sim, desde que
desenvolva superpoderes, como o de trocar de turma e votar por 5
ministros. Como assim?
Ora, a Segunda Turma do STF, que é responsável pelas decisões envolvendo a Lava Jato, tem mantido praticamente todas as decisões do juiz Sérgio Moro, que, muitas vezes são enrijecidas pela segunda instância.
Se aprovado pelo Senado, Moraes irá para a Primeira Turma. Ou seja: não
vai votar na grande maioria das questões que envolvem a Lava Jato. Ainda
que fosse para a Segunda, seu voto, por si só, não seria vitorioso de
saída.
Portanto, caros amigos esquerdistas, desistam. O falso moralismo de
vocês não cola. Já vimos a barbárie que vocês promovem tanto dentro como
fora do poder.
O que realmente os incomoda são as reformas liberais que o MBL sempre
defendeu e continuará a defender. Partam para um debate sério, tentem
mostrar que as alterativas que apontamos seriam ruins para o Brasil e
para os brasileiros.
Já escrevi nesta coluna: as ruas pautaram Brasília no processo de impeachment.
Mas não ruas quaisquer: eram e são contra a roubalheira, mas também contra o assalto à institucionalidade.
Nós pautamos Brasília. Não venham as esquerdas, agora, tentar nos pautar, certo, Janio de Freitas?
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