HÉLIO SCHWARTSMAN FOLHA DE SP
Não poderia haver contraste maior entre o que ocorre nas Olimpíadas e a tendência, cada vez mais presente nas escolas de educação infantil, de fazer com que os pequenos não experimentem nenhum tipo de sensação de derrota ou de exclusão. Nas competições esportivas escolares, todas as crianças recebem medalhas, pouco importando se chegaram em primeiro ou último lugar na corrida.
Nos EUA, onde essa moda chegou ao paroxismo, surgem situações ainda mais estranhas. O velho sistema pelo qual os times eram montados por escolhas alternadas entre os dois capitães de equipe foi aposentado, para que os últimos alunos a ser chamados não sofressem. Professores de arte já se queixam da dificuldade que é encontrar uma peça para encenar no final do ano, já que os novos tempos exigem que todas as crianças participem e tenham o mesmo número de linhas de diálogo.
A ideia por trás dessas esquisitices é que não devemos golpear a autoestima dos pequenos. Mas será que não devemos mesmo? Ser o último a ser escolhido para o time pode ser doloroso, mas revela uma informação útil: você não é um bom atleta; procure dedicar-se a atividades para as quais está mais talhado.
A própria autoestima precisa ser relativizada. Psicólogos que estudam a violência apontam o excesso de autoestima como a mais prevalente causa de conflitos interpessoais.
Precisamos encontrar um meio-termo entre o espírito ultracompetitivo que reina nas vilas olímpicas e a atonia um pouco ingênua que parece pautar a nova puericultura.
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