Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

É NATAL. MESMO? PERCIVAL PUGGINA

É NATAL. MESMO?
Estou cada vez mais convencido de pertencer a uma espécie em extinção, a merecer legislação protetora e severa defesa por alguma ONG preservacionista. Alguém dirá que incorro em exagero, mas não. Minha espécie está sendo extinta e o que torna a situação mais dramática é que isso se dá com a aquiescência e a colaboração dos próprios membros do grupo. Sem perceberem o tamanho da encrenca, eles estimulam o processo de eliminação desencadeado sobre si e acionam os gatilhos das metralhadoras verbais que seus predadores usam para destruí-los.

Pertenço à raríssima espécie dos conservadores, e, como tal, sou pela ordem, pela justiça e pela liberdade. Não gosto que invadam o que é meu nem o que é dos outros. Defendo a da instituição familiar e os valores do cristianismo. Atribuo importância à disciplina e a uma especial deferência aos idosos. Julgo que as mulheres são credoras naturais da cortesia masculina. Desagrada-me a violência e seu uso em substituição ao processo político e democrático. Sou contra as utopias e creio que as mudanças sociais devem ser produzidas no contexto das instituições, preservando-se o que tem comprovado valor moral e utilidade prática.

Sou conservador porque a história me ensina que é de tais conteúdos e condutas que provêm a paz, o progresso, a harmonia social e os princípios em que melhor se aciona a democracia. É neles que se inspiram os maiores estadistas da humanidade. Sou conservador e percebo, contristado, que, colocando-se ao gosto da moda e cedendo ao impacto da cultura imposta pelos nossos predadores, muitos que pensam como eu reproduzem, inocentemente, o discurso que os condena à extinção.

Agora, por exemplo, é Natal. Mesmo? Olha que ando por aí e só vejo trenós, constelações de estrelas, toneladas de algodão, multidões de papais-noéis, pilhas de caixas embrulhadas para presente. E quase não vejo presépios ou mensagens que lembrem o fato que faz a festa: o nascimento de Jesus. Mas como eu sei que é Natal e sou conservador insisto em desejar aos leitores que ele ganhe, em seus corações, o sentido almejado por Deus em sua radical e santificadora intervenção na História humana. 

1 comments:

Concordo que também minha família, ou o modelo da minha família, está em extinção.
Nos sentimos tradicionais em tantos aspectos que alguns comentários causam espanto nos outros (Verdade? Como conseguem?), porque as outras famílias estão desagregadas. Fazemos questão de permanecer unidos, mesmo com todas as diferenças. Nos reunimos aos sábados na casa de cada um dos irmãos, com os sobrinhos - q já têm suas famílias - para um almoço simples, mas uma grande reunião, para seguir um costume de quando nossos pais estavam aqui conosco. Um a questão que poderia ser motivo de afastamento... os irmãos trabalham em negócio de família. Isto nos ensinou o respeito, o consenso, o ouvir e resolver as questões em áreas delicadas. Nos propusemos a isto e trabalhamos por isso. É um esforço, sério. O mais fácil seria largar e deixar para ver como é que fica, que é o que vemos por aí. Famílias soltas, desagregadas, sem respeito e sem amor. E Natal é uma festa de Família. Para comemorarmos Ser Família. É icônico. Pai(s), Mãe(s), Filho(s) e o Espírito Santo abençoando a todos.
Que haja o resgate.

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