Bibliotecários criticam novo ‘trabalho’ de Dirceu
Mesmo
preso, José Dirceu continua colecionando desafetos. Acaba de comprar
briga com os bibliotecários. Açulou a corporação ao aceitar a oferta de
“trabalho” do amigo e advogado José Gerardo Grossi. Dono de uma das mais
respeitadas bancas advocatícias de Brasília, Grossi convidou Dirceu
para organizar a biblioteca jurídica do seu escritório em troca de um
salário mensal de R$ 2.100.
Presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Regina Céli de Souza expediu uma nota.
“Informamos que o exercício da profissão de bibliotecário é privativo
do bacharel em biblioteconomia, conforme a legislação vigente determina.
Cabe ao conselhos estaduais e federal de biblioteconomia legislar,
registrar e fiscalizar a profissão”, escreveu.
Regina
insinuou que pode tomar providências judiciais: “As infrações à
legislação são passíveis de autuação, procedimentos administrativos e
criminais, quando necessários, com aplicação das devidas penas.
Como se
trata de profissão regulamentada, aos leigos que venham a atuar na área
serão aplicadas penalidades, devido ao exercício ilegal da profissão.”
A opinião de Regina é ecoada por
Antônio Afonso, presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª
Região, que inclui Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo ele, o
exercício da função de bibliotecário “não significa apenas ficar
colocando livros em prateleiras.”
Para
Antônio Afonso, a necessidade de qualificação é ainda mais evidente num
escritório de advocacia. “O funcionário qualificado para a função deve
cuidar de atualizar todo o acervo da biblioteca, com as mais recentes
jurisprudências, por exemplo, e, dependendo do assunto, até mesmo
oferecer um relatório que possa embasar o trabalho dos advogados.”
Dirceu
cumpre no presídio da Papuda, em Brasília, o pedaço de sua pena
insuscetível de recursos judiciais —7 anos e 11 meses pelo crime de
corrupção ativa, em regime semiaberto. Nesse regime, os presos deveriam
trabalhar em colônias penais agrícolas ou industrais.
Como
tais colônias não existem na quantidade necessária, a Justiça costuma
autorizar os detentos a deixar a cadeia durante o dia para trabalhar.
Dirceu já formalizou o novo pedido na Vara de Execuções Penais de
Brasília. Se depender dos bibliotecários, a solicitação sera indeferida.
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