CORREIO BRAZILIENSE -
A burocracia nacional
inovou neste verão com o lançamento do cartão desastre. Sem demora, as
prefeituras dos municípios atingidos pelas chuvas terão direito a saque
de recursos federais, por meio de um cartão magnético, para efetuar
ações emergenciais no socorro às vítimas e na reparação dos danos
causados pelos temporais. Causa espanto a presidente Dilma Rousseff, que
venceu a eleição aclamada como especialista em gestão pública, lançar
mão de instrumento tão paliativo para enfrentar as perenes enchentes da
estação. Está claro que esse tipo de expediente conforta as vítimas, mas
passa ao largo das reais providências que precisam ser tomadas a fim de
evitar ou amenizar as tragédias que se repetem todos os anos.
Ao menos Dilma Rousseff evitou o absurdo cometido por George W. Bush, que demorou dias até entender a situação e a ajudar os milhares de norte-americanos de Nova Orleans castigados pelo furacão Katrina em 2005. Ao menos a presidente teve o discernimento político de verificar in loco a calamidade no Espírito Santo e em Minas Gerais. Não fez como o prefeito de Vila Velha, que, no meio do dilúvio, embarcou com a família para Nova York. O constrangimento e a revolta foram tamanhos que Rodney Miranda (DEM) foi obrigado a abortar o recesso e antecipar o retorno. Não há justificativas que sustentem esse brutal descompasso com a realidade.
Na hora da tragédia, políticos evitam apontar culpados, afirmam que o mais importante é exercer nossa solidariedade intrínseca e assistir os necessitados em hora tão difícil. Não há dúvida de que o socorro às vítimas é prioritário em um cenário de enxurradas, deslizamentos de encostas, destruição de estradas. A crueldade brasileira vem em um segundo momento. Passado o verão, o suplício de milhares cairá no esquecimento, pois as medidas preventivas sempre ficarão para outra hora. A omissão do poder público no planejamento urbano e a precariedade técnica para a elaboração de projetos específicos contra desastres naturais emergem após o dilúvio, resistem a qualquer tormenta.
O novo ano que se aproxima reunirá outros exemplos da nossa crônica dificuldade de planejar. O maior teste ocorrerá com a Copa do Mundo. Os transtornos poderão não ser tão trágicos como o que se vê nos últimos dias, mas estarão à vista de bilhões de pessoas. Haja improviso.
Ao menos Dilma Rousseff evitou o absurdo cometido por George W. Bush, que demorou dias até entender a situação e a ajudar os milhares de norte-americanos de Nova Orleans castigados pelo furacão Katrina em 2005. Ao menos a presidente teve o discernimento político de verificar in loco a calamidade no Espírito Santo e em Minas Gerais. Não fez como o prefeito de Vila Velha, que, no meio do dilúvio, embarcou com a família para Nova York. O constrangimento e a revolta foram tamanhos que Rodney Miranda (DEM) foi obrigado a abortar o recesso e antecipar o retorno. Não há justificativas que sustentem esse brutal descompasso com a realidade.
Na hora da tragédia, políticos evitam apontar culpados, afirmam que o mais importante é exercer nossa solidariedade intrínseca e assistir os necessitados em hora tão difícil. Não há dúvida de que o socorro às vítimas é prioritário em um cenário de enxurradas, deslizamentos de encostas, destruição de estradas. A crueldade brasileira vem em um segundo momento. Passado o verão, o suplício de milhares cairá no esquecimento, pois as medidas preventivas sempre ficarão para outra hora. A omissão do poder público no planejamento urbano e a precariedade técnica para a elaboração de projetos específicos contra desastres naturais emergem após o dilúvio, resistem a qualquer tormenta.
O novo ano que se aproxima reunirá outros exemplos da nossa crônica dificuldade de planejar. O maior teste ocorrerá com a Copa do Mundo. Os transtornos poderão não ser tão trágicos como o que se vê nos últimos dias, mas estarão à vista de bilhões de pessoas. Haja improviso.
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