BRASÍLIA - O ano das estripulias econômicas do governo Dilma chega ao fim com algumas boas notícias. A inflação voltou a ser tratada como um mal a ser combatido. Ajustes foram feitos e as concessões decolaram. Falta, contudo, uma perna ainda manca, a da política fiscal.
Apesar das promessas, ainda não há uma clareza sobre a real disposição do governo de conter seus gastos. Por um simples motivo: é minoria na equipe presidencial o grupo que defende um aperto fiscal.
Em vez de admitir a realidade, Dilma e sua equipe preferem acusar o mercado de má vontade com o governo atual, só porque ele é do PT. Bem, vamos, então, aos números, que não costumam mentir.
No início de 2013, o governo prometeu economizar 3,1% do PIB para pagamento da dívida pública, a meta de superavit primário. Dela, 2,1% seriam de sua responsabilidade. Depois, reduziu a meta para 2,3%. Sua parte despencou para 1,5%.
E tudo indica que nem isso será cumprido. Ou seja, o governo gastou, sim, muito, jogando lenha na fogueira da inflação. Para 2014, os primeiros dados indicam um apetite ainda maior por mais gastos.
Ao elaborar o Orçamento do ano que vem, o governo fixou uma meta de superavit de 2,1% do PIB, menor do que a de 2,3% revisada deste ano. Não para aí. Da meta de 2,1%, a parte do governo federal seria de apenas 1,1%. Bem mais baixa do que a de 2013, que ficou em 1,5%.
Sinal ainda mais forte do desejo de gastança da equipe dilmista no ano da campanha da reeleição da chefe. Em sua defesa, o governo diz que tem elevado os gastos sociais. Só que não dá para aumentar despesas sem receitas para bancá-las. É insustentável no médio prazo.
Agora, diante do risco de a inflação voltar a subir no ano da reeleição, o governo promete elevar sua meta de superavit em 2014. A decisão ficou para janeiro. Saberemos, então, se o Brasil seguirá mancando ou, enfim, acertará o passo.
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