BRASÍLIA - As medidas adotadas nos últimos anos para animar a economia brasileira se converteram num emaranhado de armadilhas. O desmonte é complicado e embute efeitos colaterais indesejados.
O corte de impostos para alguns produtos é um bom exemplo disso. Diante da desaceleração global, o governo resolveu dar uma mãozinha para a indústria local: reduziu tributos e deixou o consumo fazer o resto.
A medida, de início, teve o efeito desejado. Empregado e com mais dinheiro no bolso, o brasileiro foi às compras. Mas consumo tem limite.
Endividadas, as famílias pisaram no freio. Sem perspectiva clara sobre o apetite para novas compras, as indústrias travaram os investimentos.
A economia, com isso, cresceu menos que o esperado. Se o país anda devagar, a arrecadação de impostos míngua também. Com menos dinheiro no caixa, e despesas cada vez maiores, o governo acabou comprometendo sua gestão de gastos.
Não há mágica para resolver esse tipo de problema. Se o saldo da conta bancária está no vermelho, é preciso arrumar dinheiro extra ou cortar parte das despesas.
Reduzir gastos não é uma ação agradável para governos, muito menos às vésperas de uma eleição. Por isso, a equipe econômica resolveu reduzir parte do benefício concedido para ajudar as indústrias, que passam a pagar um pouco mais de imposto a partir da próxima semana.
A medida vai garantir R$ 1 bilhão a mais para os cofres públicos.
Aqui começam os problemas. Esse dinheiro é insuficiente para melhorar, de forma efetiva, a relação entre receitas e despesas federais.
Imposto mais alto significa produto mais caro. E isso gera consequências: o consumo perde o resto de fôlego que tem --o que pesa sobre as perspectivas de retomada do crescimento-- e a inflação, que já não está baixa, ganha impulso adicional.
A vida na Esplanada dos Ministérios em 2014 não será nada fácil.
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