RIO DE JANEIRO - Tudo começou como quase sempre. As chuvas inundaram as ruas logo nos primeiros dias do ano. Destruíram, desabrigaram e voltaram em março. Houve tristeza, desespero, conformismo e mortes.
Depois, tudo aconteceu como nunca tinha acontecido. A população invadiu as ruas. Várias vezes, em muitos dias, por diferentes motivos. Houve emoção, alegria, destruição e violência.
2013 será lembrado como o ano do desaparecimento do pedreiro Amarildo e do aparecimento de uma multidão nas ruas gritando, inclusive, "Cadê o Amarildo"?
Parte da polícia exagerou, bateu, prendeu, ficou perdida. Parte dos manifestantes exagerou, vandalizou, perdeu a razão. As notícias das ruas foram trazidas por novos mediadores, que estavam no chão, às vezes tropeçando na notícia, mas com frequência dando nós nas chamadas mídias tradicionais.
2013 será lembrado como o ano em que as pessoas relembraram que podem gritar e ser ouvidas. Ano em que os governantes ensaiaram recordar que é preciso ouvir --preços das passagens do transporte público baixaram, projetos de leis foram alterados, reivindicações atendidas--, mas logo mudaram de assunto e esqueceram o que fingiam ter aprendido.
Anteontem, véspera de Natal, o grupo de ativismo digital Anonymous lançou no Youtube um bem editado clipe que dá o tom do que pode se esperar para o ano da Copa --vale a pena ver (http://youtu.be/ -wdMz1nRI5U).
E se o preço e a qualidade dos transportes foram o estopim, a falta de mobilidade pode voltar a ser o tema das eleições e da Copa. Serão milhares de novos passageiros, muitos estrangeiros, que virão para a Copa do Mundo no Brasil. É possível sentirem-se rapidamente estimulados a engrossar a massa de manifestantes brasileiros. Não sem motivo.
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