Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 16 de junho de 2020

A MORTE

MIRANDA SÁ

“A morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima”  (Rui Barbosa)
  FOTO ANDRADE JUNIOR
A sabedoria do sertanejo nordestino diferencia a “morte morrida”, da “morte matada”, e o excelente “Dicionário de Termos e Expressões Populares”, do cearense Tomé Cabral, revela esta distinção entre a morte natural ou acidental e a morte por assassinato.
Encontramos também a expressão “morte súbita”, que no futebol passou a ser uma regra para decidir uma partida final que termina empatada após o tempo regulamentar; foi usada pela primeira vez na Cromwell Cup inglesa e é chamada pela Fifa de golden goal; mas a imprensa esportiva brasileira consagrou o nome funesto…
Do mesmo jeito como escrevi sobre a vida, e a proposta científica da sua origem, não custa ver o seu fim, a falência dos órgãos que animam os seres vivos, ocorrendo assim a morte.
Desde a mais remota antiguidade os homens sempre distinguiram o corpo do seu fluido vívido, a alma, o espírito, e as civilizações primordiais mantinham a crença na ressurreição dos mortos, criando um sem número de métodos para a preservação do corpo para a volta do espírito, ficando famosa a mumificação.
Como diversas religiões ainda persistentes no mundo, os espíritas, creem na vida post morte, com o espírito se desligando do corpo físico para a vida eterna, deixando a matéria inerte se decompondo. Originária da Índia e nações indígenas da América do Norte, viram cinzas ao se adotar a cremação…
No antigo Egito, dos faraós, das pirâmides e das múmias dominava a crença da reencarnação realizando a conservação dos corpos com métodos que os mantiveram por 4.000 anos… Junto ao morto, colocavam os seus pertences e ao lado da sua cabeça o Livro dos Mortos.
Assim foi batizado no Ocidente, mas na realidade era um rolo de papiro onde iam escritos hinos, orações, fórmulas mágicas e sobretudo a lembrança para a sua alma (KA) para defende-lo perante o ‘Grande Deus, o Deus de Amentet’, Khnemu, fazendo-o escutar o pedido, e não ouvir mentiras ao seu respeito…
Há também o Bardo Thodöl, em transliteração bar-do thos-grol, onde bardo é “transição” e thodol é “libertação”. É o chamado Livro Tibetano dos Mortos, tido como sagrado pelos monges budistas. É uma prece pela autolibertação da alma entre a morte e o renascimento para uma próxima reencarnação.
A cultura ocidental influenciada pelo cristianismo – em todas as suas vertentes – com a morte, o espírito vai para o céu ou para o inferno, sendo que para os católicos, ortodoxos, coptas e algumas denominações evangélicas, há o purgatório.
Segundo o vizinho judeu, o judaísmo prescreve que defunto seja despojado dos seus valores, dinheiro, joias, próteses e até perucas; que a sua casa tenha as janelas abertas e que o féretro deve ser de madeira, forrado de pano preto e uma estrela de Davi. Os caixões obedecem a um só padrão para mostrar que a morte iguala a todos.
Os muçulmanos creem que, como o nascimento, a morte está nas mãos de Deus. Lê-se no Alcorão:  “Foi Alá quem te criou, quem te sustentou, e é ele quem te fará morrer”, Suräh 30:40.
Não é demais falar-se da morte em plena pandemia do novo coronavírus, o covid-19. A ameaça é um cutelo que está sobre todas as cabeças, independendo de raça, sexo, condição social e econômica. Por isso devemos estar preparados para enfrentar os riscos, porque não se trata de uma ‘gripezinha’ como é vista negligentemente pelo Presidente da República.
Da minha parte, faço uma declaração pública:  Não acredito na sobrevivência da alma, nem tenho medo da morte; espero-a como cantou Raul Seixas a sua composição “Canto Para A Minha Morte”: “Vou te encontrar vestida de cetim/ Pois em qualquer lugar esperas só por mim/ Vem, mas demore a chegar…”









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