MIRANDA SÁ
“Nessas eleições tem que andar com óleo de peroba em spray, porque tem muita cara de pau por aí” (El Padre)
Estamos com duas eleições importantes. Elas representam a indicação dos presidentes da Câmara Federal e do Senado. Os nomes que aparecem encabeçando as chapas das mesas diretoras nos enojam e nos fazem duvidar se vivemos mesmo numa Democracia – com “D” maiúsculo.
O substantivo feminino “eleição” é dicionarizado como “ato de eleger”, o que não quer dizer muita coisa… A democracia grega elegia os “arcontes”, uma espécie de primeiro ministro, e nos países de língua neolatina, a palavra vem do latim, “electìo”, que significa “escolha”. Eleger é escolher.
O processo democrático para designar dirigentes a cargos públicos é uma votação para eleger pessoas afim de exercer um poder. Neste caso, a República Brasileira é falha: elegemos os representantes dos poderes Legislativo e Executivo, mas não os membros do Judiciário.
As tais eleições nas casas do Congresso ocorrerão no 2 de fevereiro sem a participação popular; seus membros escolherão os dirigentes, cujos nomes saem do bolso do colete dos “líderes” e um deles é sempre bafejado pela Presidência da República.
Na Câmara paira uma dúvida: o seu regimento proíbe que o presidente da Casa dispute a reeleição. Exercendo o mandato após o afastamento de Eduardo Cunha, o deputado Rodrigo Maia lançou-se candidato desprezando o Regimento. Argumenta que assumiu apenas um “mandato-tampão”, mas sofre contestação.
Juristas diversos consideram inconstitucional a reeleição de Maia, que ficou determinado oficialmente que cumpriria seu mandato até fevereiro de 2017. Está nas atas da Câmara. Caberá, entretanto, ao STF decidir sobre a constitucionalidade desta candidatura.
Maia é candidato da base do governo e tem o apoio de Temer “por baixo dos panos”… E, até agora, não surgiram candidatos para enfrenta-lo com força. Os que apareceram vêm do “centrão” a bancada indefinida que elegeu Eduardo Cunha e que se julga em condições de eleger um dos seus.
Assim apareceram Jovair Arantes, do PTB, Rogério Rosso, do PSD e André Figueiredo, do PDT, este último apresentando-se como representante do lulopetismo, esperando que o afastamento de Maia permita-lhe ser o candidato do PT e satélites, como PCdoB, Psol e outros menos expressivos.
No Senado, o quadro é ainda mais sombrio. O candidato único é Eunício de Oliveira, indicado por Renan Calheiros, o que diz tudo. Empresário do agronegócio, apesar de possuidor de vasto latifúndio e cerca de setenta imóveis rurais em Goiás, conta com o apoio do lulopetismo.
O cenário destas eleições se complica ainda mais se o STF homologar as delações premiadas dos executivos da Odebrecht, principalmente do “príncipe” Marcelo, e vai piorar ainda mais se Eike Batista for preso, trazendo na bagagem o envolvimento das figurinhas carimbadas envolvidas no processo.
Estamos fartos das artimanhas políticas que se desenrolam nos três poderes da República. É insuportável ver-se que do mesmo jeito com que as facções criminosas dominam os presídios, o Brasil tenha os poderes exercidos por quem trocou o “Curriculum vitae” pela ficha policial.
EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET
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