MIRANDA SÁ
“Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo”
(John Lennon)
Uma
viagem pelo interior dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte
nos esclareceu muita coisa sobre a situação destoante que o Brasil
atravessa e nos leva a lamentar o que ocorre na Região Nordeste invadida
por uma modernidade – entre aspas – que degenera a sua rica cultura.
Vejam
só: na minha querida Guarabira, capital do Brejo Paraibano, quis levar o
acompanhante, meu amigo Augusto Lula – vídeomacker e fotógrafo
apaixonado – para um restaurante que conheci anos atrás e comer lá o
excelente picado que oferecia. No lugar da casa de pasto, encontramos um
Subway…
Em
vez de uma célebre oferta de carne-de-sol, montaram uma Churrascaria
Paraguaia: – “Não se aborreça”, disse-me Lula, “tudo é passeio”. Teve
razão: rodando pela periferia encontramos o Bar da Barata – do homônimo
Lula meu velho amigo. Quando os apresentei, Augusto, amostrado, se
identificou: – “Lula Dez Dedos”, o dono do bar, repentista, retrucou: –
“Lula De Uma Perna Só”; perdera um membro inferior num acidente…
Fomos
bem tratados ali. Perguntado porque a casa se chamava “Bar da Barata” o
Lula De Uma Perna Só, falou que ali havia uma imensa quantidade dos
ortópteros, e justificou: – “Mas só tem daquelas pequeninhas”…
A
cordialidade e generosa atenção dos guarabirenses continua a mesma; mas
não se dão conta de que a sua cidade está se transformando. Para pior.
Em
Bananeiras, nas vertentes da Serra da Borborema, quisemos almoçar a
famosa fava, iguaria regional. Já não era a mesma, e defronte do Bar da
Fava uma franquia de uma loja de moda feminina paulista. No lugar de um
queijeiro de Monte Alegre, montaram uma revendedora de motocicletas.
Ensinaram-nos
onde encontrar queijo de coalho de qualidade. “Mais adiante na entrada
de Brejinho, ao lado do antigo Cabaré de Maria do Escracho, vocês
acham”. Que nada! Era uma casa de lanches especializada em hambúrgueres.
Em Brejinho, cidade respeitada pela excelente qualidade da farinha ali
feita, não a encontramos.
Seguindo
para Natal, escolhemos ir por Monte Alegre e perguntamos se a estrada
estava boa. – “Tem uns buraquim”. Monte Alegre é a cidade onde nasceu e
cresceu o governador do Rio Grande Norte, e a sua estrada é
intransitável.
Tudo
o que vivemos destoa, do verbo destoar, figurativamente, que tudo está
se tornando inconveniente; impróprio. Chocou-me encontrar no Nordeste
tradicional o retrato do nosso pobre Brasil; uma radiografia da situação
que nos aflige na mutação que vem de cima para baixo.
Esta
alegoria nos leva ao que ocorre na política do presidente que foi
eleito pelo lulopetismo e seu governo montado na base do PMDB corrupto
dos Sarney e Renan Calheiros. Os “buraquim” se multiplicam
vergonhosamente. As eleições de Eunício e Maia para o Senado e Câmara
são buracos imensos. Crateras.
Para
fechar o firo, vai para a Comissão de Constituição e Justiça do Senado o
corrupto Edson Lobão. Repetindo a história da raposa tomando conta do
galinheiro.
Neste
quadro é impossível deixar de acreditar que estão armando uma arapuca
para a Operação Lava Jato. De nome em nome, projeto em projeto, medida
em medida vai-se preparando um bote sobre a Polícia Federal, o
Ministério Público e a justiça boa e perfeita praticada pelo juiz Sérgio
Moro.
Apesar
desta nostálgica crônica me nego a omitir que atravessamos uma situação
extremamente difícil por causa daqueles que se assenhoraram do poder no
País, seja federal, estadual ou municipalmente…
Torna-se
intolerável aceitar a conjuntura política que atravessamos. Um
Executivo que executa o compadrio; um Legislativo que legisla em causa
própria; e, um Judiciário fatiado por interesses partidários. Nesta
destoância, cabe a pergunta: “O que fazer? ”
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSA
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