Renato Onofre - O Globo
Os primeiros passos para a delação
do empresário Marcelo Odebrecht mal foram dados e já há um ponto
inegociável nas conversas entre a defesa do empreiteiro e a força tarefa
da Lava-Jato. Sem a colaboração de Emílio Odebrecht, pai do empresário,
os investigadores afirmam que o acordo de delação não será firmado.
— Inevitavelmente, a colaboração da Odebrecht tem que passar pelo
Emílio. Não se pode dizer que Marcelo é responsável sozinho pela
corrupção na empresa. A investigação só não volta para o Norberto porque
são fatos antigos — diz uma fonte ligada à negociação.
A obrigação da participação de Emílio Odebrecht num eventual processo de
colaboração do seu filho já era esperada entre os advogados que atuam
na Lava-Jato. O GLOBO ouviu defensores que atuam em outras negociações
que confirmaram ter ouvido, mais de uma vez, investigadores afirmando
que Emílio é peça-chave para a delação “completa e efetiva” da
Odebrecht.
Os defensores afirmam, no entanto, que a colaboração do empresário pode
ficar restrita ao acordo de leniência que a empresa negocia
paralelamente à colaboração de Marcelo. A assessoria da empresa informou
que não vai se manifestar sobre o assunto.
Apesar do silêncio, o próprio Emílio já teria admitido a interlocutores
que seria necessária a sua participação na narração dos fatos. Em
fevereiro, no dia da Operação Acarajé, Emílio convocou reunião com a
cúpula da empresa.
Ao lado de executivos mais próximos, o empresário pela primeira vez
admitiu que só a delação premiada tiraria seu filho da cadeia e salvaria
a empresa. Na época, a tática era começar por oferecer o mínimo
possível. As conversas entre Odebrecht e Lava-Jato ainda estão no
início.
— De 0 a 10, a delação da Odebrecht está no estágio 4. Está muito longe.
Para fechar a delação vai ter que me entregar o Papa lavando dinheiro
do Banco do Vaticano, para começarmos a conversar — brinca outro
investigador.
A alta expectativa em torno da delação está na lista apreendida pela
Polícia Federal, em março deste ano na casa de um funcionário da
empresa, na qual aparecem os nomes de cerca de 300 políticos que
receberam recursos da empreiteira.
As investigação avaliam que foram distribuídos R$ 55 milhões aos
políticos. Nas primeiras reuniões, a Odebrecht se comprometeu, se
concretizado o acordo de delação, a incluir explicações sobre a relação
da empresa com os políticos.
extraídaderota2014blogspot
0 comments:
Postar um comentário