Luiz Eduardo Rocha Paiva
A Constituição Federal (Art. 142) estabelece que as Forças Armadas (FA)
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e disciplina, sob a autoridade suprema do presidente
da República, e se destinam à defesa da pátria, à garantia dos Poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Hierarquia e disciplina são princípios essenciais, pois sem elas as FA
se fracionariam em grupos rivais, perderiam o caráter nacional e a
confiança da nação e se tornariam uma ameaça à sociedade. No âmbito do
marco legal, a troca de governo não afeta a subordinação das FA aos
poderes da União, pois ela é institucional, e não pessoal.
Além da defesa da pátria, a forças têm a missão de garantir os três
Poderes constitucionais. Em uma eventual crise entre eles, as FA se
subordinarão ao que estiver amparado no marco legal. O equilíbrio e a
harmonia entre os Poderes da União são indispensáveis à normalidade
democrática, pois em uma improvável falência simultânea dos três as FA
se veriam obrigadas a agir, por iniciativa, para manter a paz interna e
evitar a guerra civil e a dissolução do Estado e da nação
.
No Brasil, a ideologia socialista começou a se firmar com a criação do
Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1922 –filiado ao Partido
Comunista da antiga URSS, ao qual se subordinou como exigiam as
condições de filiação. A impatriótica submissão a país estrangeiro e à
ideologia socialista antidemocrática incompatibilizou o PCB com as FA.
Hoje, o PT –como pode ser visto no caderno de Teses de seu Congresso–,
os partidos aliados e suas lideranças são declaradamente socialistas,
internacionalistas e filiados ao Foro de São Paulo, organização
internacional que lidera a implantação desse regime na América Latina.
O socialismo, objetivo ainda não alcançado pelo PT, é um regime
totalitário, com partido único ou hegemônico, impede a alternância de
poder, não reconhece o direito de propriedade, centraliza os meios de
produção e o planejamento econômico e elimina as liberdades
fundamentais. Há uma total oposição aos ideais das FA, instituições
conservadoras, mas não retrógradas e imobilistas.
Ao contrário do massificado pela propaganda socialista, o
conservadorismo é progressista, mas quer o progresso com temperança e ao
amparo da experiência, tradição, conhecimento e cultura anteriores,
condições para uma evolução segura ao porvir. As FA são instituições
democráticas e não aceitam ideologias dogmáticas, implantadas por
revoluções que desprezam o passado e, na busca de ilusórias utopias,
eliminam a liberdade e abusam da violência.
E o regime militar? Questionariam alguns. Era, sim, um regime de
exceção, como reconheciam os presidentes militares, que sempre
manifestaram o propósito de redemocratização. Autoritário, por limitar
liberdades democráticas, mas não totalitário, que as eliminaria. A
redemocratização uniu a nação e foi conduzida pelo próprio governo
militar de forma gradual e sem retrocessos, após neutralizar a esquerda
revolucionária que buscava implantar a ditadura socialista como a de
Cuba e China, ainda hoje totalitárias.
Documentos dos governos petistas propõem ações para transformar nossa
democracia em um regime socialista, sendo a imobilização das FA um
objetivo intermediário, pois elas são um óbice a esse desígnio. Entre
outras ações, podem ser listadas:
- controlar todos os setores da sociedade, inclusive a mídia, por meio
de conselhos sociais, uma reedição tropical dos soviets da revolução
bolchevista russa de 1917;
- estabelecer a hegemonia do partido na sociedade, forma de controle
prevista na estratégia gramcista e que antecede ao assalto ao Estado e à
imposição do socialismo;
- rever a Lei de Anistia para punir apenas os agentes do Estado que
combateram a luta armada, a despeito dos pareceres da AGU e da PGR e da
decisão do STF, em 2010, que confirmaram a abrangência ampla e geral da
lei;
- modificar os currículos das academias militares e promover oficiais
com compromisso democrático e nacionalista, ou seja, politizar e
submeter as FA ao projeto petista, transformando-as, de instituições
nacionais apartidárias, em braço armado do partido –como as SA e SS, na
Alemanha nazista, e as FA bolivarianas, na Venezuela.
A profissão das armas é serviço e servidão. Serviço à pátria,
compromisso perene e exclusivo com a nação e as instituições, e servidão
à Constituição Federal, às leis e aos valores morais e profissionais
que regem a carreira das armas. Serviço e servidão, que nunca serão a
pessoas, partidos ou associações de qualquer natureza. Serviço e
servidão que fazem da carreira militar um nobre sacerdócio cívico, com o
compromisso de sacrificar a vida pela pátria e instituições, se
necessário.
O militar brasileiro é patriota por vocação e respeita e admira a
história, as tradições e os heróis nacionais. O patriotismo das FA
inclui o nacionalismo, mas não o xenófobo de setores bisonhos nem o
tacanho de viés antiamericano dos socialistas. O nacionalismo socialista
é materialista, supervaloriza a economia, mas não cultua a pátria e os
valores nacionais –pelo contrário, busca desacreditá-los. Para as FA, a
unidade nacional é cláusula pétrea, por isso, repudiam a luta de classes
pregada pelos socialistas e a corrosiva campanha lulopetista de "nós
contra eles".
A crise de valores e a corrupção, que assolam o país, estão
disseminadas pela liderança política, independente do partido, e não
começaram com o PT, embora tenham chegado a níveis desastrosos com sua
ascensão ao poder e o uso da corrupção como política de governo. A falta
de credibilidade na classe política gera dúvidas, justificáveis, se o
novo governo pautará sua conduta por princípios éticos, morais e
cívicos. Porém, ao contrário do governo afastado, o atual é democrata e
organizado com representantes da esquerda e da direita situados no
centro democrático. Assim, não existe fosso ideológico entre o atual
governo e as FA.
EXTRAÍDADEAVERDADESUFOCADA
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