#vamosmudarbrasilia
Somente
24 das 70 ações programadas estão prontas. Mobilidade urbana foi a área com
menor avanço
Dois em
cada três empreendimentos com verbas federais previstos para facilitar a
movimentação de brasileiros e turistas pelo país não ficaram prontos para a
Copa do Mundo. Segundo levantamento do Ministério do Planejamento, feito a
pedido do GLOBO, das 70 obras de mobilidade urbana, de aeroportos ou de portos,
que somam R$ 14,38 bilhões, apenas 24 foram concluídas, no valor total de R$
3,26 bilhões — ou seja, menos de um quarto do volume financeiro total previsto.
Entre os
empreendimentos que menos avançaram estão os de melhoria da mobilidade urbana.
Das 35 obras previstas no planejamento do governo federal, apenas nove foram
concluídas e outras 11 estão parcialmente em operação, como o BRT Transcarioca,
no Rio, que ainda não está totalmente pronto. Quinze obras de mobilidade, que
somam R$ 2,8 bilhões, continuam em execução, como o monotrilho de Manaus e o
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá — cidades em que todos os jogos já
foram realizados.
Anteriormente,
chegaram a ser 51 as obras de mobilidade prometidas para a Copa. Mas o número
acabou encolhendo ao longo dos meses que antecederam o evento.
Feriados
para desafogar o trânsito
Para
Claudio Frischtak, fundador da empresa de consultoria Inter.B, desde que o
Brasil ganhou o direito de organizar a Copa já se trabalhava com a
possibilidade de os governos decretarem feriados em dias de jogos nas
cidades-sede, o que tem sido adotado como alternativa para desafogar os modais
de transporte urbano disponíveis.
— Temos
feriado em cima de feriado, de meio dia ou dia todo. Afastam-se os
trabalhadores e habitantes em geral e alivia-se o sistema. Isso resolve o
problema da Copa, possibilitando até a oferta de facilidades como a gratuidade
no metrô do Rio — disse Frischtak.
Nos
segmentos de portos e aeroportos, o Ministério do Planejamento informa que
todas as obras foram concluídas ou estão em operação. A indicação “em operação”
significa que a obra, mesmo não totalmente concluída, já começou a aumentar a
capacidade de portos ou aeroportos. Mas, exceto pelo aeroporto de São Gonçalo
do Amarante, no Rio Grande do Norte, não houve construção de empreendimento
totalmente novo que possa ser considerado apenas em execução, e não em
operação. Dos 29 empreendimentos em aeroportos, 13 foram concluídos (44% do
total). E dos seis empreendimentos em portos, dois apenas foram concluídos.
Ao longo
dos últimos meses, a Matriz de Responsabilidades da Copa foi sofrendo
alterações. Foram descartados empreendimentos que não serviriam mais à recepção
de turistas para os jogos, ou por pedido de governos regionais para se alterar
o tipo de intervenção urbana. Exemplo de obras descartadas são os novos píeres
para turistas do Rio, que sequer ficarão prontos para a Olimpíada de 2016.
Entre as unidades da federação que resolveram substituir obras estão Distrito
Federal e Mato Grosso. Os números apresentados pelo Planejamento levam em conta
a versão mais atual da matriz.
De acordo
com o governo federal, a Matriz de Responsabilidades foi elaborada com empreendimentos
que já seriam necessários para o desenvolvimento do país, mas que deveriam ser
priorizados ou antecipados por ocasião da Copa. União, estados e municípios
assinaram os princípios da matriz ainda em 2010. O resultado dessas obras seria
um legado dos jogos para o país.
Segundo o
Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU), do total de R$
25,6 bilhões em investimentos previstos para a organização da Copa (entre
recursos federais, estaduais e municipais), R$ 17 bilhões foram efetivamente
pagos. Esse valor é composto, principalmente, por aeroportos (R$ 6,8 bilhões),
estádios (R$ 5,9 bilhões) e mobilidade urbana (R$ 3,4 bilhões). Segundo a CGU,
o valor efetivamente investido em mobilidade corresponde à metade dos R$ 6,75
bilhões previstos.
Obras não
concluídas vão para o PAC
O
Ministério do Planejamento diz que as obras da Matriz de Responsabilidades que
não foram concluídas para a Copa foram incorporadas ao Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), o que garante que os recursos para esses empreendimentos
estão livres de contingenciamento (bloqueio de repasses) para sua conclusão no
futuro.
— Essas
obras são para a população brasileira, juntamente com as outras obras que
selecionamos no pacto de mobilidade, que alcança R$ 143 bilhões. Isso (falta de
mobilidade) é um dos principais problemas urbanos brasileiros — disse a
ministra do Planejamento, Miriam Belchior, semana passada, na apresentação do
balanço do PAC.
Como
diversas obras não foram terminadas a tempo da Copa, Frischtak tem agora pouca
expectativa quanto à conclusão dessas obras pelo PAC. Para ele, a situação
fiscal do país põe em risco até mesmo empreendimentos do PAC em 2015, ano em
que se prevê um controle mais rígido das contas públicas.
— Em
2015, será outro mundo. O que potencialmente vai acontecer, independentemente
de quem venha a assumir o governo, é que o ritmo de execução dessas obras e de
financiamentos vai mudar. Isso vai pôr a conclusão dessas obras em xeque —
disse Frischtak.
Para o
consultor, ainda é necessário rediscutir as obras mais ou menos prioritárias
entre as que deveriam ficar prontas para a Copa. A mobilidade de turistas para
estádios, por exemplo, não deve mais ser levada em conta para indicar a
relevância de um empreendimento.
Fonte: O
Globo
Fonte -
diplomatizzando
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