#vamosmudarbrasilia
As eleições de 2014 acenam com ventos de renovação. Segundo
levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap), 115 congressistas desistiram de disputar a reeleição. Entre
eles, caciques cuja presença na Câmara e no Senado era certa legislatura
após legislatura. Tão certa quanto o suceder das fases da Lua, das
estações do ano, dos dias e das noites...
Além da desistência voluntária, como a de José Sarney, Pedro Simon,
Inocêncio Oliveira, Epitácio Cafeteira, muitos serão barrados pela Ficha
Limpa. Pela primeira vez, candidatos condenados pela Justiça serão
impedidos de disputar o voto do eleitor. Trata-se de faxina necessária e
inadiável. É bom. É pedagógico.
Em primeiro lugar, porque pune quem traiu a confiança nele depositada.
Em segundo, porque tem o poder de prevenção. Políticos tentados a pisar a
lei por certo pensarão duas vezes antes de concretizar o objetivo. Pelo
menos nesses casos, a impunidade parece cada vez mais distante. O
“comigo não acontece” constitui aposta de alto risco.
Os partidos políticos desempenham papel importante no cenário de
renovação. Eles precisam ler corretamente o seu tempo. Não podem
esquecer que a Lei da Ficha Limpa se deve a iniciativa da sociedade
civil que, mobilizada contra os desmandos de políticos que não a
representavam, conseguiu a adesão de 1,5 milhão de eleitores e derrubou
uma a uma as manobras até vê-la em vigor.
Apresentar postulantes a cargos eletivos que correspondam à expectativa
dos brasileiros é sinal de respeito ao cidadão que acredita na
democracia. Devem-se submeter ao crivo das urnas homens e mulheres
vocacionados para promover o bem comum — pessoas que têm os olhos e os
sentidos nas próximas gerações, não nas próximas eleições.
Ser honesto, no caso, é condição necessária, mas não suficiente.
Impõe-se ter projetos que estejam em sintonia com as expectativas e
necessidades do país e da população. Não só. Impõe-se comprometer-se com
a reforma política. A eleição sem limites de deputados e senadores,
além de antidemocrática por privilegiar quem tem mandato, dificulta a
renovação. É importante limitar as reconduções.
É importante, também, pôr fim à “reserva de mandato”. Deputado ou
senador que aceitar cargo no Executivo deve renunciar à representação.
Servir a dois senhores tem nome — falta de compromisso. Graças à melhora
da renda, à crescente democratização do voto e ao acesso à informação, a
sociedade está mais atenta e mais exigente. As manifestações que
sacudiram o país há um ano não deixam dúvida. O Brasil caminha a passos
largos da democracia representativa para a democracia de massa.
Caderno opinião do Correio Braziliense
fonte - blogdosombra
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