Publicado na coluna de Carlos Brickmann
CARLOS BRICKMANN
Não, não é questão de pesquisa: pela pesquisa, Dilma caiu, Aécio subiu, mas a presidente continua favoritíssima. A questão é outra: é o discreto afastamento de sua candidatura de políticos cujo faro, por questão de sobrevivência, é apurado. Eles sentem antes de todos quem vai nomear e demitir no próximo Governo.
Romero Jucá, que foi líder do Governo tanto de Fernando Henrique quanto de Lula, expoente da equipe de raposas predadoras do PMDB, já está na oposição – Aécio ou Eduardo, tanto faz, mas com quem estiver na frente. O PR, do mensaleiro preso Valdemar Costa Neto, decidiu romper com o Governo (sem, naturalmente, abandonar os cargos que ocupa). O líder da bancada, deputado Bernardo Santana, tirou o retrato de Dilma da parede e colocou o de Lula. Com Lula, diz, o PR marcha. Com Dilma, nem sonhar (a menos, claro, que ela exiba maior musculatura eleitoral). O PMDB apoia Dilma, mas importantes seções estaduais – como a do Rio – vão para a oposição. E o cacique-mor do PSD, Gilberto Kassab, comprometido com a reeleição, negocia em São Paulo com PSDB e PMDB, e liberou as seções estaduais para que apoiem quem quiserem para a Presidência.
O usineiro Maurílio Biagi entrou no PR com o compromisso de ser vice de Alexandre Padilha, candidato do PT ao Governo paulista. Já desistiu: disse que o agronegócio vai mal, que a culpa é de Dilma e que fará campanha para candidatos de oposição. A coisa pode mudar se o candidato for Lula (a colunista Joyce Pascowitch garante que Lula já decidiu disputar).
Mas, se isso demorar, desanda.
Gente é pra brilhar…
A sacada do lateral Daniel Alves, da Seleção brasileira, de comer a banana que um idiota atirou em campo, teve efeito-cascata instantâneo: despertou a opinião pública para a tragédia do racismo no futebol. É ótimo, mas tardio. No futebol brasileiro, por exemplo, o racismo é antigo e já foi bem mais explícito. O Palmeiras só contratou o primeiro jogador negro, o volante Og Moreira, em 1942, 28 anos após a fundação do clube (o segundo negro, Djalma Santos, viria em 1959, dez anos após a saída de Og Moreira). O time do Santos era conhecido como “Melindrosas”, por jogar todo de branco e não aceitar negros no elenco – justo o Santos, que teria Pelé, Coutinho e Edu! O Fluminense, fundado em 1902, contratou em 1914 um mulato, Carlos Alberto – e, para disfarçar, fez com que entrasse em campo coberto com pó-de-arroz. Valeu até que começasse a transpirar; o Flu ganhou o apelido que ostenta até hoje, “pó de arroz”. E a Seleção?
…não pra ser insultada
Depois que o Brasil perdeu para o Uruguai em 1950, no Maracanã, surgiu a lenda de que negro não tinha condições emocionais de aguentar a pressão de uma final. À Seleção, “faltava raça”. Em 1958, houve vários negros convocados, mas os brancos eram preferidos: De Sordi, grande jogador, pôs Djalma Santos, muito melhor, na reserva; Zózimo perdeu o posto para Orlando (que, aliás, jogou um bolão); o mulato Canhoteiro nem foi cogitado para a ponta-esquerda. Didi era titular, mas seu reserva Moacir também era negro. Pelé era Pelé. Djalma Santos jogou só a final, e foi considerado o melhor lateral do mundo. Pelé e Didi liquidaram o mito. Pelé – o Crioulo, o Negrão, o Craque-Café – era indiscutível.
Morreu ali, nos campos da Suécia, a discriminação no time campeão do mundo.
Paga quem deve
O Tribunal de Contas da União determinou que o senador Delcídio Amaral, do PT sul-mato-grossense, 12 diretores da Petrobras e a empresa Termoceará Ltda. devolvam R$ 14 milhões. Motivo: responsabilidade por contratos “expressivamente desfavoráveis à Petrobras”. Delcídio está citado juntamente com Nestor Cerveró, aquele que, segundo Dilma, apresentou parecer falho no caso Pasadena.
Tem mais samba
Fala-se do cartel do Metrô e dos trens urbanos, fala-se de pagamento de propina, mas algo que não pode ser esquecido está ficando de fora. Comenta-se que equipamentos auxiliares de estações, como escadas rolantes e elevadores, merecem investigações tanto nas licitações e nas compras quanto nas especificações.
Os sobrepreços, pelos padrões brasileiros, nem são tão grandes: uns 40%.
A turma lá de trás gritou
Existe gente que é capaz de atravessar a rua só para pisar numa casca de banana na outra calçada. O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que pretende ser candidato do PT ao Governo paulista, disse que vai à Justiça contra o deputado André Vargas, seu ex-companheiro de partido. Quer explicações sobre informações prestadas pelo deputado a respeito de sua interferência, como ministro, na nomeação de um executivo para o Laboratório Labogen, que pleiteava contratos com o Ministério.
É uma iniciativa perigosa: Vargas conhece bem os bastidores, é lutador, ousado, não tem o que perder. E adora ser deputado. Mesmo que escape de todos os problemas legais, odiaria voltar à planície. Nascer pobre, como nasceu, tudo bem. Mas ficar pobre de novo não passa por sua cabeça.
Nova luz
As lâmpadas comuns saíram de linha. A Osram lança sua alternativa às lâmpada eletrônicas: as de LED, modernas, de luz mais parecida com as tradicionais.
CARLOS BRICKMANN
Não, não é questão de pesquisa: pela pesquisa, Dilma caiu, Aécio subiu, mas a presidente continua favoritíssima. A questão é outra: é o discreto afastamento de sua candidatura de políticos cujo faro, por questão de sobrevivência, é apurado. Eles sentem antes de todos quem vai nomear e demitir no próximo Governo.
Romero Jucá, que foi líder do Governo tanto de Fernando Henrique quanto de Lula, expoente da equipe de raposas predadoras do PMDB, já está na oposição – Aécio ou Eduardo, tanto faz, mas com quem estiver na frente. O PR, do mensaleiro preso Valdemar Costa Neto, decidiu romper com o Governo (sem, naturalmente, abandonar os cargos que ocupa). O líder da bancada, deputado Bernardo Santana, tirou o retrato de Dilma da parede e colocou o de Lula. Com Lula, diz, o PR marcha. Com Dilma, nem sonhar (a menos, claro, que ela exiba maior musculatura eleitoral). O PMDB apoia Dilma, mas importantes seções estaduais – como a do Rio – vão para a oposição. E o cacique-mor do PSD, Gilberto Kassab, comprometido com a reeleição, negocia em São Paulo com PSDB e PMDB, e liberou as seções estaduais para que apoiem quem quiserem para a Presidência.
O usineiro Maurílio Biagi entrou no PR com o compromisso de ser vice de Alexandre Padilha, candidato do PT ao Governo paulista. Já desistiu: disse que o agronegócio vai mal, que a culpa é de Dilma e que fará campanha para candidatos de oposição. A coisa pode mudar se o candidato for Lula (a colunista Joyce Pascowitch garante que Lula já decidiu disputar).
Mas, se isso demorar, desanda.
Gente é pra brilhar…
A sacada do lateral Daniel Alves, da Seleção brasileira, de comer a banana que um idiota atirou em campo, teve efeito-cascata instantâneo: despertou a opinião pública para a tragédia do racismo no futebol. É ótimo, mas tardio. No futebol brasileiro, por exemplo, o racismo é antigo e já foi bem mais explícito. O Palmeiras só contratou o primeiro jogador negro, o volante Og Moreira, em 1942, 28 anos após a fundação do clube (o segundo negro, Djalma Santos, viria em 1959, dez anos após a saída de Og Moreira). O time do Santos era conhecido como “Melindrosas”, por jogar todo de branco e não aceitar negros no elenco – justo o Santos, que teria Pelé, Coutinho e Edu! O Fluminense, fundado em 1902, contratou em 1914 um mulato, Carlos Alberto – e, para disfarçar, fez com que entrasse em campo coberto com pó-de-arroz. Valeu até que começasse a transpirar; o Flu ganhou o apelido que ostenta até hoje, “pó de arroz”. E a Seleção?
…não pra ser insultada
Depois que o Brasil perdeu para o Uruguai em 1950, no Maracanã, surgiu a lenda de que negro não tinha condições emocionais de aguentar a pressão de uma final. À Seleção, “faltava raça”. Em 1958, houve vários negros convocados, mas os brancos eram preferidos: De Sordi, grande jogador, pôs Djalma Santos, muito melhor, na reserva; Zózimo perdeu o posto para Orlando (que, aliás, jogou um bolão); o mulato Canhoteiro nem foi cogitado para a ponta-esquerda. Didi era titular, mas seu reserva Moacir também era negro. Pelé era Pelé. Djalma Santos jogou só a final, e foi considerado o melhor lateral do mundo. Pelé e Didi liquidaram o mito. Pelé – o Crioulo, o Negrão, o Craque-Café – era indiscutível.
Morreu ali, nos campos da Suécia, a discriminação no time campeão do mundo.
Paga quem deve
O Tribunal de Contas da União determinou que o senador Delcídio Amaral, do PT sul-mato-grossense, 12 diretores da Petrobras e a empresa Termoceará Ltda. devolvam R$ 14 milhões. Motivo: responsabilidade por contratos “expressivamente desfavoráveis à Petrobras”. Delcídio está citado juntamente com Nestor Cerveró, aquele que, segundo Dilma, apresentou parecer falho no caso Pasadena.
Tem mais samba
Fala-se do cartel do Metrô e dos trens urbanos, fala-se de pagamento de propina, mas algo que não pode ser esquecido está ficando de fora. Comenta-se que equipamentos auxiliares de estações, como escadas rolantes e elevadores, merecem investigações tanto nas licitações e nas compras quanto nas especificações.
Os sobrepreços, pelos padrões brasileiros, nem são tão grandes: uns 40%.
A turma lá de trás gritou
Existe gente que é capaz de atravessar a rua só para pisar numa casca de banana na outra calçada. O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que pretende ser candidato do PT ao Governo paulista, disse que vai à Justiça contra o deputado André Vargas, seu ex-companheiro de partido. Quer explicações sobre informações prestadas pelo deputado a respeito de sua interferência, como ministro, na nomeação de um executivo para o Laboratório Labogen, que pleiteava contratos com o Ministério.
É uma iniciativa perigosa: Vargas conhece bem os bastidores, é lutador, ousado, não tem o que perder. E adora ser deputado. Mesmo que escape de todos os problemas legais, odiaria voltar à planície. Nascer pobre, como nasceu, tudo bem. Mas ficar pobre de novo não passa por sua cabeça.
Nova luz
As lâmpadas comuns saíram de linha. A Osram lança sua alternativa às lâmpada eletrônicas: as de LED, modernas, de luz mais parecida com as tradicionais.
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